21 dez, 2020
Por Beth Accurso
Jornada de trabalho flexível aumenta produtividade em 85%, diz estudo
A flexibilização é uma estratégia que pode ser usada pelas empresas que querem reter talentos.
A flexibilidade na jornada de trabalho é encarada como fator determinante pela maioria dos candidatos que buscam uma vaga.
De acordo com um estudo feito pelo International Workplace Group (IWG), 83% dos mais de 15 mil entrevistados acreditam que este é um benefício decisivo para a permanência dos colaboradores em uma empresa.
Segundo o estudo, os colaboradores percebem que o trabalho remoto é cada vez mais possível graças ao desenvolvimento da tecnologia e por economizar tempo. Ainda de acordo com a pesquisa 85% dos entrevistados se dizem mais produtivos em uma rotina flexível.
Bruno Rodrigues, CEO da Gogood, empresa de saúde corporativa, afirma que a relação entre flexibilidade, produtividade e engajamento se dá por meio de uma cultura corporativa de confiança. “Quando o gestor acredita no seu time e entrega a responsabilidade pela execução das tarefas nas mãos da equipe, sem transferir sua responsabilidade própria de coordenação, ele gera suporte para que o profissional se sinta empoderado para crescer”, conta Bruno.
“Um colaborador empoderado reconhece suas responsabilidades e sabe que, mesmo com a possibilidade de flexibilidade, ele deverá conquistar suas metas, pois outras pessoas dependem dele. Essa relação de confiança gera engajamento e potencializa o sentimento de pertencimento a empresa, onde todos são vistos como iguais”, afirma o empresário.
Um outro ponto destacado por Bruno Rodrigues é que o home office aumenta a produtividade do time. “Há pesquisas no mercado hoje em dia que comprovam como o home office é capaz de aumentar a produtividade. A pessoa estará em um ambiente mais silencioso, sem precisar se estressar com o trânsito, ou metrô cheio”, comenta.
Segundo uma pesquisa de Stanford a performance pode aumentar em até 13% com o trabalho remoto. “Apesar de tantos benefícios é importante também a empresa se ater ao engajamento do time. Como as pessoas estão remotas, é possível que algumas acabam não se identificando como parte da organização. Mas, para ajudar na construção desse sentimento, a tecnologia é grande aliada. Ferramentas que proporcionam gamificação e funcionam virtualmente, conectado times em torno de um único objetivo, são de grande ajuda”, finaliza Bruno.
Existem diferentes tipos de jornadas flexíveis. Em uma delas o colaborador pode controlar a própria jornada, em outra ele pode organizar a carga de trabalho ou, ainda, escolher o local em que irá executar suas funções.
Colaboradores como protagonistas
Para se adaptar à tendência, empresas como a Cheesecake Labs, empresa de consultoria especializada em desenvolvimento web & mobile, criou mecanismos para manter a produtividade e acompanhar o desenvolvimento dos projetos neste modelo.
Na scale-up, os Cakers, como são chamados os colaboradores, têm direito ao home office sempre que acharem necessário, bastando alinhar com sua liderança com 24 horas de antecedência.
De acordo com Marcelo Gracietti, CEO da Cheesecake Labs, a empresa segue algumas práticas ágeis do Scrum, incluindo reuniões diárias de 15 minutos entre o time interno e semanais com os parceiros.
Além disso, todo o processo de gerenciamento das atividades do projeto é acompanhado por um sistema. “O home office está entre os benefícios que contribuem para reter talentos e reforçar o sentimento de autonomia. Nós praticamos a cultura do protagonismo na qual cada caker ganha espaço para se desenvolver dentro da empresa, participando em conjunto inclusive da elaboração da trilha de carreira. Isso motiva todos a produzirem com mais eficiência”, completa Marcelo.
Melhor qualidade de vida
Na Involves, empresa que desenvolve um software para gestão de trade marketing, os colaboradores podem fazer 16 horas semanais de home office. “Vemos o home office como um benefício para nossos Involvidos, como chamamos os colaboradores. Entendemos que, ao trabalhar de casa, eles controlam melhor seus horários e, assim, conseguem ter maior qualidade de vida.
Um dos benefícios que o home office traz, e no início pode parecer simples mas faz total diferença em Florianópolis, é não ter que passar pelo trânsito todos os dias, fazendo com que nosso Involvido se estresse menos durante a sua locomoção”, explica Manoela Mees, Analista de Projetos da Involves.
A flexibilização do local de trabalho ainda colabora para a produtividade, uma vez que o ambiente é mais silencioso e favorece a concentração.
Mudar para atrair
No Agendor, plataforma de gestão comercial e CRM (gestão de relacionamento com clientes), a liderança procura criar uma relação de confiança com os colaboradores. Por isso, a flexibilidade de horários foi adotada como um padrão.
Desde o segundo semestre de 2018, a empresa oferece como diferencial para o time de desenvolvimento a possibilidade de trabalhar em home office e com flexibilidade de horários.
A presença no escritório passou a ser acordada entre o próprio time, mas é comum os desenvolvedores se deslocarem só uma vez por semana até lá – no máximo. Até o CTO (diretor de tecnologia) trabalha remotamente com frequência.
A mudança foi uma iniciativa do Agendor para atrair e engajar os melhores talentos. Depois de alguns meses infrutíferos para contratações no ano passado, o RH abandonou as agências de recrutamento e começou a fazer abordagens diretas, convidando possíveis candidatos a partir do LinkedIn e buscando indicações junto aos funcionários.
A oferta de horários flexíveis foi considerada um fator decisivo pelos desenvolvedores admitidos até dezembro. A possibilidade de fazer home office, mas de maneira pontual, também está disponível para as outras áreas, como marketing e até vendas.
Fonte: https://revistahsm.com.br/post/jornada-de-trabalho-flexivel-aumenta-produtividade-em-85-diz-estudo