01 ago, 2022

Por Betania Tanure

Compreenda: não existe felicidade sem infelicidade

Os tempos de instabilidade e incerteza que vivemos hoje nos levam a fazer a nós mesmos a pergunta “estou (in)feliz?”. Entre o sim e o não, ela nos leva a reflexões sobre temas ontológicos, a própria realidade da vida, o que ela é, o que queremos dela. Se a felicidade existe, como, afinal, podemos cultivá-la?

A redescoberta do prazer de certas coisas, neste novo estágio desde o início da pandemia, convive com o prolongamento da tristeza diante da amplitude dessa crise. Somam-se a ela os impactos ainda não claramente mensuráveis da guerra entre Rússia e Ucrânia e, no Brasil, uma irresponsável desunião em torno das causas urgentes do país.

Pessoas nascem com tendências psíquicas, modeladas ao longo da vida pela família e os grupos sociais e, na idade adulta, pelo próprio indivíduo. Quanto a ser mais ou menos feliz, sabe-se que o temperamento de alguns os predispõe a um ou outro estado.

Pesquisas revelam que o impacto genético na felicidade é variável: em média, próximo de 50%. Muito ou pouco? Muito porque você nasce assim. Pouco porque tem condições de modelar o seu temperamento, agindo sobre 50%. A responsabilidade é sua!

Não existe felicidade sem infelicidade, sol sem sombra, líder bom sem líder ruim, espírito de equipe sem individualismo. Tudo é comparativo, com base em sua expectativa, em sua história, em parâmetros culturais.

O sentir cotidiano, que expressa felicidades e infelicidades, contrasta com situações veiculadas nas redes sociais – a “felicidade” contínua, perturbadora -, um comportamento que contribui para gerar infelicidade: “Só eu não estou feliz o tempo todo?” Tal sentimento inquieta os corações, às vezes de forma inconsciente.

Vamos fazer um exercício sobre emoções positivas e negativas. Em tempos em que 88% dos executivos dizem nunca ter vivido um estresse tão forte, não é fácil sair da emoção negativa. Mas é possível! Ponha em perspectiva: o estresse dos nossos tempos não é necessariamente função de uma característica, ou “incompetência”, individual. Busque a compreensão de que você não está sozinho, de que “a culpa” não é sua nem da empresa onde trabalha. Até porque, lembre-se: “a culpa é inútil”.

Entre enxergar a sombra ou a oportunidade de iluminar e iluminar-se, a decisão é sua. Trata-se de encontrar o foco correto para que seu intervalo de vida seja mais “feliz”. Sem aquele desejo infantil, ingênuo, de ser feliz o tempo todo.

A correlação entre otimismo e felicidade precisa ser desvendada. Nós, os otimistas, cultivamos o sentimento de que pode e vai dar certo, de que viradas ocorrem. Não me refiro a expectativas irreais, mas a não abrir espaço para o negativo.

Deixo aqui três dicas para você:

1. Cultive amorosidade e afeto. É o primeiro motor da felicidade. Amor por você mesmo, sem egocentrismo (cuidado, está perigosamente presente nos bem-sucedidos), amor pelos que lhe cercam. Aqui, quanto mais você distribui, mais Desilusões? Ingratidões? Acontecem, mas não se paute por elas.

2. Os feitos são bem feitos. O resultado do seu trabalho é ou pode ser fonte de prazer e realização. Deixe de lado pequenos aborrecimentos, centre-se na sua capacidade de realizar. Faça bem, faça o bem, bem feito – e aqui também você receberá em dobro.

3. Sonhe, os sonhos geram a energia positiva para a vida! Sonhe sabendo que estará mais perto de realizá-los se puser energia, afeto e tempo nisso. Ancore-se no seu propósito e ele trará significado para a sua vida. Portanto, sonhe e realize.

Tudo isso, ou pouco disso, demanda um mergulho seu em você mesmo. Identifique as suas fontes de (des)prazer. Volátil é a felicidade, mas não a busque com os parâmetros que você usa na obtenção do melhor Ebtida.

Compreenda: as lógicas são diferentes, complementares e devem coexistir. Let’s go!

Imagem: pexels.com