21 dez, 2020

Por Angela Vega

O futuro a Deus pertence? A importância de ter uma direção

“Como será o amanhã? Responda quem puder. O que irá me acontecer? O meu destino será como Deus quiser” (Samba da União da Ilha do Governador em 1978, de autoria de João Sérgio)

Nesse momento, podemos sentir a pressão causada pelas indefinições e incertezas que estão presentes em relação ao futuro. Quando voltaremos aos nossos locais de trabalho? Voltaremos? Quando poderemos andar livres pela cidade? Quando poderemos voltar a frequentar os museus, os parques, os espaços públicos, com certa tranquilidade? Quando poderemos voltar a andar nos transportes, sem a tensão própria de quem está preocupado em contaminar-se?

É normal nos sentirmos em choque ou em negação por conta da situação e somente com o mergulho para dentro, poderemos chegar a um novo começo. Ter uma direção, um projeto para o futuro, pode nos fazer seguir em frente. Alguns pensadores já nos alertaram sobre a importância disso… O filósofo Sêneca afirmou que, se não soubermos para que porto nos dirigimos, nenhum vento nos será favorável. Ficaremos à mercê das circunstâncias.

O escritor Lewis Caroll também nos trouxe essa reflexão quando, em determinado momento, colocou sua Alice (no País das Maravilhas) frente ao Gato, perguntando qual dos caminhos ela deveria escolher. O Gato então responde, perguntando para onde ela queria ir, e como ela disse que não sabia, a resposta foi a seguinte: se você não sabe, não importa que caminho tome.

Por isso, precisamos conscientemente tomar as rédeas de nosso destino, usando nossas mãos (e a mente e o coração) para direcionar nossas ações e realizarmos os planos que nos levarão ao futuro que queremos construir.

Um pouco de determinação, uma pitada de sorte, a sincronicidade presente, além de muita transpiração e poderemos receber os louros da chegada. É prazeroso poder olhar para trás e ver que conseguimos avançar na direção dos nossos sonhos…

Posso sugerir um exercício de visualização. Imagine-se no futuro desejado, daqui a 5 ou 10 anos, e escreva uma carta para você mesmo no presente. Conte tudo o que aconteceu, no período decorrido entre o futuro e o presente. Quanto mais detalhes, melhor. A carta servirá como inspiração, e você poderá aprender do futuro que surge, criando caminhos e possibilidades.

Finalizo com a recomendação da poeta Clarice Lispector… “Mude, mas mude devagar porque a direção é mais importante do que a velocidade.”

 

Referências bibliográficas:

SENECA, L. A. Ad Lucilium Epistulae Morales. London: William Heinemann Ltd., 1917

Lewis Caroll. Alice no País das Maravilhas. Ed. Zahar

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