Novos Hábitos ou Velhos Hábitos

Novos Hábitos ou Velhos Hábitos

Como coach e consultora em mudança organizacional, tenho interesse no comportamento humano. Comportamentos são a face visível das mudanças, sejam pessoais ou organizacionais.

Faz 2 semanas, em uma visita a uma livraria, me encontrei com um livro. Pura serendipidade (serendipity, em inglês, que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso). Eu estava sentada, tinha acabado de folhear os livros apanhados nas estantes e, decidi esticar a mão para trás e apanhar o livro que estava na banca, às minhas costas. Grata surpresa: “Melhor do que Antes – O que aprendi sobre criar e abandonar hábitos”, de Gretchen Rubin. Ao ver que um dos comentários ao livro vinha de Charles Duhigg, de “O poder do hábito”, que eu li e adorei, fiquei curiosa. Uma folheada e a compra foi inevitável. E mergulhei nele por 5 dias.

Gretchen inicia seu livro dizendo que “os hábitos são a arquitetura invisível do nosso dia a dia” e que por isso “se mudamos nossos hábitos, mudamos nossas vidas”. E o livro trata exatamente de como podemos mudar nossos hábitos.

Eu pensei logo em fazer um inventário de hábitos. Os hábitos que eu tenho e gosto, os hábitos que tenho e não gosto e os hábitos que quero adquirir.
No livro, ela define hábito como “um comportamento recorrente, marcado por um contexto específico, que frequentemente acontece sem muita consciência ou voluntariedade e é adquirido por meio de repetição reiterada. ” E o bom dos hábitos é a liberação da nossa capacidade mental para outras atividades, já que os hábitos são realizados “sem pensar”.

Logo no começo, reforçando a importância do autoconhecimento, Gretchen criou uma classificação em 4 tendências, dependentes de como você reage às expectativas internas e externas. Dessa definição, dependem as estratégias e a forma de adquirir novos hábitos. Qual é a sua? Eu percebi que sou sustentadora.

Sustentadores – respondem às expectativas externas e internas

Questionadores – resistem às expectativas externas e respondem às expectativas internas

Condescendentes – respondem às expectativas externas e resistem às expectativas internas

Rebeldes – resistem às expectativas externas e internas.

Durante o livro, são apresentadas várias estratégias para mudar e incorporar hábitos, e eu fui me identificando com algumas delas e pensando em como incorporar outras.

O livro é um misto de experiência pessoal, vivências de outras pessoas, pesquisas na literatura e grandes sacadas.

A citação de frases de autores famosos é um ponto alto, como a que ilustra a estratégia da Abstenção. Ao ser convidado a tomar um pouco de vinho, Samuel Johnson (ensaísta do século XVIII) responde: “Não consigo beber um pouco, meu filho; portanto, nunca toco no vinho. A abstinência é tão fácil para mim quanto a moderação seria difícil. ” E, uma tirada que considerei genial, “uma forma de me privar sem criar um sentimento de privação é me privar totalmente”. Sem julgamento, puro pragmatismo.

No capítulo que trata da melhor hora para começar, ela apresenta a estratégia chamada Iluminação. Lembrei então que o livro “A Dieta do Yin e do Yang”, do médico João Curvo, teve esse efeito em mim. Percebendo que eu era Yang e que a carne vermelha, classificada como Yang, reforçava esta qualidade em mim, decidi deixar de comê-la. Não me tornei vegetariana total e filosoficamente. Posso dizer que minha vida ficou mais tranquila. E, por muito tempo, fiquei sem comer carne vermelha. Ainda hoje não é minha primeira escolha.

Certamente, a decisão e os primeiros passos para a aquisição de novos hábitos nos exigem escolhas e, as estratégias apresentadas no livro “Melhor do que Antes”, podem nos ajudar a sermos bem-sucedidos.

Referências:
Página da Gretchen Rubin (em inglês) – http://gretchenrubin.com/
Extrato do livro (em português) – http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/88152.pdf

Desenhando metas para o novo ano. 2016 já começou!

Desenhando metas para o novo ano. 2016 já começou!

Nesta época, ao iniciar-se o ano, é como se ganhássemos uma folha em branco que nos pede para definirmos o que queremos da nossa vida.

Algumas pessoas acreditam que, ao escreverem suas metas, limitarão suas possibilidades e se sentirão presas a elas.

Já faz muito tempo que tenho o hábito de escrever minhas metas para o ano.  Minha primeira inspiração chegou pelos livros do jornalista americano Napoleon Hill, que tinha realizado um estudo, entrevistando pessoas bem-sucedidas e descobriu que ter um propósito definido era um dos componentes para que os resultados fossem obtidos.

No início, eu fazia uma lista sem ordenação. Com o passar dos anos, experimentei algumas classificações em blocos segundo as diferentes áreas da vida (pessoal, familiar, marido, filho, financeiras, profissionais…).

Ao fazer a lista não ficava “estressada” em acompanhá-la durante o ano. Algumas vezes, fiz reavaliações trimestrais, em outros anos, semestrais. A maior parte das vezes, fazia somente uma avaliação ao final do ano, quando ia escrever as metas para o ano seguinte.

Posso dizer que me surpreendi muitas vezes ao perceber que as metas que tinha projetado para o ano, haviam sido cumpridas. Oportunidades surgiram para que eu obtivesse o que tinha escrito.

Este ano, farei novamente meu ritual. Olhar para as metas do ano anterior e pensar quais serão minhas metas de autodesenvolvimento para este ano. Por onde passarão meus caminhos, por onde eu me levarei.

Convido vocês a me acompanharem neste ritual e compartilho as dimensões que uso para projetar (ou desenhar) meu ano. Se você escrever suas metas e alcançá-las, volte para me contar no próximo início de ano, ok?

Proposta de Dimensões: Física (Saúde), Financeira, Profissional, Lazer, Família, Relacionamento com Parceiro(a), Equilíbrio Emocional, Atuação Social, Desenvolvimento Intelectual, Desenvolvimento Espiritual.

Você poderá usar esta meditação para pensar nas suas metas para 2016.

Com firmeza eu ocupo meu lugar no mundo,          (concentrar-se na perna esquerda)

Com certeza eu caminho pela vida,                            (concentrar-se na perna direita)

Com amor no íntimo do meu ser,                               (concentrar-se no braço esquerdo)

Com esperança em tudo que eu faço,                         (concentrar-se no braço direito)

Com confiança no meu pensar,                                   (concentrar-se na cabeça)

Essas cinco me levam à minha meta.

(Rudolf Steiner)

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Em busca da paz em mim

Em busca da paz em mim

(porque não posso buscar a paz no outro!!!)

Em meio à tantos episódios de violência com que tenho entrando em contato ultimamente, próximos ou distantes, busco uma forma de lidar com meus pensamentos e sentimentos.

Otto Scharmer, professor sênior do Massachussets Institute of Technology (MIT), em seu livro “Liderar a partir do futuro que emerge”, considera que estamos vivendo fragmentações em 3 dimensões: ecológica (desconexão eu – natureza), social (desconexão eu – Outros) e espiritual-cultural (desconexão eu – Eu).

Quando leio sobre isso, vou ao passado, nos anos 90, e lembro do movimento “A Arte de Viver em Paz”, idealizado por Pierre Weil (grande personalidade, falecido em 2008, autor do famoso livro “O Corpo Fala”) e endossado pela ONU. Fiz o treinamento para facilitadora e uma das coisas que mais me chamou atenção era o perceber que a natureza está em nós e nós estamos na natureza. Somos uma coisa só. Aparentemente, esse “conceito” é óbvio. Entretanto, quando o sentimos e percebemos no corpo, o “conceito” pode passar a ser vivo. Podemos observar que temos a natureza dentro de nós: o reino mineral nos ossos, o reino vegetal e animal na flora e fauna intestinal…

https://www.youtube.com/watch?v=FMZdItk_vJo

Práticas que nos façam ficar mais conscientes de nossas ações, como a meditação, podem nos levar a desenvolver esta paz interior que transbordará para o exterior e poderá curar o mundo. Alguns pensam que para meditar é preciso prática, método, que é somente para iniciados… Para ser um iniciado, basta iniciar… Que sejam 5 minutos no início do dia, isso já nos prepara para os encontros e desencontros que possam surgir.

E você, quanto tempo dedica para buscar a sua paz interior?

A Dança da Paz

Germinam desejos da alma
Crescem ações do querer
Amadurecem frutos da vida.

Eu sinto meu destino,
Meu destino me encontra.
Eu sinto minha estrela,
Minha estrela me encontra.

Eu sinto minhas metas,
Minhas metas me encontram.
Minha alma e o mundo são somente um.

A vida, fica mais clara ao meu redor,
A vida, fica mais difícil para mim,
A vida, fica mais rica em mim.

Aspire a paz,
Viva em paz,
Ame a paz.

(Rudolf Steiner)

Para saber mais:

Otto Scharmer – “Liderar a partir do futuro que emerge”
Arthur Zajonc – “Meditação Como Indagação Contemplativa”
Daniel Goleman – “A arte da meditação”
Anselm Grün – “O poder do silêncio”

Ritmos – Companheiros nossos de todo dia

Ritmos – Companheiros nossos de todo dia

Uma constatação: os ritmos fazem parte da nossa vida. Você já se deu conta? O dia é o mais perceptível: manhã, tarde, noite. A presença da luz solar nos impacta, ainda que possamos ser matutinos ou vespertinos, segundo nosso relógio biológico. Internamente, os órgãos também têm ritmos. Nos dias da semana, dependendo da língua, estão ocultas as referências à liturgia católica (terminação em feira: segunda-feira, terça-feira etc.) e aos deuses (e planetas). Os ritmos lunares (28 dias) estão conectados ao nascimento e são visíveis ao acompanharmos as fases da lua (cheia, minguante, nova e crescente). Os 12 meses do ano trazem consigo as estações: primavera, verão, outono e inverno. No Brasil, mesmo que não possamos observar uma perfeita e clara divisão entre as estações, alguns sinais se apresentam.

Você tem observado a natureza? Externa e interna?

Segundo os estudos da biografia humana, a criança precisa receber (dos pais, da escola) ritmos para que ela se sinta segura e possa se desenvolver de forma adequada. Já na fase adulta, cabe a nós escolher e navegar pelos ritmos.

E, em um mundo que nos apresenta muitas possibilidades de dispersão, a atenção aos ritmos nos mantém centrados e presentes. Que dia é hoje? Em qual fase da lua estamos? Qual a estação do ano?

Em algumas épocas, uso as cores dos planetas para me conectar aos dias da semana e encontrei no papel de parede do celular, aplicativos que refletem as estações do ano. Além disso, sempre que posso dou uma olhadinha para o céu e procuro a lua…
E você? Está conectada(o) com seus ritmos internos e externos?

Dias da semana

Segunda-feira – Monday – Lundi – Lunes – dia da Lua (lilás)

Terça-feira – Tuesday – Mardi – Martes – dia de Marte (vermelho)

Quarta-feira – Wednesday – Mercredi – Miércoles – dia de Mercúrio (amarelo)

Quinta-feira – Thursday – Jeudi – Jueves – dia de Júpiter (laranja)

Sexta-feira – Friday – Vendredi – Viernes – dia de Vênus (verde)

Sábado – Saturday – Samedi – Sábado – dia de Saturno (azul escuro)

Domingo – Sunday – Dimanche – Domingo – dia do Sol (branco)

Crise: não, obrigada(o)! Ou: sim por favor!

Crise: não, obrigada(o)! Ou: sim por favor!

Crise é um tema sobre o qual muito se escreve. A crise mundial, a crise econômica, a crise política, a crise de valores, e outras mais…

Há várias formas de se lidar com uma crise. Alguns a encaram de frente e outros optam por negá-la, tomando uma das “pílulas da felicidade”.

O que é a crise? Crise, palavra de origem grega, Krisis, que pode significar ruptura, separação, decisão, julgamento e escolha. Na Grécia, a palavra crise era usada para indicar o ponto de virada em uma decisão, argumento ou doença. Hipócrates, pai da Medicina, chamava de crise o ponto no qual o doente podia melhorar ou piorar. Tudo fica diferente depois de uma crise, considerando que haverá uma mudança para alguma direção.

Na abordagem da biografia humana, com a vida dividida em setênios (sete anos), as crises podem ser vistas como oportunidades de desenvolvimento do ser humano. E o que podemos desenvolver? Nossa força interna, despertar nosso sentido de viver, nossa missão… O certo é que vamos passar pelas crises, aprendendo ou não as lições necessárias.

Crise da Identidade – 21 anos

Surge a primeira crise. Com a chegada da maturidade, o jovem busca seu caminho e sua diferenciação da família. Qual é a minha identidade? Quem sou eu? Alguns já se iniciaram na profissão, por conta de uma formação técnica ou estão fazendo um curso superior e pode surgir a questão: esta profissão faz sentido para mim?

Crise dos Talentos – 28 anos

As aptidões com as quais nascemos são colocadas em xeque. São efetivamente minhas ou pertencem ao meu passado? Quais aptidões, a partir de esforço próprio, preciso desenvolver para o futuro? Podem surgir dúvidas: “Estou no caminho? Que caminho devo seguir? ”

Crise da Autenticidade – 35 anos

Nesta fase, a tarefa de desenvolvimento é transformar a crítica externa em autocrítica. Somos levados a questionar: “Quem sou eu, realmente? Quais são as minhas potencialidades? Quais são meus valores? Quais são meus limites? Como posso ser autêntico(a) em minha ação? Em que dimensões da minha vida não vivo de acordo com meus valores?”

Crise Existencial – 42 anos

A biografia humana situa aos 42 anos, a chamada “crise dos 40”. Podemos dizer que estamos no alto de uma montanha e enxergar toda a paisagem. Nesta fase, sentimos o decaimento das forças físicas e o futuro está efetivamente em nossas mãos, dependente de nosso esforço pessoal. Como encontrar um novo patamar e encarar novas dimensões da vida?

Quanto mais nos dispusermos a viver nossas crises, mais estaremos fortalecendo nosso Eu, para vivermos nossa missão individual, seja ela qual for, e dar nossa contribuição à humanidade.

“Perseverar é aprender,
aprender é praticar,
praticar é repetir,
repetir é ganhar experiência,
experiência é crise,
crise é prova,
prova é fortalecimento,
fortalecimento é liberdade,
liberdade é criar do nada,
criar do nada é transformar,
transformar é caminho e fim ao mesmo tempo. ”
– Rudolf Steiner.

Bibliografia indicada:
Tomar a vida nas próprias mãos – Dra. Gudrun Burkhard – Ed. Antroposófica
Harmonia e Saúde – Dra. Gudrun Burkhard – LUAAMA