04 out, 2024

Por Gilberto Ururahy

Encontro com a prevenção: os cuidados com o coração

Na sétima edição deste ano do “Encontro com a prevenção”, que realizamos mensalmente na Med Rio Check-up, com transmissão ao vivo pelas redes sociais, abordamos o assunto “Os cuidados com o coração”, com a participação do professor doutor Alexandre Siciliano, membro titular da Academia Nacional de Medicina, professor adjunto de Cirurgia Cardiovascular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), mestre pela Escola de Saúde Pública de Harvard (EUA) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Siciliano, cerca de 350 mil pessoas morrem todos os anos no Brasil em decorrência de doenças cardíacas, duas vezes mais do que por mortes de todos os tipos de cânceres, duas vezes e meia a mais que o número de mortes por acidentes de trânsito e 100 vezes mais do que os óbitos por doenças infecciosas. A cada 40 segundos registra-se um óbito por doença cardíaca no país.

De acordo com o especialista, as doenças cardiovasculares no Brasil estão diretamente relacionadas aos seguintes fatores de risco: pressão arterial, alimentação irregular, tabagismo, colesterol alto, diabetes e sedentarismo. “Cerca de 30% dos brasileiros acima dos 18 anos são hipertensos e não sabem. Essa uma doença que impacta ao longo do tempo, só se sabe dela pelas consequências”, revelou. Segundo Siciliano, 50% dos homens e mulheres com mais de 55 anos também são hipertensos. Outros dados surpreendentes apresentados por Siciliano é que 25% da população tem colesterol alto, sem acompanhamento médico; 50% da população tem sobrepeso, além de 12% ainda serem fumantes e 15% serem diagnosticados com diabetes ou pré-diabetes.

Para além da genética, outros fatores contribuem para a saúde do indivíduo, como os socioeconômicos, ambiente de trabalho, vizinhança, suporte familiar, renda, comportamentos e escolhas. “Já se sabe que a bebida alcoólica, em qualquer quantidade, é ruim para a saúde. Tudo indica que, no futuro, o álcool será tão condenado quanto o cigarro”, disse. O colesterol elevado (HDL baixo e LDL elevado) é o principal fator de risco para doenças cardíacas. “A boa notícia é que eles são um fator importante, mas sobre o qual se pode intervir”, completou.

Siciliano também lembrou que o advento da Covid-19 agravou o quadro de doenças cardiovasculares a patamares de 2010, em oposição ao decréscimo da última década, e que permanecem por prazo longo nos indivíduos. “Vi pessoas que tiveram Covid com inflamação do coração, então o órgão pede milhares de células e para de funcionar”, explicou. Além disso, também é fundamental considerar o elevado número de pacientes que, por medo, deixaram de ir às consultas médicas de rotina e tiveram seu quadro de saúde prejudicado por falta de acompanhamento. O especialista destacou a importância da consulta com um cardiologista para mapear os fatores de riscos de desenvolver um evento cardiovascular, como infartou ou AVC, em dez anos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, estima-se que 200 mil pessoas no Brasil sofram de parada cardíaca por ano no país. Além disso, doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em nosso país, cerca de 1.100 mortes ao dia. De acordo com pesquisas, 40% das mortes em grandes centros urbanos tem relação direta com males do coração.

Diante disso, o antídoto para as doenças cardíacas é o estilo de vida saudável e a prática regular da prevenção: alimentação saudável, atividade física, gerenciamento estresse e do bem-estar, sono reparador e evitar o uso de substâncias, como tabaco ou álcool, bem como a realização de check-ups periódicos. Estilo de vida saudável é o melhor aliado na prevenção de doenças.

Saúde é prevenção!