06 mar, 2023

Por Betania Tanure

Qual é a sua primeira equipe?

Já parou para pensar nisso? Hoje, via de regra, o executivo pertence a mais de duas equipes, termo que uso aqui em seu significado genérico, de grupo de pessoas. No mínimo ele lidera uma equipe (tomara que a sua mereça esse nome) e participa de outra como liderado ou, por vezes, como insubordinado mesmo que silencioso.

Vamos nos aprofundar nessa questão com um exemplo fictício de um c-level: vice- presidente de Operações, ele faz parte de uma equipe que em geral recebe o nome de “comitê executivo”. O CEO é o líder e o VP um liderado, por mais que se diga que essa liderança é situacional, rotativa. Nada mal se assim fosse…

Tenha em mente que me refiro a uma estrutura clássica, que uso aqui para facilitar o raciocínio. Mas não escape da pergunta deste artigo, pois as premissas valem para os diversos formatos de design, inclusive os ditos mais modernos.

Imagine-se no lugar do VP de Operações e responda: qual é a sua primeira equipe? A funcional, que você lidera, ou a corporativa, na qual é liderado?

Nossas pesquisas mostram que para 89% dos executivos a primeira equipe é, sem dúvida, a que eles realmente lideram. Em outras palavras: o comitê executivo não é visto como primeira equipe pela enorme maioria dos c-level. Isso é determinante para o desempenho do comitê e da empresa. Aceite o desafio, CEO: a sua equipe é funcional e não é um comitê executivo. A não ser que você faça parte dos 11%. Se sim, parabéns! Mas não se descuide, pois a grande maioria está em outro lugar.

Para o VP não há surpresa. Mesmo que não revele, ele sabe e sente que a sua primeira equipe é aquela que está sob sua liderança.

Se você faz parte dos 89% (estatisticamente a chance é grande), vale o alerta. No fim das contas, se somos rigorosos na análise, vemos que a Equipe (com inicial maiúscula para simbolizar o conceito de resultado coletivo maior que a soma dos resultados individuais, sobrepondo-se ao time e ao grupo) não existe (talvez seja time ou grupo) e o comitê se torna peça de ficção. Cada membro puxa a corda para seu lado, somente o CEO tem como prioridade o conjunto e fica indignado com isso.

Silos? Áreas em contraposição permanente? Isso também acontece. Nas reuniões do comitê, quem desafia, quem pergunta, quem interage a cada apresentação é fundamentalmente o CEO. A discussão acontece entre o presidente e cada c- level, na maioria das vezes de forma isolada. Evitam-se, entre pares, um “meter a colher” na seara do outro. Ou seja, o comitê está longe de ser uma Equipe.

Lembre-se, senhor ou senhora CEO: mesmo que racionalmente as pessoas queiram se desenvolver, formar Equipes, elas não o fazem de modo natural. É preciso evoluir, é preciso fazer renúncias, é preciso ter o apoio certo dos especialistas certos.

CEO, se isso acontece com seu c-level, você deve alterar o fluxo natural das coisas. VP, se isso acontece com você e com os seus diretores, é sua a responsabilidade de mudar. E essa chamada vale para todos os níveis gerenciais.

Portanto, comece já!