
28 mar, 2025
Por Maria Helena Carneiro
Hábitos e ambientes são mais importantes que os genes em risco de morte
Estudo publicado mês passado, na revista científica Nature Medicine, confirmou mais
uma vez o que repetimos reiteradamente: fatores ambientais, incluindo o estilo de vida,
têm um impacto maior na saúde e na morte prematura do que os genes.
As exposições ambientais tiveram efeito decisivo em doenças do pulmão, coração e
fígado. Já o risco genético dominou entre as demências e câncer da mama. De acordo
com os pesquisadores da Oxford Population Health, dos 25 fatores ambientais
identificados, o tabagismo, a condição socioeconômica, a prática de atividade física e
as condições de vida tiveram o maior impacto na mortalidade e no envelhecimento
biológico.
Embora os genes desempenhem um papel fundamental nas doenças cerebrais e em
alguns cânceres, as recentes descobertas apontam oportunidades para mitigar os riscos
de doenças crônicas do pulmão, coração e fígado, que são as principais causas de
incapacidade e morte a nível mundial. As exposições precoces são particularmente
importantes porque mostram que os fatores ambientais aceleram o envelhecimento
precoce, mas deixam amplas oportunidades para prevenir doenças duradouras e morte
precoce.
A pesquisa partiu de dados de quase meio milhão de participantes do Biobank do Reino
Unido. O objetivo era avaliar a influência de 164 fatores ambientais e pontuações de
risco genético para 22 doenças importantes no envelhecimento, doenças relacionadas
com a idade e morte prematura. Os resultados mostraram que os fatores ambientais
explicaram 17% dos casos do risco de morte, em comparação com menos de 2% pela
genética. Entre os 25 fatores ambientais individuais mapeados, o tabagismo, a condição
socioeconômica e a prática regular de exercícios tiveram o maior impacto na
mortalidade e no envelhecimento biológico. Destes, 23 são modificáveis, ou seja, quase
a totalidade.
O tabagismo, por exemplo, foi associado a 21 doenças. Fatores socioeconômicos, como
a renda familiar, a posse de casa própria e a situação profissional, foram associados a
19 doenças; e a atividade física esteve associada a 17 doenças. Exposições precoces,
incluindo o peso corporal aos 10 anos e o tabagismo materno perto do nascimento,
influenciam o envelhecimento e o risco de morte prematura.
A nova pesquisa reforça o quanto nossas escolhas influenciam as probabilidades de
desenvolver problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, e de morrer
prematuramente. Os pesquisadores concluíram que, embora muitas das exposições
individuais à riscos tenham desempenhado um pequeno papel em casos de morte
prematura, o efeito combinado de várias exposições ao longo da vida explica uma
grande proporção da variação da mortalidade prematura.
Por tudo isso é que estar atento aos bons hábitos é fundamental para uma vida com
longevidade e autonomia. Alimentação equilibrada, noites de sono reparador, prática de
exercícios físicos, distância do cigarro e do excesso do consumo de álcool e exames
preventivos de saúde são pilares fundamentais neste caminho.
Saúde é prevenção!