21 dez, 2020

Por Angela Vega

Quem dirige sua vida? Revendo hábitos, crenças e costumes

Há algum tempo, lendo a introdução do livro O Futuro da Administração, me deparei com o autor, Gary Hamel, perguntando quem nós achávamos que comandava as empresas. Seria a Diretoria? O Presidente? O Conselho de administração? Não, dizia ele. As empresas estavam sendo dirigidas pelos fantasmas da administração. Quais? Os criadores da maior parte das ferramentas e técnicas de gestão, no século XIX: Frederick Taylor, Jules Fayol, Max Weber, Abraham Maslow, entre outros. Mesmo com o passar do tempo, os modelos criados continuavam habitando as mentes dos executivos e sendo colocados em prática, por exemplo, o tradicional método comando-e-controle. E os velhos pensadores se mantinham presentes.

Podemos fazer uma analogia com a nossa vida. A resposta à pergunta “quem dirige sua vida hoje?” poderia ser “eu mesmo”. Da mesma forma do que acontece com as empresas, nós também recebemos um conjunto de “hábitos, normas e crenças” que formam o que podemos chamar de nosso modelo mental. O modelo mental é como uma lente a partir da qual enxergamos e vivenciamos o mundo.

Segundo os conhecimentos da biografia humana e as leis biográficas, que consideram a vida dividida em setênios (períodos de 7 anos), no segundo setênio (de 7 a 14 anos) recebemos da família e da sociedade (escola) em que vivemos, os hábitos, as normas, as crenças e os costumes que começam então a moldar nosso comportamento. Se não tomamos consciência, continuamos sendo dirigidos por eles até hoje.

E o que fazer a respeito? Recomendo os 4 passos descritos a seguir: reconhecer, identificar, analisar/avaliar e reforçar/mudar. O primeiro passo consiste em reconhecer a influência que sofremos ao receber hábitos, normas, costumes e crenças, porque podemos ter a impressão de que eles foram “escolhidos” por nós mesmos. O segundo passo é identificá-los e para isso, podemos observar as frases feitas e ditados populares que às vezes usamos, como por exemplo, “dinheiro não cresce em árvores”; “homem não chora”; “o boi só engorda com o olho do dono”; “precisa comer tudo, porque tem gente passando fome”, “não confie em estranhos”; e outros que você pode encontrar. Faça uma lista e então, siga para o terceiro passo que será analisar e avaliar. Verifique se os hábitos ainda servem, avalie se os costumes e as crenças continuam válidos e se contribuem para o seu propósito e seus objetivos de vida. Observe se as crenças te libertam ou te aprisionam. E, finalmente, o quarto passo será reforçar aqueles que ainda são adequados, e descartar ou mudar aqueles que estavam ali, simplesmente porque não tínhamos dedicado atenção a eles e, por isso, continuavam dominando nossos comportamentos e nossas decisões.

E você, já parou para rever seus hábitos, crenças e costumes?

 

Referências bibliográficas:

O Futuro da Administração. Gary Hamel. Elsevier Editora.

Harmonia e Saúde – A Biografia Humana. Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.

Biografia e Doença. Angélica Alves Justo e Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.

Imagem:

Rama Krishna Karumanchi from Pixabay