13 set, 2024
Por Maria Helena Carneiro
Assédio Moral: Um Desafio Contemporâneo para a Saúde Mental e a Sustentabilidade das Organizações
TODOS PERDEM COM O ASSÉDIO MORAL
O assédio moral, comportamentos que acontecem de forma reiterada ao longo do tempo e que causam humilhação, vergonha ou constrangimento à pessoa de forma intencional, é um dos desafios nos ambientes de trabalho da contemporaneidade. Ele pode causar danos à saúde física e mental de quem sofre o assédio moral, trazer prejuízos para as organizações e para o Estado, que precisa lidar com uma massa de trabalhadores doentes.
O TRABALHADOR SOFRE
O assédio moral afeta a saúde física e mental do trabalhador que pode ter palpitações, aumento de pressão, alterações no sono, síndrome do pânico, estresse, depressão e até cometer suicídio. O trabalhador passa a não ver sentido no trabalho com as condutas que podem ser verticais (das chefias para os funcionários ou das equipes para os chefes) ou horizontais, entre colegas da mesma hierarquia.
A OMS estima que são gastos USD 1 trilhão por ano em função dos desequilíbrios mentais dos trabalhadores.
O assédio moral precisa ter quatro elementos para sua caracterização, que são a temporalidade, a intencionalidade, a repetição e a direcionalidade. É caracterizado por comportamentos abusivos como: insultos, agressões, humilhações, desqualificações, isolamento do indivíduo (exclusão social), recusa na comunicação, perseguição social, cobrança e pressão excessiva por metas e desempenho, atitudes que podem comprometer a identidade, a dignidade e as relações afetivas e sociais. Os efeitos se estendem além das paredes do escritório:
- Atingem a autoestima;
- Desestabilizam emocionalmente;
- Podem trazer sofrimento psíquico;
- Deixam o ambiente tenso e improdutivo;
- Podem trazer risco para a segurança e a saúde do trabalhador.
AS EMPRESAS PERDEM
Igualmente para as organizações, o assédio moral traz incontáveis prejuízos: os ambientes de trabalho tornam-se pesados, desfavoráveis à inovação, ocorre a queda de produtividade e o aumento do absenteísmo. Sem contar com as indenizações trabalhistas e os danos à imagem e à marca da empresa em relação ao compromisso com a responsabilidade social. Segundo o portal Vagas.com, mais da metade dos trabalhadores (52%) já sofreu com algum tipo de assédio moral, sendo que 87,5% dos assediados não denunciaram por medo das represálias ou da perda do emprego.
Segundo a OIT, 1 em cada 5 pessoas empregadas (quase 23%) enfrentam alguma forma de violência e assédio no trabalho. 8,5% afirmaram ter sofrido violência física e sexual.
Para combaterem esses comportamento, as empresas devem:
- Desenvolver cultura organizacional de respeito mútuo;
- Estabelecer políticas claras e eficientes contra o assédio;
- Treinar altas e médias lideranças no combate aos preconceitos e às condutas de assédio;
- Garantir canais de denúncias e de suporte às vítimas;
- Realizar sensibilização e educação de todos os colaboradores de forma continuada;
- Promover ambientes de trabalho seguros e inclusivos.
O ESTADO ARCA COM OS PREJUÍZOS
Evidentemente que o Estado também arca com enormes prejuízos do assédio moral. Atualmente os afastamentos relacionados às causas de saúde mental são o terceiro lugar no Brasil, segundo o INSS. Recentemente o TST informou que o país tinha 52 mil ações de assédio moral.
O Brasil tem como fundamento a dignidade da pessoa humana e o direito à função social do trabalho. O paradoxo é ter no mesmo trabalho, que deveria incluir e trazer sentido ao trabalhador, uma fonte de exclusão e de ofensa. Não é à toa que a CIPA passou a cuidar também do assédio moral e ter a função de sensibilização e de conscientização dos trabalhadores.
Por fim, o assédio moral é um desafio complexo, que requer atenção coordenada de todos os envolvidos. Apenas com um esforço conjunto teremos um mundo do trabalho justo, digno e com bem-estar.