10 fev, 2021
Por Angela Vega
Aprendendo com as tradições
Conheci o livro “Os quatro compromissos” de Don Miguel Ruiz por meio de um audiolivro comprado nos anos 2000, em uma viagem ao exterior. Na época, esse livro ainda não havia sido traduzido e publicado no Brasil.
Ouvi várias vezes o audiolivro e percebi o quanto seus ensinamentos faziam sentido para aplicação em minha vida.
Don Miguel Ruiz pertence à tradição tolteca, do Sul do México. Segundo a sua sabedoria e cosmovisão, estamos todos vivendo no “sonho da sociedade” ou o “sonho do planeta”. E foi por meio da captura de nossa atenção, desde a mais tenra idade, que fomos sendo “domesticados”. E o sistema de crenças que adquirimos é como o Livro da Lei, segundo o qual julgamos nossos atos e pensamentos, e invariavelmente, somos a Vítima.
Para sair do processo de “domesticação”, são indicados os quatro compromissos a seguir:
1. “Seja impecável com sua palavra – fale com integridade. Diga apenas aquilo em que acredita. Fuja de fofocas e comentários negativos. Use o poder da sua palavra na direção da verdade e do amor.”
2. “Não leve nada para o lado pessoal – nada do que os outros fazem é por sua causa. O que dizem e fazem é uma projeção da sua própria realidade, de seu próprio sonho. Quando você se torna imune às opiniões e ações alheias, não será vítima de um sofrimento desnecessário.”
3. “Não tire conclusões – crie coragem para fazer perguntas e expressar o que realmente deseja. Comunique-se com os outros o mais claramente possível para evitar mal entendidos, tristeza e drama. Com este compromisso, você poderá transformar sua vida completamente.”
4. “Dê sempre o melhor de si – o seu melhor irá variar de momento para momento; será diferente nos momentos de saúde e nos de doença. Sob qualquer circunstância, simplesmente dê o melhor de si. Assim, você evitará autojulgamento, auto abuso e arrependimento.”
Desde que os conheci, venho buscando aplicar os compromissos, às vezes com mais intensidade e outras vezes, com menos. Nesses quase 15 anos, percebo as transformações que aconteceram na minha forma de viver e de enxergar a vida. Também indico os compromissos para meus amigos e clientes.
A palavra cria realidade. Alguém duvida? Por isso, a importância de cuidar do que falamos e usarmos essa habilidade para transformar, para criar um mundo melhor. É uma escolha falarmos para promover o bem ou a discórdia.
Ao evitar assumir de forma pessoal o que ouvimos ou o que nos acontece, liberamos energia e deixamos de receber o impacto de sermos usados como espelho para alguém falar de si mesmo. Como nos lembra a comunicação não violenta, em relação aos sentimentos, você pode ser o gatilho, mas não é a causa dos sentimentos de outra pessoa. Cada um é responsável por suas próprias reações. E, sejam elogios ou críticas, nunca os assuma como pessoais.
Não tirar conclusões está relacionado a deixar de fazer suposições. Estamos habituados à concluir pela forma como o cérebro funciona para economizar energia. Se já passei por aquela situação, uma outra que classifique como idêntica, me faz agir da mesma forma. Criamos histórias para entender as situações e, se usássemos a curiosidade para fazer perguntas poderíamos ter visões muito diferentes. Permanecer em estado de curiosidade e observação faz com que nossos entendimentos estejam mais próximos à realidade e deixamos de nos iludir com as vozes de nossos pensamentos.
Fazer sempre o nosso melhor implica em ter consciência de que estamos oferecendo o melhor de nós. E o melhor, que nem sempre é o máximo, varia no tempo e no espaço: sem exageros ou relaxamento. Chamou minha atenção o alerta para que, independentemente da qualidade, continuemos a dar o melhor de nós, nem mais nem menos. Esse compromisso me faz sentir em paz, por saber que estou cuidando para oferecer meu melhor em cada situação.
Para finalizar, Don Miguel Ruiz nos apresenta a diferença entre o guerreiro (aquele que assume os quatro compromissos) e a vítima. Enquanto o guerreiro se abstém, dominando as próprias emoções, a vítima reprime. “As vítimas reprimem porque têm medo de mostrar as emoções, medo de dizer o que querem dizer. Abster-se não é a mesma coisa que repressão. Abster-se é conter as emoções e expressá-las no momento certo, não antes, não depois.”
E nos propõe, como forma de obter liberdade pessoal, a preparação para a iniciação dos mortos, aceitando a própria morte como professora. Tomar consciência de que podemos morrer a qualquer instante e viver o presente como se fosse o último dia de nossas vidas.
Percebo como incorporei esses aprendizados em minha vida.
E você, o que já vem aplicando desses ensinamentos dos quatros compromissos?
Referências
Os quatro compromissos: o livro da filosofia tolteca. Don Miguel Ruiz. Editora Best Seller.
https://www.miguelruiz.com/