by Angela Vega | dez 8, 2015 | Angela |
(porque não posso buscar a paz no outro!!!)
Em meio à tantos episódios de violência com que tenho entrando em contato ultimamente, próximos ou distantes, busco uma forma de lidar com meus pensamentos e sentimentos.
Otto Scharmer, professor sênior do Massachussets Institute of Technology (MIT), em seu livro “Liderar a partir do futuro que emerge”, considera que estamos vivendo fragmentações em 3 dimensões: ecológica (desconexão eu – natureza), social (desconexão eu – Outros) e espiritual-cultural (desconexão eu – Eu).
Quando leio sobre isso, vou ao passado, nos anos 90, e lembro do movimento “A Arte de Viver em Paz”, idealizado por Pierre Weil (grande personalidade, falecido em 2008, autor do famoso livro “O Corpo Fala”) e endossado pela ONU. Fiz o treinamento para facilitadora e uma das coisas que mais me chamou atenção era o perceber que a natureza está em nós e nós estamos na natureza. Somos uma coisa só. Aparentemente, esse “conceito” é óbvio. Entretanto, quando o sentimos e percebemos no corpo, o “conceito” pode passar a ser vivo. Podemos observar que temos a natureza dentro de nós: o reino mineral nos ossos, o reino vegetal e animal na flora e fauna intestinal…
https://www.youtube.com/watch?v=FMZdItk_vJo
Práticas que nos façam ficar mais conscientes de nossas ações, como a meditação, podem nos levar a desenvolver esta paz interior que transbordará para o exterior e poderá curar o mundo. Alguns pensam que para meditar é preciso prática, método, que é somente para iniciados… Para ser um iniciado, basta iniciar… Que sejam 5 minutos no início do dia, isso já nos prepara para os encontros e desencontros que possam surgir.
E você, quanto tempo dedica para buscar a sua paz interior?
A Dança da Paz
Germinam desejos da alma
Crescem ações do querer
Amadurecem frutos da vida.
Eu sinto meu destino,
Meu destino me encontra.
Eu sinto minha estrela,
Minha estrela me encontra.
Eu sinto minhas metas,
Minhas metas me encontram.
Minha alma e o mundo são somente um.
A vida, fica mais clara ao meu redor,
A vida, fica mais difícil para mim,
A vida, fica mais rica em mim.
Aspire a paz,
Viva em paz,
Ame a paz.
(Rudolf Steiner)
Para saber mais:
Otto Scharmer – “Liderar a partir do futuro que emerge”
Arthur Zajonc – “Meditação Como Indagação Contemplativa”
Daniel Goleman – “A arte da meditação”
Anselm Grün – “O poder do silêncio”
by Angela Vega | jul 2, 2015 | Angela |
Uma constatação: os ritmos fazem parte da nossa vida. Você já se deu conta? O dia é o mais perceptível: manhã, tarde, noite. A presença da luz solar nos impacta, ainda que possamos ser matutinos ou vespertinos, segundo nosso relógio biológico. Internamente, os órgãos também têm ritmos. Nos dias da semana, dependendo da língua, estão ocultas as referências à liturgia católica (terminação em feira: segunda-feira, terça-feira etc.) e aos deuses (e planetas). Os ritmos lunares (28 dias) estão conectados ao nascimento e são visíveis ao acompanharmos as fases da lua (cheia, minguante, nova e crescente). Os 12 meses do ano trazem consigo as estações: primavera, verão, outono e inverno. No Brasil, mesmo que não possamos observar uma perfeita e clara divisão entre as estações, alguns sinais se apresentam.
Você tem observado a natureza? Externa e interna?
Segundo os estudos da biografia humana, a criança precisa receber (dos pais, da escola) ritmos para que ela se sinta segura e possa se desenvolver de forma adequada. Já na fase adulta, cabe a nós escolher e navegar pelos ritmos.
E, em um mundo que nos apresenta muitas possibilidades de dispersão, a atenção aos ritmos nos mantém centrados e presentes. Que dia é hoje? Em qual fase da lua estamos? Qual a estação do ano?
Em algumas épocas, uso as cores dos planetas para me conectar aos dias da semana e encontrei no papel de parede do celular, aplicativos que refletem as estações do ano. Além disso, sempre que posso dou uma olhadinha para o céu e procuro a lua…
E você? Está conectada(o) com seus ritmos internos e externos?
Dias da semana
Segunda-feira – Monday – Lundi – Lunes – dia da Lua (lilás)
Terça-feira – Tuesday – Mardi – Martes – dia de Marte (vermelho)
Quarta-feira – Wednesday – Mercredi – Miércoles – dia de Mercúrio (amarelo)
Quinta-feira – Thursday – Jeudi – Jueves – dia de Júpiter (laranja)
Sexta-feira – Friday – Vendredi – Viernes – dia de Vênus (verde)
Sábado – Saturday – Samedi – Sábado – dia de Saturno (azul escuro)
Domingo – Sunday – Dimanche – Domingo – dia do Sol (branco)
by Angela Vega | maio 11, 2015 | Angela |
Crise é um tema sobre o qual muito se escreve. A crise mundial, a crise econômica, a crise política, a crise de valores, e outras mais…
Há várias formas de se lidar com uma crise. Alguns a encaram de frente e outros optam por negá-la, tomando uma das “pílulas da felicidade”.
O que é a crise? Crise, palavra de origem grega, Krisis, que pode significar ruptura, separação, decisão, julgamento e escolha. Na Grécia, a palavra crise era usada para indicar o ponto de virada em uma decisão, argumento ou doença. Hipócrates, pai da Medicina, chamava de crise o ponto no qual o doente podia melhorar ou piorar. Tudo fica diferente depois de uma crise, considerando que haverá uma mudança para alguma direção.
Na abordagem da biografia humana, com a vida dividida em setênios (sete anos), as crises podem ser vistas como oportunidades de desenvolvimento do ser humano. E o que podemos desenvolver? Nossa força interna, despertar nosso sentido de viver, nossa missão… O certo é que vamos passar pelas crises, aprendendo ou não as lições necessárias.
Crise da Identidade – 21 anos
Surge a primeira crise. Com a chegada da maturidade, o jovem busca seu caminho e sua diferenciação da família. Qual é a minha identidade? Quem sou eu? Alguns já se iniciaram na profissão, por conta de uma formação técnica ou estão fazendo um curso superior e pode surgir a questão: esta profissão faz sentido para mim?
Crise dos Talentos – 28 anos
As aptidões com as quais nascemos são colocadas em xeque. São efetivamente minhas ou pertencem ao meu passado? Quais aptidões, a partir de esforço próprio, preciso desenvolver para o futuro? Podem surgir dúvidas: “Estou no caminho? Que caminho devo seguir? ”
Crise da Autenticidade – 35 anos
Nesta fase, a tarefa de desenvolvimento é transformar a crítica externa em autocrítica. Somos levados a questionar: “Quem sou eu, realmente? Quais são as minhas potencialidades? Quais são meus valores? Quais são meus limites? Como posso ser autêntico(a) em minha ação? Em que dimensões da minha vida não vivo de acordo com meus valores?”
Crise Existencial – 42 anos
A biografia humana situa aos 42 anos, a chamada “crise dos 40”. Podemos dizer que estamos no alto de uma montanha e enxergar toda a paisagem. Nesta fase, sentimos o decaimento das forças físicas e o futuro está efetivamente em nossas mãos, dependente de nosso esforço pessoal. Como encontrar um novo patamar e encarar novas dimensões da vida?
Quanto mais nos dispusermos a viver nossas crises, mais estaremos fortalecendo nosso Eu, para vivermos nossa missão individual, seja ela qual for, e dar nossa contribuição à humanidade.
“Perseverar é aprender,
aprender é praticar,
praticar é repetir,
repetir é ganhar experiência,
experiência é crise,
crise é prova,
prova é fortalecimento,
fortalecimento é liberdade,
liberdade é criar do nada,
criar do nada é transformar,
transformar é caminho e fim ao mesmo tempo. ”
– Rudolf Steiner.
Bibliografia indicada:
Tomar a vida nas próprias mãos – Dra. Gudrun Burkhard – Ed. Antroposófica
Harmonia e Saúde – Dra. Gudrun Burkhard – LUAAMA
by Angela Vega | abr 7, 2015 | Angela |
No dicionário, a palavra biografia é definida como “a descrição ou história da vida de uma pessoa”.
Normalmente, relacionamos a palavra biografia aos livros (alguns depois transformados em filmes) escritos sobre personalidades. Neste conjunto, estão também as autobiografias. Elas têm o poder de nos inspirar, nos divertir ou nos fazer chorar, pela conexão que fazemos com as histórias vividas e ali relatadas.
Nem sempre nos damos conta de que, em nosso dia-a-dia, também construímos uma biografia: a nossa.
Cada acontecimento, cada gesto, cada decisão, cada ação vai somando-se à nossa biografia.
Cada biografia é única e, mesmo assim, podemos dizer que todos os seres humanos compartilham leis universais. Na Grécia antiga, o pensador Sólon, já dividia a vida em períodos de 7 anos (setênios) e o filósofo e educador Rudolf Steiner desenhou as leis biográficas. Nestas, a cada setênio, ocorrem marcos comuns e crises que podem levar ao nosso desenvolvimento.
Para iniciar nossa conversa-reflexão sobre as fases da vida, podemos usar quatro lindas imagens pintadas por Thomas Cole entre 1840 e 1842.

Na primeira delas, a infância, vemos um barco navegando em um rio calmo com uma paisagem paradisíaca. O Anjo guia o barco.

Na segunda imagem, a juventude, o ser humano assume a responsabilidade pelo barco e o Anjo se despede. No horizonte, os sonhos estão presentes.

Na terceira imagem, representando a maioridade, o rio é turbulento, o homem se entrega ao seu destino. O Anjo observa das nuvens.
Na última imagem, relacionada à velhice, as águas do rio voltam a ficar tranquilas e o Anjo reaparece. O barco também se transformou da primeira fase até este momento.
O que estas imagens despertaram em você?
Você tem cuidado de sua biografia?
Thomas Cole (1801-1848) foi um pintor inglês naturalizado norte-americano. É considerado o fundador da Escola do Rio Hudson, um movimento artístico norte-americano que floresceu em meados do século XIX, caracterizado pelo realístico e detalhado retrato de paisagens da natureza.
Imagens:
The Voyage of Life Childhood (1842)
The Voyage of Life Youth (1842)
The Voyage of Life Manhood (1840)
The Voyage of Life Old Age (1842)
Thomas Cole [Public domain], via Wikimedia Commons