
07 fev, 2025
Por Gilberto Ururahy
“Epidemia” de câncer de colorretal: razão pode estar nos ultraprocessados
Um dos temas em Medicina que mais tem intrigado pesquisados nos últimos tempos é
o recente crescimento do câncer colorretal em pacientes com menos de 50 anos. Agora,
um novo estudo publicado na Gut Magazine, publicação associada à respeitada British
Medical Journal, destinada a temas de gastroenterologia e hepatologia, oferece
algumas pistas para elucidar o assunto. Cientistas da University of South Florida
concluíram que gorduras específicas presentes em alimentos ultraprocessados
aumentam a inflamação associada ao desenvolvimento desse tipo de tumor.
De acordo com os pesquisadores, essa inflamação pode ser identificada nos próprios
tumores do cólon e o câncer, no caso, seria como como uma ferida crônica, que não
cicatriza. Pacientes com dietas não saudáveis têm aumento de inflamação no corpo e,
portanto, quando o organismo se alimenta frequentemente de alimentos
ultraprocessados, a capacidade de curar essa ferida diminui devido à inflamação e ao
prejuízo ao sistema imunológico, o que vira um terreno fértil para que o câncer avance.
No estudo americano, pesquisadores usaram uma técnica analítica altamente sensível
para identificar pequenas quantidades de lipídios em 162 amostras de tumores de
pacientes de um hospital na Flórida.
A equipe observou que, dentro dos tumores, havia um excesso de moléculas derivadas
de ácidos graxos ômega 6, que promovem a inflamação, e uma escassez daquelas que
ajudam a combater esse processo, contidas nas fontes de ômega 3. O que pouca gente
sabe é que gorduras do tipo ômega 6 estão diretamente ligadas a produtos
ultraprocessados, ricos em óleos de sementes como milho, canola e girassol. Porém, o
trabalho não fez nenhuma associação direta entre o surgimento do câncer a um óleo
específico.
Pesquisadores ressaltaram que há uma diferença essencial entre gorduras presentes
naturalmente nos alimentos e aquelas procedentes de alimentos ultraprocessados. O
corpo humano é capacitado para dar conta de inflamações por meio de compostos
lipídicos bioativos derivado de gorduras saudáveis, como abacates e castanhas. Se a
origem das moléculas é produtos alimentícios processados, há um desequilíbrio do
sistema imunológico e potencializam a inflamação crônica.
Segundo os cientistas, uma das causas do crescimento do número de casos de câncer é
justamente as significativas mudanças na maneira como as populações passaram a se
alimentar desde das últimas décadas. Desde os anos 1950, os níveis dos lipídios ômega
6 – mais inflamatório – no corpo humano aumentaram significativamente. Uma das
causas mais prováveis são as mudanças na dieta, especialmente no Ocidente, incluindo
o consumo de ultraprocessados, como hamburguer, biscoitos e refrigerantes, por
exemplo.
Os pesquisadores fizeram questão de ressaltar no estudo que o sistema imunológico do
ser humano pode ser extremamente poderoso e impactar drasticamente o
microambiente do tumor, o que é ótimo se utilizado corretamente para a saúde e o bemestar. No entanto, isso só acontecerá se ele lipídios inflamatórios de alimentos
processados forem banidos dos cardápios, priorizando alimentos saudáveis e não
processados, ricos em ácidos graxos ômega 3.
Além da alimentação saudável, os cientistas definiram como “mecanismos de cura do
corpo”, outros fatores que defendemos reiteradamente com nossos clientes: noites de
sono equilibrado, prática de exercícios físicos, distância do tabagismo e de bebidas
alcoólicas e, claro, realização de exames preventivos periódicos.
Saúde é prevenção!