08 jun, 2021
Por Angela Vega
A importância do sono
Esse tema chamou minha atenção quando observei que a consultoria McKinsey & Co. republicou recentemente um artigo de 2016 sobre “os custos organizacionais do sono insuficiente”.
Durante a pandemia, muitos dos nossos hábitos de vida e trabalho foram modificados. Alguns de fora para dentro (forçados pelo contexto) e outros de dentro para fora (adaptações por conta de decisões pessoais).
Por que o sono é importante?
O artigo destaca como a falta de sono afeta as capacidades cognitivas, por exemplo, a atenção, a concentração, o reconhecimento de padrões, a tomada de decisão, as reações emocionais e o processamento destas. Essas capacidades estão diretamente relacionadas ao exercício da liderança. São também sugeridas ações que podem ajudar a melhorar o desempenho dos líderes, a partir do aumento da qualidade e eficiência do sono, dentre as quais: treinamentos (qualidade de vida e bem-estar), políticas corporativas (sobre viagens, horários para trabalho em equipe, gestão de e-mails e férias obrigatórias). Entretanto, as ações precisam estar alinhadas a uma mudança cultural.
Além dos líderes, o déficit de sono também afeta os empregados, impactando a produtividade e a saúde física e mental. Quem já passou uma noite acordado/a, pôde observar os efeitos no dia seguinte, os quais segundo estudos realizados, assemelham-se aos da embriaguez. Usamos no Brasil a expressão “bêbado de sono”.
Os especialistas dizem que, ao dormir, passamos por 4 etapas, a saber: sono leve (adormecimento, relaxamento muscular com reflexos involuntários, desaceleração das ondas cerebrais); sono médio (redução da temperatura corporal, da pressão arterial e dos batimentos cardíacos; desconexão do cérebro com estímulos externos); sono profundo (redução da atividade cerebral e produção do hormônio do crescimento); e sono REM ou Rapid Eye Movement – Movimento Rápido dos Olhos (sonhos, relaxamento corporal).
O sono é chamado de reparador porque acontece a recuperação das células, dos tecidos e dos órgãos, que sofreram desgastes durante a vigília (estado desperto). Várias outras atividades corporais também são realizadas durante o sono: a regulação do hormônio do apetite, a manutenção no sistema imunológico, a formação da memória de longo prazo e a consolidação do aprendizado.
Quando essa reparação não acontece, podem surgir questões de saúde que nem sempre conectamos à falta de sono: ganho de peso, alterações no metabolismo (diabetes, por exemplo), envelhecimento precoce, redução da imunidade, falhas de memória, dentre outras.
Por isso, investir hoje em boas noites de sono e no hábito de dormir, nos prepara para o futuro, para a longevidade.
Existem vários artigos e livros que tratam sobre o tema. Arianna Huffington, jornalista, analista política e co-fundadora do site de notícias The Huffington Post, a partir de sua experiência pessoal (ela caiu e quebrou o maxilar por deficiência de sono, aos 56 anos) escreveu sobre a importância do sono e dos sonhos, usando estudos científicos e analisando o crescimento do uso dos remédios para dormir e os impactos da tecnologia.
Sem precisar passar por uma experiência trágica, podemos analisar nossos hábitos e definir mudanças. Falo das decisões que estão nas palmas de nossas mãos, entre escolher dormir ou ficar mais algumas horas acordados/as, vidrados/as nos smartphones, navegando nas redes sociais. Já foi provado que a luz azul que emana das telinhas simula a frequência da luz do Sol e, por isso, estimula nosso cérebro a se manter acordado. A escolha é de cada um e os resultados e consequências também.
Como vai o seu sono?
Dormir é uma questão de hábito, de ritmo. Como está o ritmo da sua vida? Você consegue distribuir tempos para as suas atividades ou está tudo embaralhado? No período dos 7 aos 14 anos (2º setênio), como eram os seus ritmos? E os ritmos da sua família, na sua casa? Você tinha horários para acordar, dormir, brincar, estudar, almoçar e jantar? Segundo a visão da Biografia Humana, é nessa fase que “recebemos” os ritmos, a partir da experiência que temos em família.
Pode também surgir um questionamento sobre os ritmos na fase entre os 28 e 35 anos, e entre os 49 e 56 anos. Se você não aprendeu a ter ritmo no 2º setênio, a revisão desse hábito pode ser feita a qualquer momento, em que aconteça a tomada de consciência de que é necessário mudar. Será uma oportunidade de rever os seus ritmos em relação ao sono. Experimente dormir mais cedo do que está acostumado, e acordar mais cedo, por exemplo, para fazer alguma atividade física; ou um exercício de mindfulness ou meditação. Ou, quem sabe, dormir 10 minutinhos após o almoço (a siesta para os espanhóis)?
Observe os resultados e como você se sente com as mudanças. Se deu certo, ótimo, persista. Se não deu, experimente outras possibilidades.
Vamos juntas/os nessa mudança, rumo à longevidade!
Referências:
McKinsey Classics. April 2021.