16 dez, 2020

Por Frederico Müller

Você conhece a crioterapia usada para evitar a queda de cabelo no tratamento de câncer?

A alopecia (queda parcial ou total dos cabelos) induzida pela quimioterapia é um dos efeitos colaterais mais indesejados pelos pacientes com câncer, principalmente as mulheres. Apesar de não colocar em risco a saúde do paciente, a alopecia pode causar diferentes graus de desconforto como diminuição da autoestima, depressão e estigmatização perante a sociedade.

Esse efeito indesejado pode ser provocado por várias drogas quimioterápicas, em diferentes graus de severidade e usualmente dependente do tipo da droga, da dose, modo como é administrada e a combinação entre medicamentos.

O resfriamento do couro cabeludo na tentativa de prevenir a alopecia tem sido utilizado desde a década de 70 através de diversas técnicas. A teoria é que quando reduzimos a temperatura do couro cabeludo a baixos níveis por um período prolongado antes, durante e após a infusão da quimioterapia ocorre uma redução da chegada de sangue e consequentemente de quimioterapia no couro cabeludo aliado à uma redução do metabolismo dos folículos pilosos, reduzindo assim a queda de cabelo.

Atualmente dispomos de equipamentos modernos para a realização da técnica de crioterapia (sistema de resfriamento) em couro cabeludo. O objetivo é prevenir a alopecia causada pelo tratamento quimioterápico, reduzindo assim a necessidade do uso de prótese capilar (peruca) ou lenço pelos pacientes. A taxa de sucesso (medida basicamente pela redução da alopecia) é variável e depende do esquema quimioterápico utilizado e da resposta de cada paciente, porém varia em torno de 49% a 100% dos casos. Normalmente é bem tolerado, porém algumas pessoas podem se queixar de cefaléia, tontura e sensação de frio.

Nem todo paciente em tratamento quimioterápico deve ou pode ser submetido a esse procedimento. Como toda técnica existem indicações e contraindicações (ex.: pacientes com metástase cutânea no couro cabeludo) para sua utilização. O importante é saber que existe essa opção com intuito de amenizar o impacto psicológico e melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes. Não deixe de perguntar ao seu médico sobre essa possibilidade.

Espero que essas informações sejam úteis e fico à disposição para responder sua pergunta.