06 dez, 2021

Por Gilberto Ururahy

Pandemia, emoções e comportamento

A pandemia do coronavírus foi uma das mais agressivas e radicais mudanças de rumo da história recente do ser humano. De repente, todos se viram trancados em casa, com restrições impositivas à vida rotineira. A velocidade dos fatos não possibilitou sequer um período de adaptação. Resultado: intenso estresse como reação natural do corpo.

Sabemos que o estresse, por meio dos hormônios adrenalina e cortisol, é o combustível que alimenta o estilo de vida pouco saudável. Diante de um quadro de estresse, ocorre o medo e as incertezas. É a combinação perfeita para que o emocional entre em ebulição. Isoladas em casa, as pessoas viram vários de seus hábitos mudarem repentinamente: sedentarismo, insônia, ganho de peso corporal, queda na qualidade da alimentação, usa abusivo de bebida alcoólica.

Segundo Darwin, as seis emoções comuns à toda Humanidade, independente da nacionalidade ou cultura, são: a tristeza, o medo, a surpresa, o desgosto, a raiva e a alegria. Por muito meses, a população ficou refém, exclusivamente, das cinco primeiras. E o que fizeram as empresas, na tentativa de manter a normalidade de funcionamento? Desenvolveu com seus colaboradores o home office. Assim como todos os demais aspectos da vida, o trabalho à distancia aconteceu de forma súbita e impositiva, sem preparo ou adaptação para tal desafio.

Os impactos são diversos e facilmente identificáveis: fragilidade da saúde mental, pânico e ansiedade, depressão, queda na motivação, dificuldade de concentração, falta de supervisão de um líder ou mentor, dificuldade de implementar a cultura da corporação remotamente, especialmente entre os mais jovens. Passamos o dia tentando sanar questões que seriam resolvidas rapidamente de forma presencial. Atravessamos um tempo em que a casa virou o centro de todas as atividades cotidianas. Para além de todos os desafios impostos, estamos todos sobrecarregados com o home office. Não é uma situação confortável para nenhuma das partes: se por um lado os funcionários estão com a saúde fragilizada, na outra ponta estão as empresas, que se verão obrigadas a arcar com gigantescas ações trabalhistas.

Ainda não estamos vivendo dentro da normalidade. Muitas empresas ainda estão receosas em retomar suas atividades presenciais como na época anterior à pandemia. Sabe-se que há pela frente um longo caminho de preparação para essa nova realidade, pelo bem das empresas e da saúde dos próprios colaboradores.