16 maio, 2022

Por Angela Vega

Os Dez Componentes do TE: Apreciação

Continuando nossa viagem pelos dez componentes do Thinking Environment (TE), trarei algumas reflexões sobre apreciação.

No nosso dia a dia, é mais comum usarmos a palavra “elogio” do que “apreciação”. E às vezes com um sentido distorcido e cercado por crenças para evitar o elogio, como por exemplo, “você não fez mais do que a obrigação”.

Em um treinamento, um líder de equipe me perguntou se fazer elogios “estragaria a pessoa”, reduzindo seu desempenho. Eu afirmei que isso não era possível, desde que o elogio fosse feito com sinceridade e não como adulação ou manipulação.

Segundo o dicionário, o elogio pressupõe um julgamento, uma avaliação. Já a apreciação seria o reconhecimento de uma qualidade da pessoa. No TE, a apreciação é definida como “perceber o que é bom e dizê-lo”.

E como a apreciação pode melhorar a qualidade dos nossos pensamentos e dos nossos resultados? Nancy Kline, a criadora do TE, reconhece a importância da apreciação e, por isso, na metodologia de coaching baseado no TE, as sessões terminam com uma troca de apreciações entre a/o coach e a/o cliente.

No ambiente empresarial, quantas oportunidades de apreciação são perdidas, por preconceito ou medo de “estragar” as pessoas? Para os líderes, sugiro estar atento/a para as oportunidades de apreciar qualidades presentes nas pessoas da equipe, para além da época de avaliação de desempenho (feedback). Ressaltando que a velha tática de “uma apreciação, uma crítica, uma apreciação” conhecida como “feedback sanduiche”, não dá certo porque as pessoas são inteligentes e percebem que a apreciação é manipulativa.

Com base em uma pesquisa realizada por John e Julie Gottman, Nancy Kline definiu que a razão ideal entre apreciação e crítica é de 5 para 1. Cinco apreciações para uma crítica. Podemos dizer que o mais comum é o inverso. Recebemos mais críticas do que apreciações. E por que isso acontece? Encontrei a resposta em uma palestra do Dr. Bob Nelson, especialista em motivação e engajamento, em que ele dizia que o ato de apreciar alguém é um aprendizado. Se fomos criados em um ambiente (na família, na escola, na sociedade) em que a apreciação era uma prática, o ato de apreciar se torna natural em nós. Caso contrário, precisamos exercitá-lo para que se desenvolva.

Aprendi no TE uma forma prática para fazer uma apreciação genuína com os 3 S (em português seriam 2S e 1E): Sucinto (Succint), Sincero (Sincere) e Específico (Specific).

Para ser sucinta, a apreciação precisa ser breve, concisa, evitando ser uma “rasgação de seda” o que a transformaria em bajulação, levando as pessoas alvo da apreciação a pensar em manipulação (“o que ele/ela quer de mim?”).

A característica da sinceridade é vital porque, desde os tempos ancestrais, viemos nos especializando em ler sinais faciais (para nos proteger do perigo) e nosso inconsciente capta a presença da falsidade. Às vezes como um incômodo que não sabemos explicar, mas ele está lá.

Ser específico permite que a pessoa possa reconhecer-se na apreciação e entender o porquê está sendo apreciada.

Podemos dizer que a apreciação possui dois lados: o dar e o receber. Muitas vezes, rejeitamos a apreciação por não nos sentirmos dignos de recebê-la. Respondemos com um “são seus olhos”, por exemplo, ou começamos a explicar por que recebemos aquela apreciação e o porquê de determinada característica nossa.

Ao receber uma apreciação, para que ela tenha o efeito desejado de melhorar seus pensamentos, simplesmente agradeça e beneficie-se. Lembre-se de corresponder e fazer da apreciação uma presença em sua vida.

 

Referências
.https://www.timetothink.com
.Nancy Kline. The Promise That Changes Everything: I Won’t Interrupt You. 2020.
.https://www.amazon.com.br/Promise-That-Changes-Everything-Interrupt/dp/0241423511
.https://eduvir.com.br/novo/2022/03/29/os-dez-componentes-do-te-atencao-e-igualdade/
.https://eduvir.com.br/novo/2022/04/26/os-dez-componentes-do-te-tranquilidade-e-sentimentos/
.Imagem: Gerd Altmann por Pixabay