“Senhores Passageiros, por favor, apertem os cintos de segurança, pois estamos atravessando uma área de turbulências”.
…e aí bate aquele friozinho na barriga, sem que tenhamos muito mais a fazer além de atender a solicitação recebida.
A leitura de jornais atualmente nos causa um friozinho semelhante. Notícias sobre o aumento da inflação, dos juros, sobre a redução dos níveis de investimento no país nos causam desconforto, apreensão e aquelas dúvidas:
– “como exatamente tudo isso afeta a minha empresa e a vida dos meus funcionários?”,
-“como se proteger dos impactos destes fatos?”
Lição aprendida desde sempre, devemos cuidar para que nossos gastos não superem as nossas receitas. Se não for assim, nos endividamos e este endividamento gera um novo custo para nós, o de pagamento de juros (o “custo do dinheiro”), originando, muitas vezes, a bola de neve do descontrole financeiro. Para “quebrar” este ciclo, sacrifícios são necessários sob a forma de redução de gastos, o popular “aperto dos cintos”.
Esse cenário simplificado se aplica ao orçamento da sua empresa, de seus funcionários, das famílias destes e também ao do nosso país.
No caso desse último, alguns pontos importantes merecem destaque para compreendermos as turbulências atuais:
No ano passado, a meta de Superávit Primário – definido como aquilo que o governo deve economizar para pagar os juros de sua dívida – não foi alcançada. Além disso, reajustes de tarifas chave da economia estavam represados – como a de energia elétrica e o preço do combustível – gerando desequilíbrios para as empresas fornecedoras e forte impacto nas contas de todos, quando ocorreram. Além disso, repasses em cascata destes aumentos aos preços de diversos produtos se fazem sentir a cada compra que fazemos. O resultado? O dragão da inflação voltou a preocupar os brasileiros, as famílias, as empresas. Ainda que estes grupos consigam manter suas expectativas de receita, a inflação gera pressões por corte de custos que compensem os aumentos inesperados, visando reduzir desequilíbrios nos orçamentos. No caso das empresas, não é raro que a repercussão disso se dê sob a forma de redução do número de funcionários, gerando a preocupação adicional aos cidadãos: o risco de desemprego.
Em momentos de pressão inflacionária, o Banco Central, com sua missão primária de defender o valor de nossa moeda, (ou seja, de combater a inflação), promove aumentos da taxa de juros para frear o nível de atividade econômica, reduzindo os repasses de aumentos de preços, até que se restabeleça o equilíbrio entre a oferta e a demanda dos produtos. Mas leva um tempo!
Enquanto isso não acontece, o contexto citado acima gera desconfiança aos empresários e investidores diante de suas decisões de investimentos. Como ter segurança em avaliações de investimentos em cenário de inflação e juros crescentes, incertezas sobre reajustes tarifários, dúvidas quanto à possibilidade de alterações de políticas e tributos? O resultado? O adiamento de novos investimentos, quando possível, ou a limitação de planos em andamento ao mínimo necessário, até que um cenário mais claro e confiável se delineie. A consequência a isso chega à sociedade sob a forma de redução nos gastos, nas contratações e, muitas vezes também, de mais demissões.
Como o governo pode promover um retorno ao ciclo de prosperidade? As palavras “confiança e credibilidade” são o ponto de partida! “Previsibilidade” também! Ainda que remédios amargos como o Ajuste Fiscal sejam necessários, se esses forem expostos à sociedade dentro de um plano coerente, sem surpresas ou mágicas, a confiança se restabelece e os empresários, as famílias e cidadãos “saem da defensiva”.
Diz um ditado que a imprevisibilidade é o que há de mais previsível na vida.
A história mostra que a economia ocorre em ciclos.
Para nos sentirmos menos vulneráveis aos imprevistos e aos ciclos mais turbulentos como o atual, fica clara a importância de termos – empresas e cidadãos – o domínio sobre nossos orçamentos anuais. Com esse instrumento, ajustes no sentido de garantir o equilíbrio das contas em momentos de mudanças na conjuntura econômica são feitos de forma mais rápida e eficiente.
A busca contínua por resultados positivos e pela formação de uma reserva financeira são favorecidos pelo sólido Planejamento Financeiro e representam também uma proteção para os momentos de adversidades e incertezas.
As turbulências e o amargor dos remédios podem, assim, ser bem menos traumáticos.
Muito bom! As turbulências ainda deverão ser maiores e precisamos nos preparar para elas.
Belo resumo da forma como a politica econômica está atingindo o cidadão comum e como lidar com isto, parabéns!