20 dez, 2020

Por Angela Vega

Jornada Biográfica: autoconhecimento

“A biografia é uma sinfonia que cada indivíduo compõe.”

                                                                 (Bernard Lievegoed)

Vários caminhos podem nos levar ao autoconhecimento e um deles é o aprofundamento em nossa biografia, conhecendo seus ciclos, seus ritmos e suas curvas de desenvolvimento. A partir deles, olhar para si e identificar os fatos e sentimentos que aconteceram nas várias fases da sua vida.

Esse conhecimento estruturado das leis biográficas e suas correlações foi sistematizado e desenhado por Rudolf Steiner, filósofo e pensador austríaco, que viveu de 1861 a 1925. A visão da vida em ciclos de sete anos (setênios) trazida por Steiner em suas palestras já estava presente na Grécia Antiga quando Sólon, legislador, estadista e poeta grego, em aproximadamente 550 a.C., escreveu o seguinte poema:

“Quando, no sétimo ano de vida, o menino se desfaz do primeiro ciclo dentário, ele é ainda bem imaturo, mal tem o domínio da fala.

Se, no entanto, Deus o aperfeiçoar por mais sete anos, já aparecerão sinais de que agora a juventude está amadurecendo.

Brota-lhe a barba no terceiro setênio, e a pele a desabrochar acentua seu matiz; seu corpo estica-se cheio de força.

Porém a força do homem desenvolve-se ao máximo somente agora, no quarto setênio. O homem realiza façanhas.

No quinto setênio o homem procura casar-se, para que no futuro cresça uma geração próspera.

Depois, no sexto, a atitude moral do homem amadurece e se fortalece; futuramente, ele não quererá mais ocupar-se com obra fútil.

Por catorze anos, no sétimo e no oitavo setênios, prosperam sua fala e seu espírito com abundância e força.

No nono também ainda floresce alguma coisa, mas da altura da coragem varonil emana dele a sabedoria e a palavra.

Se Deus, porém, completar o fim do décimo setênio, a morte lhe ocorrerá num tempo bem propício.”

Bernard Lievegoed (1905 – 1992), médico e psiquiatra, holandês, estudou várias abordagens que tratavam de entender a vida humana, classificando-a por fases ou ciclos. Com base na visão antroposófica (Antroposofia, sabedoria do homem), Lievegoed sistematizou e organizou as fases da vida em setênios. Essa visão começa no nascimento e vai até os 63 anos, o que não quer dizer que a vida acabe nessa idade. Considera-se que aos 63 temos a liberdade de fazer uma doação para o mundo por estarmos livres do aprendizado previsto para a fase de 0 a 63 anos.

Podemos visualizar 3 grandes ciclos: 0 a 21 anos; 21 a 42 anos e 42 a 63 anos. Como já dizia a sabedoria chinesa: trinta anos para aprender; trinta anos para lutar e trinta anos para tornar-se sábio. Outra imagem que podemos usar para entender esses ciclos é a das estações do ano: primavera (0 a 21 anos); verão (21 a 42 anos); outono (42 a 63 anos) e inverno (63 anos em diante). Cada fase tem sua tônica específica. No ciclo de 0 a 21 anos, estamos na fase da educação receptiva em que aprendemos na escola, na família e na sociedade. Somos como esponjas. Na fase seguinte, 21 a 42 anos, somos responsáveis por buscar nossas fontes de educação para que possamos trabalhar nosso autodesenvolvimento na fase seguinte dos 42 aos 63 anos, em busca de nos tornarmos sábios.

E você, como viveu essas fases na sua vida?

 

Referências:

Fases da Vida – Crises e Desenvolvimento da Individualidade. Bernard Lievegoed. Ed. Antroposófica.

Livres na Terceira Idade! – Leis Biográficas Após os 63 Anos. Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.

Harmonia e Saúde – A Biografia Humana. Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.

Imagem: Jonny Lindner / Pixabay