05 jan, 2022

Por Betania Tanure

Medos e Desejos: esperança em 2022

A colunista Betânia Tanure fala sobre reflexões necessárias para o fim do ano

Final de ano! De um ano difícil, desafiador. 2021 ainda nos trouxe muita dor de alma e muita inquietude. Mas também foi um ano de superação, tanto individual como coletiva, e de esperança – do verbo esperançar, como sempre digo. Esperança de novos tempos, esperança de que a vacinação reduza mais amplamente a dor imposta pela pandemia, esperança de que nossas almas fiquem mais serenas, nossas emoções mais amenas, nossos corações mais generosos e o Brasil mais  unido.

A covid-19 impôs muitas mudanças, dentro e fora da empresa. Mas não caia na armadilha de acreditar que o mundo se estabilizou em um lugar diferente (o “novo normal”, para alguns, não para mim). A marca desse nosso tempo é a incerteza, que demanda o skill de lidar com o emergente e navegar por cores não muito bem definidas.

Uma pesquisa que fizemos neste mês de dezembro entre executivos das melhores e maiores empresas do Brasil revela que, de três dimensões da vida – a pessoal, a empresarial e a social, ou de país -, duas estão sob alto grau de alerta e geram muita tensão.

Por mais dura que esteja a vida empresarial hoje, esta dimensão é a de menor inquietação entre os respondentes: 69% são otimistas em relação ao desempenho da sua empresa em 2022. Não há o pensamento romântico de que o próximo ano será fácil para as organizações, mas uma clara percepção de otimismo. Por outro lado, são enormes as preocupações com a vida pessoal, a estabilidade emocional, as relações afetivas. Nesses aspectos, apenas 6% estão otimistas.

Na outra ponta está a situação do país. Para 79% dos executivos, os problemas sociais tornaram-se mais graves e mais profundos. A preocupação com as eleições de 2022 se agiganta: cresce o medo da desunião e de que se façam escolhas erradas. Não existe otimismo empresarial sólido em um país com grave quadro social, cuja população atingiu um nível preocupante de instabilidade emocional.

Contra essas e outras inquietações, contra esses e outros medos, reforço aqui a importância de esperançar. E faço um convite: neste final de ano, descubra quais são os seus medos e os seus desejos e aceite o desafio de conhecer os desejos e os medos das pessoas que o cercam, inspirar-se neles e contribuir para que os desejos se concretizem e os medos sejam enfrentados com leveza, afeto, energia. Faça isso sem se contaminar com o que não é seu. O que é seu vem de dentro de você! Esse é o exercício a fazer.

Como contribuição, pessoas que muito admiro cunharam generosamente um texto para você, para esta coluna. Inspire-se na generosidade dessas pessoas, e de tantas outras que compartilham com você os próprios desejos e medos, a própria vida. Seja generoso em 2022, você vai sentir que generosidade gera generosidade.

Que o novo ano seja muito generoso com você e todos os seus queridos. Que sejam muitos, muitos os motivos para você comemorar a vida.

Fabio Barbosa, ex-CEO do Santander e da Febraban:
“Desejo que possamos votar em 2022 numa proposta que desperte novamente a esperança do brasileiro” “Medo de que essa loucura da covid continue atormentando a vida das pessoas.”

João Paulo Ferreira, CEO da Natura&Co Latam:
“Desejo que crianças e jovens possam retomar suas jornadas de educação. Medo que a polarização política paralise o país e aprofunde a pobreza e a miséria.”

Joe Santos, professor do Insead:
“Desejo: que em face da incerteza, contem os princípios, não os fins. Meu receio é que não se aceite a incerteza como tal, mas apenas como condição de risco elevado.”

Larissa Liberato, advogada, Luisa Tanure, psicóloga, e Marina Duarte, designer; líderes do Meninas do Brasil:
“Que em 2022 se fale em meninas e mulheres por suas conquistas e feitos, e não por serem vítimas de violência.Medo de que a vontade das pessoas de estar certas seja maior do que a responsabilidade com o destino do Brasil.”

Luiza Trajano, chair do Magalu e do Grupo Mulheres do Brasil:
“Desejo: a união de todos nós para um Brasil mais igual” “Medo: de a covid não dar trégua.”

Rejane, líder de Paraisópolis:
“Desejo que todos tenham vida longa, saúde e prosperidade” ‘Medo de que os pobres fiquem mais pobres.”

Roberto Marques, Presidente Executivo do Conselho da Natura &Co:
“Desejo: que a sociedade, governos e iniciativa privada juntem esforços para lidar com a crise climática” “Medo: que a desigualdade social no mundo possa continuar trazendo impactos difíceis para a humanidade.”

Walter Schalka, CEO da Suzano:
“Desejo uma eleição sem polarização. Medo de que o Brasil adie a construção de soluções para um país com melhor qualidade de vida para todos.”

Que 2022 seja abençoado!