26 jul, 2024
Por Maria Helena Carneiro
Liderança Autêntica e Feminina: Transformação pelo Futuro
Esta semana concluí minha Pós-Graduação em Saúde Mental e Desenvolvimento Humano da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e tive a feliz notícia de que tirei 10,0 no projeto final. Para celebrar essa conquista e para o bem da curadoria de conteúdo da nossa rede aqui no LinkedIn, não vou postar o certificado e sim trazer um pouco sobre meu projeto, feito para ser aplicado nas empresas num momento em que a saúde mental das mulheres está pedindo socorro.
História Pessoal: Esse trabalho é espelho da minha carreira, da caminhada que fiz até chegar aqui, com muita dificuldade, preconceito, esforço e luta. Eu comecei como engenheira de bota e capacete, trabalhando em fábrica com ambiente masculino e machista. Logo que fui liderar um time de apenas homens, bem mais velhos e experientes que eu, ouvi que o “meme” do momento era que a nossa área estava cheia de sutiã pendurado. Minha equipe era fantástica e depois de nos conhecermos melhor, acho que eles entenderam sobre a minha seriedade e profissionalismo no trabalho.
Dedicatória: Esse projeto é dedicado às mulheres 50+ que chegaram até aqui sem apoio no mercado de trabalho. Convoco todas as mulheres 50- e os homens, para que se aliem à nossa causa, e que juntos, tornemos o caminho mais equitativo e leve para as mulheres.
Situação Problema: O cenário atual é alarmante: 45% das mulheres brasileiras possuem diagnósticos de transtornos mentais. As causas incluem falta de dinheiro, sobrecarga e insatisfação no trabalho, agravadas pela pandemia.(1) Em 2021, 42% das mulheres relataram sintomas de burnout.(2)
Justificativa: Em 2019, a OMS estimou que 970 milhões de pessoas viviam com algum transtorno mental, sendo a maioria mulheres. A pandemia exacerbou esse problema, evidenciando a necessidade urgente de intervenções no ambiente de trabalho. “As mulheres chegaram esgotadas em 2020, atravessaram uma das piores crises do século e, mesmo com seu fim, continuam esgotadas em 2023”.(1)
Objetivo Geral: Fortalecer o protagonismo feminino nas organizações, promovendo equidade de gênero, combatendo preconceitos e desconstruindo estereótipos através de programas de treinamento e desenvolvimento.
Fundamentação Teórica: Apesar dos avanços, a equidade de gênero ainda enfrenta grandes desafios. Mulheres chefiam 45% dos domicílios (3), mas ainda ganham 21% menos que os homens e enfrentam maior carga de trabalho doméstico e cuidado com a família (4). A fatia de mulheres que estão abaixo da linha de pobreza no Brasil supera a de homens (32,3% contra 30,9% dos homens), segundo IBGE 2022. Observando a interseccionalidade de gênero e raça, a situação é ainda mais grave para pretas ou pardas: o percentual é de 41,3%, quase o dobro das brancas 21,3%. (5)
Aplicação: A proposta do projeto está centrada em algo que é básico, mas que geralmente não recebemos como educação formal: alfabetização em equidade de gênero e letramento em saúde mental e emoções. Parece simples, talvez óbvio, mas infelizmente não é.
O projeto é apenas o primeiro passo, focando na sensibilização sobre as dores das mulheres e fornecendo conteúdo para que colaboradores, líderes e RHs possam equalizar seu repertório sobre esse tema tão relevante. É crucial ter um espaço de conscientização e debate de questões ainda estigmatizadas, visando alcançar a equidade, apoiar e acelerar as carreiras femininas, especialmente se a empresa está atenta às práticas de ESG.
Os Programas de Desenvolvimento incluem:
- Educação sobre Equidade de Gênero: Conhecer formalmente a evolução histórica das mulheres, direitos constitucionais e sociais, desafios contemporâneos em diversidade, equidade e inclusão da mulher no trabalho.
- Letramento em Saúde Mental: Introduzir de forma abrangente conceitos básicos de saúde mental, sintomas, estratégias de autocuidado, escuta ativa, recursos e suporte.
- Letramento em Emoções: Fornecer repertório sobre a autogestão das emoções e empatia. As emoções desempenham vários papéis no processo de raciocínio e, em certas ocasiões, podem ser um substituto para a razão, como propõe António R. Damásio.
Lideranças e RHs devem ser capazes de identificar e desconstruir vieses, e combater microagressões, transformando-as em microapoios.
Conclusão: Investir na saúde mental e no desenvolvimento humano das mulheres é crucial para o sucesso das organizações. Empresas que adotam estas práticas não apenas promovem um ambiente de trabalho mais saudável, mas melhoram a percepção de funcionários e do público sobre a marca empregadora, se destacam como líderes em responsabilidade social e igualdade de gênero e estão comprometidas com a agenda de Direitos Humanos.
Agradecimento: Agradeço aos queridos professores que tanto me ensinaram e inspiraram para este projeto, a Professora, Psicanalista e Escritora Regina Navarro Lins e o Professor, Terapeuta, Educador Parental, Pesquisador e Palestrante Renato Maiato Caminha . Meu obrigada também à Professora, Antropóloga, Pesquisadora e Escritora Mirian Goldenberg , à Professora, Board Member, Mentora, Palestrante e LinkedIn Creator Mariana Holanda e por fim ao Professor Saulo Pfeffer Geber por orientar o projeto com simplicidade, apoio, leveza e consistência.
E você? Que ações acha que as empresas devem fazer para promover a equidade de gênero?
Maria Helena Carneiro
Especialista em Desenvolvimento Humano, Carreira e Saúde Mental.
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Fontes Citadas:
1. Think Olga
2. Women in the Workplace – Mckinsey & Company e Lean In
3. Plataforma Gente
4. G1 – Desigualdade de Gênero
5. Uol – Folha de São Paulo – Pobreza