Educação a Distância ou Educação Presencial? As veias abertas da Educação em Tempos de Coronavírus

Educação a Distância ou Educação Presencial? As veias abertas da Educação em Tempos de Coronavírus

Por Eleonora Ricardo – Presidente da Anitec.

Nunca imaginaríamos que um vírus, um micro organismo iria em 2020 mudar o cenário global em todos os sentidos. A Economia, a Cultura e a Educação foram alcançadas pelo Coronovírus. O único episódio semelhante que mudou a cara do mundo com impacto parecido foi a queda das Torres Gêmeas nos EUA.

Neste cenário que adentra 2020 e que promete desdobramentos para 2021 e 2022 com certeza emerge a necessidade de medidas inteligentes e menos burocráticas e mais imediatas. Se as empresas terão que se adaptar para novos formatos de produção, trabalho e comercialização, outros setores também terão que reinventar.

Me assusta ainda ouvir uma corrente que questiona a educação a distância na educação básica e até mesmo no ensino superior . O preconceito ainda sinaliza a EAD como uma alternativa de baixa qualidade. Cuidado temos que ter em qualquer área. Se a Saúde não for bem cuidada, também, pode entrar em colapso se praticada com má qualidade e sem respeito aos seus usuários.

Que dúvidas ainda temos em relação a EAD? Desenvolvo ações neste campo desde 1995. Fiz parte dos movimentos de apoio à regulamentação, a expansão da EAD, participei de vários congressos sobre o tema, fiz parte da ABT e ABED. Fui uma das primeiras a desenvolver um sistema de gerenciamento de cursos online concomitantemente com as grandes empresas de tecnologia como a MHW, IBM e instituições como a PUC Rio.

Minha dissertação de Mestrado e a tese de Doutorado trataram da EAD naquilo que considero fundamental: capacitação de professores. Retratei em ambos os estudos o problema da autoria de alunos e professores. Essa questão atinge tanto a educação presencial como educação a distância. A falta de preparação de professores em diversos segmentos para a docência e a autoria é uma das veias abertas dos professores no Brasil.

A necessidade é emergente de professores que possam produzir textos didáticos e que enfrentem o destino da autonomia e autoria. A formação de professores para que possam ingressar em campo para otimizar a sala de aula tanto na educação presencial como na docência online é muito precária. Se considerarmos que a Educação a Distância exige do professor e do sistema de ensino uma preparação cuidadosa de materiais didáticos, sistemas online, materiais impressos, logística, tutoria e tudo mais que compõe este processo, creio que deveria ser apoiado a inserção de professores neste universo desafiador da EAD, que poderia ser um socorro para crianças, adolescentes e alunos do ensino superior.

Sinto falta de um curso de formação de professores eclético e democrático que aceite as diferentes correntes de pensamento, que mantenha um diálogo com a atualidade e com as possibilidades desafiadores para a educação da geração futura. Sinto falta do fortalecimento da educação inicial e continuada de professores para o enfrentamento de novas realidades da sala de aula, seja ela presencial ou não.

Na verdade o desafio da escola básica e da universidade não é migrar para um modelo de EAD ou hibrido de Educação, em que aulas presenciais possam ser mescladas com aulas online. A questão é sair do modelo tradicional da sala de aula em que o professor tem o domínio total sobre o aluno. A questão é ter que discutir tempos para o planejamento escolar mais aprofundado e ter que produzir esses materiais didáticos, oferecer suporte para o aluno e ter que detalhar, acompanhar e controlar o cotidiano de alunos em diversos lugares e simultaneamente.

A EAD tem sido desmerecida. Enquanto alguns setores educacionais resistem e usam a desculpa da má qualidade desta modalidade de ensino, escondem a falta de preparo e de condições para aceitar as mudanças que um vírus está trazendo. Temos agora as veias abertas da Educação com suas mazelas, com seus problemas que precisam ser expostos se queremos avançar e melhorar a qualidade da Educação neste país.

Hoje, enquanto o Prefeito de Nova York (1) já lida com a questão da EAD nas escolas para que 1 milhão de alunos não percam as aulas, há uma resistência inexplicada ( com exceção de instituições conscientes e que acreditam na docência online) de algumas instituições que preferem deixar seus alunos sem atividades educacionais em casa.

Tenho dado minhas aulas online, preparado meus encontros com meus alunos e pensado sempre como posso melhorar essa experiência de aprendizagem. Adoro os encontros presenciais com os estudantes, tenho certeza, que eles hoje também gostam da experiência hibrida. Para quem disse que vamos voltar ao normal, lamento dizer que: não vamos voltar mais ao normal. Algo mudou ! E quem não quiser encarar esta verdade , então, não entendeu nada do que está acontecendo em nosso tempo!

 

Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/educa%C3%A7%C3%A3o-dist%C3%A2ncia-ou-presencial-veias-abertas-da-em-tempos-ricardo/

 

Envie um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *