19 maio, 2023
Por Betania Tanure
Será sempre o chefe o responsável pelos erros?
Quem é o responsável? De quem é a culpa? A primeira resposta, quase que intuitiva, em uma cultura hierárquica como a brasileira é “o chefe”, o CEO, o conselho de administração. Todas as responsabilidades recaem sobre ele ou ela… e por aí vai. Pobre CEO. Nem tão pobre assim… mas vamos lá! Vamos às duas perguntas, começando pela segunda. De quem é a culpa? Não interessa! Porque a culpa é inútil. Ela decorre de um raciocínio equivocado, pois não é possível voltar ao passado e modificar a própria conduta ou a conduta do outro. Portanto, a culpa é inútil. Se houve erro, reconheça. Compreenda que eles acarretam consequências, porém não se deve confundir responsabilização, gestão de consequências com castigo.
E aqui, uma dica: esqueça os seus erros! Repito: esqueça! Mas não deixe de repará-los sempre que for possível e, mais do que isso, não esqueça o que aprendeu com eles.
Vou entrar agora em um terreno perigoso, onde muitos podem até brigar comigo: não estamos vivendo um excesso de valorização dos erros? Não seria contraproducente valorizar os erros no lugar de valorizar os acertos e as aprendizagens advindas dos erros? Errar sem aprender é o fim do mundo!
Vale diferenciar onde o errar “faz parte” e deve ser encarado como parte da vida, naturalmente. É preciso diferenciar o erro que acontece em função da inovação dos erros por descuido, displicência ou negligência. Espero que não haja erros na manutenção do avião que eu estou voando agora e, muito menos, na sala de cirurgia que tem como paciente uma pessoa querida.
Tem erros e Erros, tem erros e Roubos (caso de polícia e não de gestão), tem erros e pessoas malucas em cargos importantes (caso de psiquiatra), tem erros sem aprendizagem (casos de maus profissionais). Mas tem erros com aprendizagem, casos dos bons profissionais que buscam se desenvolver e assumem a responsabilidade sobre as suas ações. Parece simples e comum: infelizmente não é! E de quem é a responsabilidade?
Importante analisar melhor se a responsabilidade é sempre do CEO, do presidente do conselho, do coordenador ou do líder da equipe. Não se deve ter dúvida sobre a sua final responsabilidade. Note que escrevi equipe com letra minúscula, o que significa que talvez nem seja tão Equipe.
Fique atento, pois quando a responsabilidade é terceirizada para o “chefe” isso revela, frequentemente, baixo grau de maturidade do grupo. Quando um grupo entende que o líder é o grande responsável por tudo que acontece, isso revela não apenas o perfil do líder, mas especialmente o perfil do grupo, que pode ter membros individualmente competentes, mas que não funcionam como um time, muito menos como Equipe que tece uma trama positiva de cooperação solidária.
Incrível como algumas pessoas crescem, se responsabilizam quando são líderes de uma equipe. Ao mesmo tempo, na posição de lideradas têm seu tamanho diminuído. Cuidado com a armadilha de responsabilizar o “chefe” por tudo. As responsabilidades precisam ser assumidas de forma madura, sabendo que é necessário errar, aprender, somar e compartilhar para crescer. E sempre com a consciência de que os erros são valiosos quando levam a aprendizados de vida e para a vida.
Imagem: pexels.com