A novidade do momento: com … viver!
Hoje, passados mais de 4 meses de “confinamento social possível” são claros os sinais de sofrimento psíquico.
Distância dos que amamos, medo, ansiedade, excesso de tarefas domésticas, home-office sem um certo respeito pelos horários e a novidade da hora: o tal do FOGO (Fear Of Going Out/ medo de sair) tem sido fatores estressores que nos prejudicam, tanto física como mentalmente.
Diante disso a questão é: devemos ou não nos manter afastados e seguir em confinamento?
Depende. Depende da idade e da fragilidade física de cada um; do entendimento individual de que, com as devidas medidas de distanciamento social, é possível ser feliz também, caso a pessoa queira encontrar gente de que gosta e saiba que ambos estejam mantendo (quase) os mesmos cuidados em relação à Covid-19.
Pois bem, de posse de suas armas (álcool gel, água e sabão, máscara) e até de um face shield (mascaras de acetato) seria interessante marcar um encontro com os mais queridos, sem beijo, sem abraço … sem toque. Mas olho no olho, presença real, mesmo que a 1,5M a 2M de distância. E quer saber? Já está muito bom para o momento.
Conversar com o médico e com os amigos também pode ajudar a decidir quando e como dar um “up grade” na sua bolha atual.
Vai durar para sempre? Não. Claro que não! Nem a janela que agora se abre, nem a doença propriamente dita. Então a dica é: aproveite!
Uma coisa é certa, a falta da presença física tem nos causados muitos danos, entre eles aumento de ansiedade, medo de sair, depressão, crises de tristeza, excesso de preocupação enfim, estresse. Muito estresse.
É claro que mesmo sem sabe-lo nosso organismo reage a estes males e se exaure.
Recarregar as baterias faz-se necessário.
Hoje já podemos, acompanhando o que tem sido feito com sucesso em outros países, ousar alguns passos para fora do confinamento. E para dentro de nossa nova bolha: nossas pessoas queridas, em um ambiente aberto ou bem arejado, com seu kit sobrevivência e muito calor humano, porém observando os cuidados necessários.
Somos seres sociais. Esta é uma característica nossa. E o confinamento nos obrigou a temer o contato com o outro. Mas longe de ser uma conduta natural para a maioria de nós, está havendo um comportamento adaptativo que, apesar de necessário, agora pode começar a ser relaxado embora sempre vigilante, para melhorarmos nossa sensação de bem estar.
No Rio a promessa de dias lindos e frescos, de um inverno ameno, nos convida a (sem braços dados), bons e saudáveis encontros.
Procure achar uma forma que faça com que fique confortável e seguro.
Para mim, a saída é… vamos dar uma saída, ainda que sozinhos, longe de aglomerações, com muita curiosidade. Novos olhos para ver e aproveitar a vida.
Afinal ela foi feita para ser vivida e é para isso que lutamos e nos defendemos.
Amplie a sua bolha. … Não como na música de Bobby MaFerrin: “Don’t Worry be Happy”, mas quase.
Sejamos felizes, ainda que em fase de adaptação a este novo mundo. É o que temos para o momento.
Aproveitem!
Dora Gurfinkel é psicanalista e terapeuta de família e casais.