02 ago, 2024

Por Maria Helena Carneiro

🍼 Os desafios da maternidade no mundo do trabalho

Ontem (25/07), durante a gravação de um podcast sobre a saúde mental das mulheres e o futuro do trabalho, relembrei os desafios de quando minhas filhas eram bebês. Eu chegava do trabalho à noite. Morava a 24 km da empresa. Com o peito doendo, pois ainda amamentava, o leite escorria mesmo tendo tirado durante o dia no banheiro da empresa com a bombinha. Dava muita dó jogar o leite fora, pois não havia um lactário com um refrigerador.

Se eu pegasse um trânsito pesado, ficava nervosa, pois sabia que minha bebê já estava louca para mamar. Não tinha tempo de trocar de roupa; chegava e ela já pedia para mamar. A mais velha, também uma bebê de 1 ano e 6 meses, queria colo e minha atenção. Depois de amamentar, dava banho nas duas e as colocava para dormir. Era um colo para duas meninas, como na foto.

Eu ia dormir exausta, mas feliz por ter chegado a tempo de encontrá-las acordadas. Sempre digo que a maternidade é a melhor parte da vida. Mas também é uma etapa que traz conflitos internos, culpas e desafios. Eu adorava trabalhar, minha carreira era também fundamental e os boletos se multiplicaram com as filhas.

Exatamente neste período da foto, eu tive depressão. Precisei de ajuda médica e psicológica. No trabalho, nenhuma liderança sabia o que eu estava passando, apenas alguns amigos. Eu tinha medo de contar. Superei essa fase difícil, mas podia ter sido menos dura.

No mercado de trabalho hoje, a maternidade ainda é uma barreira: 48% das mulheres perdem emprego no primeiro ano após o nascimento do filho. É uma realidade que precisa mudar. Precisamos lembrar que o grupo de mulheres não é homogêneo. Temos que pontuar sobre as interseccionalidades com o cruzamento de marcadores sociais como raça/cor, classe e renda, idade, sexualidade, identidade de gênero, deficiência, nacionalidade, entre outros, pois a escala de acessos e oportunidades é diferente para cada grupo.

Em 2020, a taxa de desemprego entre mulheres negras foi de 18,2%, comparada a 10,3% entre mulheres brancas (IBGE, 2020). Mulheres negras têm uma chance 50% maior de morrer por complicações da gravidez do que mulheres brancas (Ministério da Saúde, 2020).

Precisamos criar um ambiente de trabalho mais justo e acolhedor para todas as mães. Não tem sentido falar de saúde mental e futuro do trabalho, se não protegemos a maternidade.

Compartilhe sua história sobre a maternidade e o que fez para superar os desafios com o trabalho.

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