17 dez, 2020

Por Angela Vega

Novos Hábitos ou Velhos Hábitos

Como coach e consultora em mudança organizacional, tenho interesse no comportamento humano. Comportamentos são a face visível das mudanças, sejam pessoais ou organizacionais.

Faz 2 semanas, em uma visita a uma livraria, me encontrei com um livro. Pura serendipidade (serendipity, em inglês, que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso). Eu estava sentada, tinha acabado de folhear os livros apanhados nas estantes e, decidi esticar a mão para trás e apanhar o livro que estava na banca, às minhas costas. Grata surpresa: “Melhor do que Antes – O que aprendi sobre criar e abandonar hábitos”, de Gretchen Rubin. Ao ver que um dos comentários ao livro vinha de Charles Duhigg, de “O poder do hábito”, que eu li e adorei, fiquei curiosa. Uma folheada e a compra foi inevitável. E mergulhei nele por 5 dias.

Gretchen inicia seu livro dizendo que “os hábitos são a arquitetura invisível do nosso dia a dia” e que por isso “se mudamos nossos hábitos, mudamos nossas vidas”. E o livro trata exatamente de como podemos mudar nossos hábitos.

Eu pensei logo em fazer um inventário de hábitos. Os hábitos que eu tenho e gosto, os hábitos que tenho e não gosto e os hábitos que quero adquirir.
No livro, ela define hábito como “um comportamento recorrente, marcado por um contexto específico, que frequentemente acontece sem muita consciência ou voluntariedade e é adquirido por meio de repetição reiterada. ” E o bom dos hábitos é a liberação da nossa capacidade mental para outras atividades, já que os hábitos são realizados “sem pensar”.

Logo no começo, reforçando a importância do autoconhecimento, Gretchen criou uma classificação em 4 tendências, dependentes de como você reage às expectativas internas e externas. Dessa definição, dependem as estratégias e a forma de adquirir novos hábitos. Qual é a sua? Eu percebi que sou sustentadora.

Sustentadores – respondem às expectativas externas e internas

Questionadores – resistem às expectativas externas e respondem às expectativas internas

Condescendentes – respondem às expectativas externas e resistem às expectativas internas

Rebeldes – resistem às expectativas externas e internas.

Durante o livro, são apresentadas várias estratégias para mudar e incorporar hábitos, e eu fui me identificando com algumas delas e pensando em como incorporar outras.

O livro é um misto de experiência pessoal, vivências de outras pessoas, pesquisas na literatura e grandes sacadas.

A citação de frases de autores famosos é um ponto alto, como a que ilustra a estratégia da Abstenção. Ao ser convidado a tomar um pouco de vinho, Samuel Johnson (ensaísta do século XVIII) responde: “Não consigo beber um pouco, meu filho; portanto, nunca toco no vinho. A abstinência é tão fácil para mim quanto a moderação seria difícil. ” E, uma tirada que considerei genial, “uma forma de me privar sem criar um sentimento de privação é me privar totalmente”. Sem julgamento, puro pragmatismo.

No capítulo que trata da melhor hora para começar, ela apresenta a estratégia chamada Iluminação. Lembrei então que o livro “A Dieta do Yin e do Yang”, do médico João Curvo, teve esse efeito em mim. Percebendo que eu era Yang e que a carne vermelha, classificada como Yang, reforçava esta qualidade em mim, decidi deixar de comê-la. Não me tornei vegetariana total e filosoficamente. Posso dizer que minha vida ficou mais tranquila. E, por muito tempo, fiquei sem comer carne vermelha. Ainda hoje não é minha primeira escolha.

Certamente, a decisão e os primeiros passos para a aquisição de novos hábitos nos exigem escolhas e, as estratégias apresentadas no livro “Melhor do que Antes”, podem nos ajudar a sermos bem-sucedidos.

Referências:
Página da Gretchen Rubin (em inglês) – http://gretchenrubin.com/
Extrato do livro (em português) – http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/88152.pdf