21 dez, 2020
Por Gilda Palhares
A Sessão vai Começar: Milagre na Cela 7 e O menino que descobriu o vento
Desde que iniciei a coluna “A Sessão Vai Começar”, o foco era trazer mensalmente um filme que tivesse em cartaz e correlacionar com alguma questão comportamental e o trabalho que desenvolvemos. Com o atual isolamento social passei a viver o mundo da Netflix. Iniciei por filmes que lideravam o catálogo e também pelos que os amigos indicavam. Isso me levou à escolha de dois filmes para esta sessão: o Milagre na Cela 7 e O Menino que Descobriu o Vento.
O enredo do primeiro filme gira em torno de Memo, pai que tem uma deficiência cognitiva e vive num vilarejo na Turquia com sua filha, Ova, e sua avó. Em um incidente, é injustamente condenado pela morte da filha de um comandante do exército e sentenciado à morte. Durante o período na cadeia, a maior necessidade do protagonista é estar ao lado da filha. Seus companheiros de cela inicialmente o recebem com ódio, mas como o passar do tempo se convencem de sua inocência e se mobilizam para salvar a vida de Memo.
O Menino que Descobriu o Vento é baseado na história real do malawiano William Kamkwamba. Uma forte seca toma conta da região em que ele mora e, com isso, nenhuma plantação consegue se desenvolver, trazendo um ciclo de fome para toda aldeia. Inconformado com as dificuldades enfrentadas por todos e com uma curiosidade aguçada, se apaixona por livros de ciência e aprende sobre o funcionamento de motores e eletricidade, descobrindo assim uma forma de geração energia para bombear a água do poço da aldeia e então irrigar a plantação.
Em ambos os filmes, verifiquei um assunto comum: a compaixão.
Em julho de 2016, trouxe esse tema com o filme “Mulher Maravilha” e mais recentemente também com o texto traduzido “Como se Comunicar com Compaixão durante a crise do COVID-19”.
Na primeira abordagem fiz uma distinção entre empatia e compaixão e agora também pontuarei outros fatores relacionados aos dois.
Na empatia, de acordo com estudos científicos, o cérebro registra numa determinada área a dor que o outro sente. Na compaixão, o componente de tentar aliviar o sofrimento do outro ocorre em outra área do cérebro, formando um caminho de “recompensa” associado à afiliação e às emoções positivas. Pode-se dizer que na empatia sentimos dor e na compaixão a cura.
É necessário ressaltar que ter compaixão não é simplesmente ser gentil com o outro, mas sim demonstrar que estamos juntos para achar a melhor forma de resolver o problema. É sobre inclusão e encontrar soluções criativas. Um trabalho em conjunto para alavancar pontos fortes e se desenvolver.
Também na época (2016), mencionei um fato importante ao falar de compaixão. Ela não é algo com que nascemos, mas está ao alcance de todas as pessoas e pode ser aprendida e reforçada através de exercícios e práticas direcionadas.
No âmbito do ambiente profissional lembrei do livro “O Amor é a Melhor Estratégia – Uma Nova Visão do Sucesso e da Realização Profissional” de Tim Sanders. O autor é palestrante, ex-diretor de Soluções de Negócios do Yahoo e autor de outros best-sellers. No livro, ele apresenta um capítulo só sobre a compaixão e faz a seguinte pergunta: por que devemos mostrar compaixão no ambiente de trabalho?
Segundo Sanders, a compaixão nos permite conviver melhor com nossos colegas de profissão. Ela cria compromisso – o que nos ajuda a ampliar nosso conhecimento. Acrescente que devemos ter em mente que mostrar compaixão é um processo no qual oferecemos sempre o que temos de melhor.
Retornando aos dois filmes acima, caso você já tenha visto ou não, essa poderosa emoção é identificada nas atitudes dos prisioneiros e dos guardas em o Milagre da Cela 7, e no filme O Menino que Descobriu o Vento por meio da persistência de William para uma solução para a questão da seca nas plantações.
Finalizo nossa sessão com a seguinte citação de Martin Luther King: “A pergunta mais urgente e persistente que devemos fazer é: o que estamos fazendo pelo outro? ”
Até a próxima sessão.