16 maio, 2025

Por Gilberto Ururahy

Número de casos de cânceres entre pessoas com menos de 50 anos aumenta

O número de novos casos de câncer precoce aumentou quase 80% no mundo todo em
menos de trinta anos. Esse aumento diz respeito principalmente a tumores digestivos e
de mama. Pesquisadores estão trabalhando para determinar as causas de um fenômeno
que alguns estão chamando de “epidemia emergente”.

Este é um novo indicador do aumento preocupante de casos de câncer entre as gerações
mais jovens. A França acaba de realizar, pela primeira vez, uma pesquisa sobre a
incidência e desenvolvimento em adolescentes e jovens adultos, de 15 a 39 anos. Este
trabalho, divulgado em março deste ano, mostra que a incidência de seis tipos de
câncer está aumentando constantemente entre 2000 e 2020: carcinomas colorretais
(+1,43% ao ano em média), mama (+1,60%), rim (+4,51%), linfomas de Hodgkin
(+1,86%), glioblastomas (+6,11%) e lipossarcomas (+3,68%). Financiado pela
instituição Liga contra o câncer, o estudo foi conduzido em parceria com o Instituto
Nacional do Câncer (INCa) francês.

Em todo o planeta, multiplicam-se os sinais de alerta quanto à progressão dos cânceres
“precoces”, definidos como aqueles que ocorrem em pessoas com menos de 50 anos.
Certamente, os tumores malignos continuam sendo uma patologia sobretudo dos
idosos, após os 65 anos. Mas esses cânceres de início precoce são cada vez mais
visíveis. Muitos pacientes jovens testemunharam, e os oncologistas dizem que estão
tratando cada vez mais deles em seus hospitais. Uma descoberta confirmada por
estudos epidemiológicos.

“O câncer de início precoce é uma epidemia global emergente?”, foi a pergunta que
cientistas fizeram em 2022 na Nature Reviews Clinical Oncology. Globalmente, o
número de novos casos entre pessoas com menos de 50 anos aumentou quase 80% em
menos de trinta anos, de 1,82 milhão em 1990 para 3,26 milhões em 2019, de acordo
com um artigo publicado no British Medical Journal Oncology em 2023. Este trabalho
foi realizado usando dados do Global Burden of Disease Study, abrangendo 29 tipos de
câncer em 204 países.

As causas exatas desse aumento ainda não estão claras, mas vários fatores são
suspeitos, alertam os autores. O estilo de vida ocidental, que combina sedentarismo,
alimentação com ultraprocessados, excesso de consumo de álcool e obesidade parece
desempenhar um papel fundamental. De acordo com estimativas da Agência
Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), quase 40% dos cânceres precoces
poderiam ser evitados agindo sobre esses fatores.

Álcool, tabaco e obesidade são as principais causas identificadas. Por exemplo, o
consumo de álcool aumenta o risco de câncer de mama em 15%, enquanto o sobrepeso
e a obesidade estão envolvidos em 13 a 17% dos casos de câncer digestivo e renal.
Alguns tipos de câncer digestivo, como o colorretal e o pancreático, são
particularmente sensíveis a exposições ambientais. Aditivos alimentares e pesticidas
podem alterar a microbiota intestinal e promover a formação de tumores. A
contracepção hormonal de longa duração também é objeto de estudo: mulheres que
usam contraceptivos hormonais de longa duração têm de 20% a 30% mais risco de
câncer de mama.

Diante dessas descobertas, os autores pedem que sejam fortalecidas as iniciativas de
conscientização sobre comportamentos de risco, principalmente no que diz respeito à
alimentação, à atividade física, ao consumo de tabaco e álcool e à exposição a
substâncias tóxicas. Melhorar a vigilância epidemiológica, especialmente por meio de
registros de câncer, é essencial para entender melhor as tendências atuais e antecipar
desenvolvimentos futuros.

Muitas vezes o rastreamento do câncer de mama começa aos 50 anos, enquanto o
aumento da incidência entre mulheres com menos de 50 anos pode justificar a redução
da idade para 45, ou até 40, para mulheres em risco. Já o rastreamento do câncer
colorretal começa aos 50 anos, mas vários estudos sugerem que o teste precoce, a partir
dos 45 anos, pode ser benéfico.

Melhorar os registros de monitoramento do câncer também ajudará a refinar os dados e
entender melhor as tendências futuras, de acordo com especialistas. Na ausência de
conscientização coletiva e medidas preventivas adequadas, as projeções indicam que,
até 2030, um em cada dez casos de câncer colorretal e um em cada quatro casos de
câncer retal afetarão pacientes com menos de 50 anos de idade.

Por isso, mais do que nunca, é preciso divulgar e estimular o estilo de vida saudável:
alimentação balanceada, sono de qualidade, prática de exercícios físicos e check-ups
regulares são fundamentais na busca de saúde.

Saúde é prevenção!