12 jul, 2024

Por Maria Helena Carneiro

Demissão: como manter a saúde mental na busca por emprego?

A busca por emprego pode ser uma fase muito desafiadora, especialmente após uma demissão. Você deixa de pertencer, perde o sobrenome da empresa e se sente rejeitado. A autoestima abalada junto com a incerteza e a pressão podem afetar a saúde mental. Uma demissão muda não só a sua vida, mas toda a dinâmica de uma família. Quando criança, vivi a demissão do meu pai, o que me marcou profundamente. A primeira vez que fui demitida foi quando voltei da minha lua de mel. Foi bem duro, pois tinha todas as contas do casamento para pagar e, no início, fiquei meio desesperada. Depois, vivenciei várias demissões do meu ex-marido e, nessa época, já tinha minhas filhas para sustentar.

Por isso, reuni aqui estratégias práticas para manter o equilíbrio emocional e a motivação durante esse período. Afinal, nesta nova fase, você também quer buscar um emprego saudável, não é mesmo? Com as ferramentas certas e o apoio adequado, você consegue transformar essa fase em uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional.


Fui demitido, e agora?

Pare tudo!

Primeiro, entenda que uma demissão é um evento difícil e pode ser comparado a um luto, similar à perda de uma pessoa querida ou uma separação. Tenha o seu tempo para sentir a dor, a tristeza e se recuperar emocionalmente. Após esse período de adaptação, comece a ocupar seu tempo de forma produtiva.

Conte para a família e conte com a família.

Muitas pessoas, ao serem demitidas, sentem vergonha e não compartilham a notícia com a família. No entanto, é importante ter esse apoio. Toda a família precisa colaborar, repensar o orçamento com você e ajudar nos planos para o futuro. Quando fui demitida, contei logo para todos e até coloquei nas redes sociais. Depois, quando decidi parar de falar sobre o assunto, estabeleci limites nas conversas. O interessante é que pessoas que você nunca imaginaria se solidarizam, oferecendo apoio, orientação e, às vezes, até oportunidades.

Faça contas.

Faça seu planejamento financeiro para a nova fase. Calcule por quanto tempo você pode se sustentar e defina um prazo (ou um tempo menor) como meta para conseguir um novo emprego.

Tire férias, se puder.

Quando fui demitida, cancelei uma viagem internacional comprada antes da demissão e fiz uma viagem mais acessível para a praia com uma amiga. Foi ótimo para rir e desconectar. Se não puder viajar, planeje alguns dias fazendo algo que gosta, como um churrasco com amigos ou um dia na praia com as crianças. Tire “férias” da vida que você acabou de se despedir, reabasteça suas energias e inicie esta nova fase com otimismo, acreditando que trabalhará para ter prosperidade.

Entenda quem você é agora.

Agora, seu trabalho é procurar trabalho. Se você era “Analista de Marketing”, agora é “Analista de Busca de Emprego”. Dedique-se diariamente a essa tarefa, tendo hora para começar e para terminar, estabelecendo uma rotina, seja em casa, em uma biblioteca ou em um café.

Mão na massa.

Atualize seu currículo e perfil no LinkedIn, contate pessoas, poste conteúdos, busque vagas, inscreva-se em plataformas de emprego e prepare-se para entrevistas. Não saia panfletando currículo, enviando para todas as suas redes ou se inscrevendo em todas as vagas. Eu demorei um mês construindo meu storytelling, revisando meu currículo e me preparando para entrevistas e valeu a pena. Seja estratégico.

Olhe para dentro.

Analise seus pontos fortes e pontos a melhorar. Identifique as competências exigidas nas vagas e desenvolva-se nelas. Pode ser uma hard skill, como aprender inglês, ou uma soft skill, como comunicação ou empatia.

É hora de se renovar.

Estude, leia livros, faça cursos on-line gratuitos ou, se possível, invista em uma pós-graduação ou mestrado. Quem sabe não é a hora de fazer aquele curso que você sempre quis e nunca teve tempo?

Rede de apoio é tudo!

É importante que você mantenha suas conexões sociais. Isolamento pode ser prejudicial. Converse com amigos, familiares e mentores. Eles podem oferecer suporte emocional e prático. Ter apoio de um profissional (um psicólogo e/ou um psiquiatra) faz muita diferença nesse momento. Terapia é fundamental; é um momento dedicado ao autoconhecimento e ao cuidado pessoal.

Conecte-se.

Participe de eventos, grupos de apoio, comunidades ou fóruns, sejam presenciais ou on-line. Faça networking, encontre colegas de outras empresas, antigos professores, tome um café presencial, vá almoçar ou visitar a pessoa na empresa em que ela trabalha. O networking virtual também funciona. Convide para um café virtual de 15 minutos. Isso pode abrir novas oportunidades e reduzir a sensação de isolamento.

Mexa-se!

Pratique atividades físicas que você gosta, como caminhar, correr, academia, dança ou esportes. Aproveite para fazer uma atividade que nunca fez. Eu fui fazer aula de altinha na praia. Atividades coletivas ajudam à mente e você pode conhecer pessoas novas. Exercícios ajudam a reduzir o estresse e melhorar o humor.

Tenha um caderno.

Use um caderno para escrever suas experiências, sentimentos e progressos. Registre o que você sente. Isso ajuda a processar emoções. Você pode sair aliviado depois de escrever e colocar para fora coisas que não estão te fazendo bem. Crie nesse diário um espaço para a lista da gratidão: anote coisas pelas quais você é grato. Focar em aspectos positivos pode melhorar seu humor e perspectiva. Encontre as pequenas grandes coisas da vida e recorde essas coisas boas e agradeça muito, sempre, várias vezes. Eu sinto sensações boas e com essa consciência, agradeço pelo sol que bate na minha pele e me dá prazer, quando tomo um café ou tomo um banho quente. Esse exercício realmente ajuda. Isso não é autoajuda, é científico, é comprovado. Vários estudos fornecem evidências sólidas de que a prática da gratidão pode contribuir significativamente para o aumento da felicidade e bem-estar geral.

Manter a saúde mental durante a busca por emprego é fundamental. Você precisa estar bem para ter uma entrevista bacana. Implementar essas estratégias pode ajudar a equilibrar suas emoções e aumentar suas chances de sucesso.


O panorama da saúde mental no Brasil e no mundo

O Brasil possui hoje uma das maiores redes de saúde mental do mundo, internacionalmente reconhecida pela OMS. Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, voltados ao atendimento de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool, drogas e outras substâncias, que se encontram em situações de crise ou em processos de reabilitação psicossocial.

Dependendo da modalidade do centro, a assistência é prestada por uma equipe de psiquiatras, clínicos, pediatras, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, profissionais da enfermagem e farmacêuticos. As atividades podem ser coletivas ou individuais.

Fonte: Distrito Federal terá 5 novos Caps até o início de 2026, anuncia Saúde – Metrópoles

O Ministério da Saúde refez a política de saúde mental, alinhando-a com as diretrizes da reforma psiquiátrica brasileira. Criou o Departamento de Saúde Mental (DESME) e ampliou o orçamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) com um investimento de mais de R$ 200 milhões em 2023.

Para a ministra Nísia Trindade, a pauta da saúde mental não está referida apenas ao efeito da pandemia. “Ela também tem muito a ver com a solidão que as pessoas vivem, com o individualismo crescente, que muitas vezes se manifesta na dificuldade de interação social.

Fonte: Governo do Brasil – Ministério da Saúde

Se você precisar de atendimento psicológico pode recorrer ao SUS nos Caps, Universidades e outras entidades, como ONGs, que oferecem atendimento psicológico gratuito ou a preço popular. O site da Fundação Mudes publicou uma matéria em 06/05/2022 relacionando instituições de ensino que oferecem atendimento psicológico gratuito à população.

Fonte: Fundação Mudes

Proponho, inclusive, que você escreva nos comentários se conhece outras entidades, além do SUS e dos Caps, que realizem atendimento gratuito ou popular. Assim, outras pessoas podem se beneficiar com uma informação rápida.

Por fim, destaco o papel do CVV (Centro de Valorização da Vida), um serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato. Oferece atendimento pelo telefone 188 (24 horas e sem custo de ligação), por chat, e-mail e pessoalmente. Está presente em 20 estados, além do Distrito Federal.

Fonte: https://cvv.org.br/


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Você merece ter #saúdemental e um emprego saudável e eu te ensino estratégias para conquistar o seu.

Maria Helena Carneiro

Especialista em Desenvolvimento Humano, Carreira e Saúde Mental.