A palavra empatia passou a frequentar as páginas de revistas e as bocas de muitos palestrantes. A minha inclusive. A revista Época Negócios de fevereiro de 2018, sobre Educação Executiva, afirmava que os líderes do futuro serão treinados em soft skills (habilidades pessoais e interpessoais) em contraposição às hard skills (habilidades e conhecimentos técnicos). E a empatia é uma dessas soft skills. Soube de uma empresa que fez a seleção final baseada na empatia. A capacidade técnica dos candidatos era equivalente e o que os diferenciou foi a capacidade de empatia.
O conhecido jornal Financial Times publicou uma matéria sobre trocar o treinamento em ética por empatia. A ética trata do bem comum e a empatia estabelece a conexão pessoa a pessoa.
Marshall Rosenberg, criador da CNV (Comunicação Não-violenta) diz que “empatia é a compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo”.
E compreender não pressupõe aceitar ou rejeitar. O olhar empático implica em suspender o julgamento e buscar entender que o outro teve suas razões (sua história, suas crenças, sentimentos etc.) para ter tido aquele comportamento ou atitude, para ter dito o que disse.
Empatia não é simpatia ou antipatia… Qualquer desses dois implica em escolher uma posição a favor ou contra. Empatia implica em aceitar que o outro é diferente de nós.
Em um vídeo delicado e direto, Brené Brown explica o que é empatia. Começa dizendo que, enquanto a empatia atrai a conexão, a simpatia a afasta. Para estabelecer uma conexão com o outro, precisamos estar conectados primeiro com nós mesmos. Perceber nossos sentimentos, nossas necessidades.
Empatia fala de vulnerabilidade… De não ter todas as respostas.
O filósofo social Roman Krznaric idealizou o Museu da Empatia, em Londres. Uma grande caixa de sapato e dentro dela você pode escolher e calçar um par de sapatos, ao mesmo tempo em que ouve um áudio com a pessoa, dona do sapato, contando uma parte de sua história. É possível concretamente calçar o sapato do outro. Uma vivência profunda que pude experimentar quando o Museu esteve no Ibirapuera em 2017.
Empatia não é educar a outra pessoa, nem competir pelo sofrimento, nem consolar. Dizer ao outro o que fazer, é assumir que as suas ideias são melhores e que você possui as respostas.
Empatia é poder dizer ao outro que você está ao seu lado, independente se concorda ou não com as razões dele. Cada indivíduo é único.
Como exercitar a empatia? O primeiro passo é ouvir atentamente o outro e para isso, precisamos estar presentes; de corpo, alma e espírito. No aqui e agora, não no ontem ou no amanhã. E, esse ouvir precisa ser qualificado… Gostei muito da inversão feita pelo autor Paulo Coelho na frase “as paredes tem ouvidos”. A versão atual, segundo ele, seria “os ouvidos tem paredes”. Quando estivermos com outras pessoas, vamos lembrar de suspender as paredes para poder ouvir os pensamentos, sentimentos e necessidades do outro.
Exercitando a empatia, desenvolveremos a possibilidade de expandir nossa visão de mundo para incluir as visões de outras pessoas; e lapidaremos nossa convivência em sociedade.
E você, qual insight surgiu pela leitura? Como pretende exercitar a empatia?
Fontes:
Livro: Comunicação não-violenta – Marshall Rosenberg – Ed. Ágora
Site Center for Nonviolent Communication: https://www.cnvc.org/
Vídeo “O poder da empatia”: https://www.youtube.com/watch?v=4pADHGRNgbI
Li seu post com empatia, sem filtros e meu coração se expandiu! Obrigada.
Excelente e oportuna reflexão. Neste momento onde as opiniões são tão extremistas, temos de exercitar muito a empatia e desenvolver a compaixão.
Uma técnica bem interessante para praticar a empatia é o caminhar empático (empathy walk), onde saímos para uma caminhada com alguém que pensa diferente e nos permitimos falar a partir do coração, sem interferências ou réplicas, cada um a seu turno.
Angela, que maravilha de texto. Minha reflexão é como é preciso que se exercite a empatia como uma aula de academia. Não é fácil, a gente tem muito mais disposição para simpatizar e tudo fica bem simples. Obrigada!
Adorei, vou tentar, testar, tentar novamente até ser natural. Bj
Muito bom seu texto Angela, parabéns. Me trouxe várias reflexões. Assunto muito atual -de ontem, hoje e amanhã. Obrigada e um beijinho
Excelente texto. Bastante claro e esclarecedor, gostoso de ler. Importante nessa epoca em que muitos termos viram modismo e sao usados sem que se saiba o real significado. Show!