15 mar, 2024
Por Gilberto Ururahy
Colesterol “bom” e demência: qual a relação entre os dois?
A prestigiada revista científica The Lancet publicou estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália, indicando a associação de níveis altos de colesterol HDL – conhecido como “colesterol bom” – em pessoas da terceira idade e maior risco de demência. Para o HDL, o recomendado é uma taxa superior a 40mg/dl, sem limite estabelecido. Já para o LDL, mais conhecido como “colesterol ruim”, o ideal é que o nível fique abaixo de 130 mg/dl.
O objetivo do trabalho é ajudar a identificar idosos acima de 75 anos que possam estar em risco potencial de perda cognitiva. Os pesquisadores não descartam, no entanto, a possibilidade de que os níveis altos de HDL possam estar relacionados a distúrbios metabólicos.
Outra constatação do estudo é que entre os indivíduos com HDL elevado havia menos incidência de outras doenças, como diabetes, pressão alta, doenças renais, além de hábitos prejudiciais à saúde, como tabagismo e sedentarismo.
O trabalho publicado na Lancet foi baseado em dados de quase 20 mil indivíduos com mais de 70 anos, sem diagnóstico de demência, que participaram de teste clínico sobre o uso de aspirina nesta faixa etária. Os dados foram avaliados num período de pouco mais de 6 anos.
Os pesquisadores concluíram que aqueles que tinham uma taxa de HDL muito elevada no início do acompanhamento apresentaram um risco 27% maior de desenvolver um quadro de demência em comparação com os participantes cujos níveis de HDL eram normais. Entre os indivíduos com mais de 75 anos, o risco foi ainda maior, chegando a 42%. Para o efeito do estudo, foram consideradas taxas muito elevadas de HDL as acima de 80 mg/dL ou 2.07 mmol/L, enquanto que as normais variaram entre 40 e 60 mg/dL.
É importante ressaltar que o estudo conduzido pelos especialistas australianos é do tipo observacional, ou seja, baseia-se em ocorrência de comportamentos ou hábitos em um determinado período de tempo. No entanto, ainda que não se possa apontar uma relação causa-efeito entre demência e HDL, trata-se de um indício que corrobora outra pesquisa sobre o tema. A Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, realizou pesquisa em que foram acompanhados 200 mil americanos, com idade em torno de 70 anos, sem diagnóstico de demência, e que tiveram o colesterol sob observação ao longo de nove anos. Entre aqueles com os níveis mais altos de HDL, houve uma incidência 15% maior de demência. O mesmo foi observado entre os com taxas mais baixas: 7%
mais casos.
O que não há dúvida e ninguém contesta é a importância do estilo de vida saudável para a longevidade com autonomia. Ou seja, alimentação saudável, praticar exercícios físicos, não consumir bebida alcóolica em excesso, evitar o tabagismo, ter noites de sono reparadoras e manter os exames de rotina em dia ainda são as melhores “vacinas” na prevenção à maioria das doenças.
Saúde é prevenção!
Imagem: (Shutterstock/Reprodução)