O isolamento traz consequências para a saúde de todo o corpo
A adoção do isolamento social como estratégia para evitar a contaminação por coronavírus mira no que vê mas, por tabela, acerta no que não vê. Se é fato que o distanciamento retarda a propagação da doença, também é verdade que a quarentena impõe uma série de outras doenças como efeitos colaterais típicos de medida tão restritiva.
Listo aqui algumas mais comuns: doenças cardio e cérebro vasculares (como arritmias, infartos, AVCs e hipertensão arterial), doenças metabólicas (por exemplo, acumulo de gordura no fígado, diabetes, obesidade e aumento de peso), adrenalina e cortisol em excesso, aumento do sedentarismo, depressão, síndrome de burn-out (esgotamento), ansiedade induzida pelo medo, insônia, alcoolismo e uso abusivo de remédios ansiolíticos e antidepressivos.
O distanciamento se mostra ainda mais sensível entre os idosos. Pesquisa da Universidade de Chicago aponta que o isolamento aumenta em 14% as chances de um idoso morrer prematuramente. O estudo indicou ainda que a quarentena oferece o dobro de riscos de obesidade entre pessoas dessa faixa etária.
O homem é único em todas as suas dimensões. Nenhum organismo é igual a outro, portanto as mesmas doenças se manifestam de forma muito individual em cada pessoa. É inegável, por exemplo, que muitos sofrerão de estresse pós-traumático em decorrência da pandemia. Quando acabar o isolamento, metade ou mais da população estará imunizada. E é muito provável que o balanço de vítimas no pós-pandemia será maior em consequência do isolamento do que em função do vírus, se considerarmos os danos físicos e mentais.
Ninguém discorda que a Covid-19 deve ser enfrentada com seriedade e empenho. Na guerra que estamos travando contra o coronavírus, não podemos aguardar passivamente que ele se espalhe. Precisamos enfrentá-lo sem medo. Nossas armas estão bem definidas: máscaras, higiene pessoal e distanciamento social, protegendo nossos idosos com comorbidades, mas também atentos aos possíveis danos colaterais que a medida extrema trará no futuro.
Fonte: https://vejario.abril.com.br/blog/gilberto-ururahy/a-quarentena-e-seus-efeitos-colaterais/
Imagem: Muitos sofrerão de estresse pós-traumático em decorrência da pandemia. Pixabay/Reprodução
Agradecendo o convite de Beth Accurso para comentar o texto preciso e precioso do prezado Dr. Gilberto Ururahy, me resta apenas … concordar inteiramente com o fato de que o remédio, a saber: isolamento social, tem seus efeitos devastadores sobre a psiqué humana. Estamos em plena Pandemia e ainda pouco sabemos como lidar com ela. O medo é nosso companheiro diário há meses. Ele é um bom alerta, mas nada nos ensina. Só nos avisa sobre o perigo iminente, ao mesmo tempo que nos paralisa. Temos visto que a ele, segue-se a tristeza. Seja pelo afastamento de nossos entes queridos, pela obrigatória modificação completa de nossos hábitos diários, pelo confinamento e correlatos. Isto não é sem consequencias importantes para nossos corpos mas sobretudo para nossas mentes, sabendo-se que não existe uma divisão real entre estes e sim que são um único “sistema”. Mas ela (a Pandemia) tb nos ensina alguma coisa, ainda que pobre. Porém o que vai nos ajudar certamente será um tipo de indignação que nos tira e tirará da inércia e nos fará, com esperança , buscar as mudanças necessárias e produtivas que nos farão de fato, adaptar-nos, uns mais que outros, ao dito “novo normal”… É por demais relevante a importância que o Dr. Ururahy atribui aos consequentes transtornos mentais decorrentes desta situação a que temos sido submetidos.Tb estes ainda são pouco conhecidos, mas já nos sinalizam que precisamos cuidar, e muito, de nossa saúde mental. A meu ver chamaria de efeitos do “Transtorno de Adaptção”, o que estamos sentindo. O que não é menos importante do que o “Transtorno Pós-traumático”. Mas que, com a nossa resilência e esperança, buscando as ajudas e apoios necessários e corretos, conseguiremos usufruir de forma saudável, da luz que parece já vir surgindo no fim deste terrível tunel. Sim, jamais seremos os mesmos… mas podemos ser até melhores. Isto vai depende de cada um de nós e de nossas vivências. Parabéns à Eduvir por mais esta pérola de texto. Obrigada!