21 mar, 2023

Por Maria Helena Carneiro

“Não tem coisa mais difícil do que estudar Engenharia Química no Fundão”

“Não tem coisa mais difícil do que estudar Engenharia Química no Fundão”.

Era essa a frase que eu repetia na minha mente quando me deparava com os desafios no momento em que fiz a transição de carreira.

Passei da área de meio ambiente e segurança de trabalho para a de planejamento estratégico e gestão de negócios na Globo.

Troquei os materiais químicos explosivos pelo desconhecido.

Fui para a maior emissora de televisão da América Latina.

Fácil?

Nem por isso.

Busquei qualificação.

Paguei do próprio bolso vários cursos.

Tive de ser forte.

Como uma engenheira de 27 anos podia ir a uma reunião com executivos e se impor?

Pois eu me impunha.

“Não tem coisa mais difícil do que estudar Engenharia Química no Fundão”…

Se antes eu via a dor e o sofrimento dos trabalhadores, agora eu tinha de lidar com planilhas e egos.

Mas sabe o quê?

Eu me impus com a excelência do meu trabalho.

Sempre escutei muito os outros.

Questionava e perguntava.

Com a minha visão ampla, oferecia perspectivas inusitadas.

Tanto do ponto de vista dos problemas quanto das soluções.

Mulher, engenheira, trabalhando num ambiente masculino (já contei um pouco desse preconceito em outro post, o dos sutiãs pendurados, vou deixar o link nos comentários).

E eu pensando: “Não tem coisa mais difícil do que estudar Engenharia Química no Fundão”…

Mas eu buscava forças no meu interior.

E seguia em frente.

Até conquistar a admiração de colegas e superiores masculinos.

Quero aproveitar este #diadasmulheres, para contar a minha própria experiência.

Agora está na moda dizer que estamos todas juntas, uma mão puxa a outra.

Eu concordo e defendo isso.

Gostaria de ter tido esse respaldo na minha própria carreira.

Os meus superiores me entenderam e me apoiaram até mais do que as próprias mulheres que estavam em cargos acima do meu.

O que eu vi e vejo: muitas mulheres sobem para posições de liderança e acabam reforçando comportamentos masculinos tóxicos.

Entendo bem: a insegurança, a necessidade de demonstrar autoridade…

Eu também passei por isso: “Não tem coisa mais difícil do que estudar Engenharia Química no Fundão”…

Conexão com o outro.

Acolhimento.

Empatia.

Humildade.

Valores que precisam se transformar em ações.

Eu estendo a minha mão, vem comigo?