17 dez, 2020

Por Dora Gurfinkel Haratz

Dia Internacional da Mulher: uma Reflexão!

Dia 8 de março. O que nós mulheres temos a lembrar, a celebrar?

Certamente muito. Avanços contínuos e incessantes em termos de inclusão, em todas as áreas das atividades humanas, sempre em movimento… (alguns dizem que desde a Revolução Francesa/Iluminismo.)

Mudamos e somos mudados cotidianamente quando na relação com nossos pares e com o ambiente que nos cerca. Não estagnarmos é de fato uma meta. Isto vale para todos.

Pessoalmente não sou afeita às comemorações deste dia. É que me dá uma sensação de “coisificação” … penso: tanto foi feito para não mais ocuparmos esse lugar, não é?  Mas se é para celebrarmos a vida e suas mudanças, contem comigo. Sempre.

E aqui estamos: mulheres, parceiras, empresárias, mães, presidentes, amigas, funcionárias, avós, sonhadoras, donas de casa… enfim: donas de nossos narizes, na medida do possível, naturalmente.

Adoramos estar com outros, de  acrescentarmos valor por onde passamos.  Mas isto não nos define.

LIBERDADE, esta me parece ser a palavra com a qual mais nos identificamos hoje.

Psicanalista que sou, convido meus mestres…

Freud já no final de sua vida teria confidenciado à sua amiga e discípula Marie Bonaparte:

“A questão que nunca foi respondida e que eu ainda não tenho sido capaz de responder, apesar de meus trinta anos de pesquisa sobre a alma feminina é: o que quer uma mulher?”

À esta reflexão, Lacan acrescenta  sua polêmica e deliciosa  afirmação/ provocação: “A mulher não existe”… Isto tudo para nos dizer  o que, me parece, Freud já teria indicado de certa forma:

O conceito de “A” mulher de fato não existe, porque nós mulheres  temos a capacidade de sermos uma a uma, de dispensarmos o coletivo que nos aprisiona quando nos define e nos reduz. Não queremos, nem precisamos ser,  representantes de nossa “Condição”. Vamos sendo…

Para mim o que temos realmente  a celebrar neste dia é a liberdade conquistada de podermos ser uma, dentre tantas mulheres. Tão somente uma. E a de sermos ouvidas a partir de nossas individualidades, de nossas experiências, de nossas falas e da expressão do que queremos como indivíduos, em nossas radicais diferenças, sem necessitarmos de padrões pré-fixados que nos digam o que queremos ou devemos ser!

Demos luz à diversidade! Precisa dizer mais?

Neste dia então, proponho que celebremos o maravilhoso fato de podermos ser cotidianamente “esta metamorfose ambulante”…”

CHEERS

Dora Gurfinkel Haratz é psicanalista e terapeuta de família e casal.