02 maio, 2022

Por Betania Tanure

Qual é a diferença entre grupo, equipe e time?

A colunista Betania Tanure apresenta os conceitos desses três estágios de desenvolvimento coletivo

O conselho de administração e a diretoria executiva da sua empresa atuam como grupo, time ou equipe? É preciso melhorar a “foto” desses três estágios de desenvolvimento coletivo. E se for para colori-la, tem de ser de verdade, e não “pra inglês ver”.

Apresento a seguir os três conceitos. Tenha três minutos de calma para entendê-los e identificar a posição da sua empresa, ou melhor, a sua posição. Se seu estágio é o dois, você está em um bom caminho, mas ainda há muito a fazer. Se estiver no três, parabéns! Saiba, porém, que essa não é a realidade da maioria e que na análise que proponho é preciso ter cuidado com a autocomplacência. Caso seja complacente consigo mesmo, não brigue comigo!

Vamos às definições de grupo, time e equipe de acordo com metodologia proprietária que detalho em um livro a ser lançado nas próximas semanas.

O grupo, mesmo com um objetivo comum explícito, não dirige a ação das pessoas, falta “cola” entre elas. Esse é o estágio da maior parte dos conselhos: um horror! E, independentemente de quanto se paga aos conselheiros, é caro! Depende-se fortemente do presidente do conselho ou da família controladora. Ou se vai para o lado oposto, de total desarticulação.

Regras e acordos de funcionamento, quando existem, não são cumpridos de forma consistente.

Nesse estágio, não se considera o objetivo comum, o conflito é destrutivo e os comportamentos são, no geral, desordenados. As reuniões são um conjunto de diálogos dois a dois, por exemplo, do superior com um membro do grupo para tratar assuntos específicos.

Dependente de uma estrutura de comando, o grupo torna-se vulnerável quando a atuação do superior não é adequada. É claro que descortino aqui a forma de operar, que na vida real é mais dissimulada.

Se temos um grupo de cinco pessoas que alcançam, cada uma, resultado igual a 1, o resultado final é menor do que 5: 1 + 1 + 1 + 1 + 1 = <5. A palavra chave é anomia. No time, prevalece o objetivo comum. A cola entre as pessoas começa a se desenvolver e é fortalecida pela âncora das relações, pelo exercício das competências e o cumprimento, mesmo que de fora para dentro, das regras do jogo. As relações de confiança são construídas e o ambiente é de cooperação. As competências mais comuns são as objetivas (fase de time gestor) e as subjetivas (fase de time líder). O desempenho é satisfatório, mas há um importante espaço de avanço considerando-se o potencial. O resultado coletivo é igual à soma dos resultados individuais: 1 + 1 + 1 + 1 + 1 = 5. A palavra chave é heteronomia.

No time, onde está a maioria das diretorias, as características desejadas para um desempenho superior ainda não foram atingidas. Mas elas virão na equipe. Nessa passagem é preciso intencionalidade e método.

Neste terceiro nível de desenvolvimento, o motor é o propósito compartilhado, a cola se amplia, a cooperação solidária é um traço. Diferenças individuais não são uma ameça, alavancam o resultado coletivo, movem as pessoas para a inovação e o desempenho extraordinário.

Competências soft ou hard? Ambas, articuladas pelas competências políticas. Na equipe, o motor da confiança está em pleno vapor e as regras são aceitas – agora de dentro para fora. O resultado coletivo é maior do que a soma dos resultados individuais: 1 + 1 + 1 + 1 + 1 = >5. A palavra chave é autonomia.

Todos querem estar no estágio três. Nossas pesquisas indicam, porém, que, na percepção dos dirigentes, 75% dos conselhos atuam como grupos e nas diretorias executivas 60% são times, 30% grupos e 10% equipes.

Se por um lado essa foto é ácida, por outro revela oportunidades. Vamos virar para o estágio três? Essa virada exigirá mudanças também em você. Na minha visão, ou você muda, ou morre! Avante!

Imagem: pexels.com