14 fev, 2025

Por Gilberto Ururahy

Estamos vivendo mais. Mas será que estamos vivendo melhor?

Embora homens e mulheres estejam vivendo mais, a expectativa de vida com saúde
não está aumentando na mesma proporção. Quem chamou a atenção para esse fato foi o
jornal Le Monde em recente matéria. De acordo com um estudo publicado em
dezembro no Journal of the American Medical Association, nos últimos 20 anos a
expectativa de vida (72,5 anos) excedeu a expectativa de vida com saúde (63,3 anos)
em 9,6 anos em 183 países ao redor do mundo. Uma tendência mais forte entre as
mulheres do que entre os homens, com uma diferença maior de 2,4 anos entre
participantes do sexo masculino, especialmente por conta de doenças crônicas.

A principal conclusão, portanto, é que o salto em direção à longevidade foi alcançado
sem um aumento equivalente na expectativa de vida livre de doenças, destacou o jornal
francês. Essa lacuna reflete uma melhor sobrevivência a doenças agudas, o que se
traduz em mais pessoas com doenças crônicas. Um paradoxo que é consequência
involuntária da melhora com os cuidados na saúde. Ou seja: vive-se mais, mas não
necessariamente vive-se melhor.

Entre os 183 países membros da OMS estudados, um em particular se destaca: os
Estados Unidos, onde a diferença média entre a esperança de vida e a de uma pessoa
com boa saúde aumentou de 10,9 para 12,4 anos nos últimos dois anos. Nas últimas
décadas, uma diferença de 29% superior à média mundial.

Enquanto a expectativa de vida aumentou de 79,2 para 80,7 anos para as mulheres e de
74,1 para 76,3 anos para os homens durante esse período, a expectativa de vida
gozando de boa saúde permaneceu inalterada nas mulheres e aumentou apenas 0,6 anos
nos homens. Os pesquisadores acreditam que as razões para isso são obesidade,
transtornos mentais, uso abusivo de substâncias, bem como distúrbios ou lesões nos
músculos, nervos, articulações e cartilagens, por exemplo.

Na França, onde a expectativa de vida é estável há anos em um patamar bastante
elevado (85,6 anos para as mulheres e 80 anos para os homens), a diferença entre a
expectativa de vida e a expectativa de vida com saúde é de 10,38 anos.

O cálculo é feito com base em dados da OMS a partir do cruzamento de informações
coletadas em cada país sobre a prevalência de doenças, que são então ponderados de
acordo com a estatísticas acerca de doenças. Este indicador permite comparações entre
países, apesar de algumas limitações.

É por isso que, na França, os pesquisadores privilegiam outro indicador: a expectativa
de vida com boa saúde. Ela se baseia em pesquisas sobre saúde, nas quais os
entrevistados são questionados diretamente se suas atividades foram limitadas por pelo
menos seis meses devido a alguma doença.

Por aqui, no Brasil, a expectativa de vida atualmente é de 76,4 anos, de acordo dados
de 2023. Se considerarmos que em 1945 este número era de 45 anos, houve um avanço
significativo. O país possui mais de 37 mil pessoas com idade superior a 100 anos.
Viveremos cada vez mais. A missão, portanto, deve ser ter um estilo de vida saudável
para viver cada vez melhor, com grau de autonomia proporcional à idade.

Saúde é prevenção!

Imagem: (Freepik/Reprodução)