25 fev, 2021

Por Gilberto Ururahy

Depois da Covid-19, OMS alerta para o câncer

Atenção de especialistas se volta para o crescimento do número de casos e recomendação de prevenção

 

O início da vacinação da população brasileira contra a Covid-19 traz alento e esperança para a retomada da normalização da vida, em toda a sua potência. No entanto, o impacto da pandemia de Sars-Cov-2 deixará consequências que, infelizmente, não sumirão com duas doses da vacina. Um dos mais preocupantes é o que se refere ao controle do câncer. Especialistas tem sido unanimes em afirmar que será um caminho longo e dramático.

Com a pandemia, o ser humano se isolou, ficou preso em casa, obrigado a lidar com incertezas e medos. Sem aviso prévio, houve a imposição de se adaptar rapidamente a um novo estilo de vida. Os níveis de estresse, em consequência,  ficaram muito elevados e a imunidade, fragilizada. É neste cenário que os vários tipos de câncer encontram espaços para se instalar.

Na outra ponta, estão as pessoas que já estão com a doença e, por medo, se afastaram do tratamento. A Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), criou no final do ano passado um grupo de estudo para entender a relação entre câncer e Covid-19, na intenção de se evitar altos índices de mortalidade de pacientes oncológicos durante a pandemia.

Sob impacto da pandemia, em 2020 foi observada uma grande redução no acesso aos meios de prevenção, diagnóstico e tratamento de câncer em todos os países – e também no Brasil. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50% dos serviços governamentais de tratamento de câncer foram parcial ou totalmente interrompidos. De acordo com a entidade, “isso trará um impacto no total do número de mortes por câncer nos próximos anos. As consequências da pandemia no controle do câncer tem sido profundas”.

Ainda segundo a OMS, o numero de pessoas diagnosticadas com câncer em todo o mundo atingiu a marca de 19, 3 milhões de pessoas – com o número de mortos chegando a 10 milhões. No Brasil, o INCA estima para o próximo triênio a triste marca de 625 mil novos casos de câncer por ano, dos quais quase 10 mil em crianças. Em comunicado à imprensa, a diretora do INCA reafirmou a importância de apresentar as estimativas para o câncer infantil, inclusive por região do país. O dilema é que temos, ao mesmo tempo, um grande avanço do conhecimento científico e um gigantesco déficit no acesso da população aos serviços de saúde.

A boa notícia é que 90% de todas as formas de câncer têm cura, desde que diagnosticados a tempo de tratamento. A prevenção é justamente o caminho mais curto e eficiente para o diagnóstico precoce.