18 dez, 2020

Por Angela Vega

“A empatia nossa de cada dia”

A palavra empatia passou a frequentar as páginas de revistas e as bocas de muitos palestrantes. A minha inclusive. A revista Época Negócios de fevereiro de 2018, sobre Educação Executiva, afirmava que os líderes do futuro serão treinados em soft skills (habilidades pessoais e interpessoais) em contraposição às hard skills (habilidades e conhecimentos técnicos). E a empatia é uma dessas soft skills. Soube de uma empresa que fez a seleção final baseada na empatia. A capacidade técnica dos candidatos era equivalente e o que os diferenciou foi a capacidade de empatia.

O conhecido jornal Financial Times publicou uma matéria sobre trocar o treinamento em ética por empatia. A ética trata do bem comum e a empatia estabelece a conexão pessoa a pessoa.

Marshall Rosenberg, criador da CNV (Comunicação Não-violenta) diz que “empatia é a compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo”.

E compreender não pressupõe aceitar ou rejeitar. O olhar empático implica em suspender o julgamento e buscar entender que o outro teve suas razões (sua história, suas crenças, sentimentos etc.) para ter tido aquele comportamento ou atitude, para ter dito o que disse.

Empatia não é simpatia ou antipatia… Qualquer desses dois implica em escolher uma posição a favor ou contra. Empatia implica em aceitar que o outro é diferente de nós.

Em um vídeo delicado e direto, Brené Brown explica o que é empatia. Começa dizendo que, enquanto a empatia atrai a conexão, a simpatia a afasta. Para estabelecer uma conexão com o outro, precisamos estar conectados primeiro com nós mesmos. Perceber nossos sentimentos, nossas necessidades.

Empatia fala de vulnerabilidade… De não ter todas as respostas.

O filósofo social Roman Krznaric idealizou o Museu da Empatia, em Londres. Uma grande caixa de sapato e dentro dela você pode escolher e calçar um par de sapatos, ao mesmo tempo em que ouve um áudio com a pessoa, dona do sapato, contando uma parte de sua história. É possível concretamente calçar o sapato do outro. Uma vivência profunda que pude experimentar quando o Museu esteve no Ibirapuera em 2017.

Empatia não é educar a outra pessoa, nem competir pelo sofrimento, nem consolar. Dizer ao outro o que fazer, é assumir que as suas ideias são melhores e que você possui as respostas.

Empatia é poder dizer ao outro que você está ao seu lado, independente se concorda ou não com as razões dele. Cada indivíduo é único.

Como exercitar a empatia? O primeiro passo é ouvir atentamente o outro e para isso, precisamos estar presentes; de corpo, alma e espírito. No aqui e agora, não no ontem ou no amanhã. E, esse ouvir precisa ser qualificado… Gostei muito da inversão feita pelo autor Paulo Coelho na frase “as paredes tem ouvidos”. A versão atual, segundo ele, seria “os ouvidos tem paredes”. Quando estivermos com outras pessoas, vamos lembrar de suspender as paredes para poder ouvir os pensamentos, sentimentos e necessidades do outro.

Exercitando a empatia, desenvolveremos a possibilidade de expandir nossa visão de mundo para incluir as visões de outras pessoas; e lapidaremos nossa convivência em sociedade.

E você, qual insight surgiu pela leitura? Como pretende exercitar a empatia?

 

Fontes:

Livro: Comunicação não-violenta – Marshall Rosenberg – Ed. Ágora

Site Center for Nonviolent Communication: https://www.cnvc.org/

Vídeo “O poder da empatia”: https://www.youtube.com/watch?v=4pADHGRNgbI