Pouco antes das 7 horas da última quarta-feira, morreu no Japão aquela que era considerada pelo Livro Guinness dos Recordes a pessoa mais velha do mundo. Aos 117 anos, Misao Okawa até recentemente vivia de forma independente e ativa, cercada pela família e amigos. A notícia rapidamente foi divulgada em todo o mundo. O que parece ser exceção, no entanto, vem se tornando cada dia mais comum. Um novo perfil de “jovens” começa a chamar a atenção de médicos e especialistas. Além de muita disposição e boa saúde, são indivíduos permanentemente em busca de motivação, a mola da vida. A sociedade caminha rapidamente para os cem anos de idade com mais cuidados e energia. Para cada ano vivido pela humanidade, o homem ganha 3 meses em expectativa de vida. Brevemente, seremos centenários. Não são raros os casos de idosos que chegam às nossas clínicas e apresentam em seus exames resultados melhores do que o de indivíduos bem mais jovens (40/50 anos), hipertensos, sedentários, diabéticos e obesos. Eles “curtem” mais as suas vidas.
De acordo com o IBGE, a população com 60 anos ou mais representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas – cerca de 8,6% da população brasileira. Nos próximos 20 anos, o percentual de idosos no Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período. Com bons hábitos adquiridos ao longo dos anos, eles aprenderam a se alimentar melhor, a praticar exercícios físicos, têm tempo para se dedicar ao que realmente gostam de fazer e sabem lidar mais sabiamente com o estresse. Praticam a prevenção. Exemplos que não têm sido seguidos pelos mais jovens. Uma pesquisa com base nos mais de 80 mil check-ups que já realizamos ao longo de quase 25 anos, mostra que cerca de 70% dos executivos examinados sofrem com altos níveis de estresse, mal que pode levar a problemas de saúde, de acordo com as individualidades, como depressão, AVC e infarto agudo do miocárdio. Além disso, 60% se alimentam mal, 50% bebem regularmente, 50% têm o HDL-Colesterol abaixo do ideal, 50% são sedentários, 45% têm excesso de peso corporal, 25% sofrem com insônia e 20% são hipertensos. Destaque-se que um executivo estressado tem a capacidade de contaminar toda sua equipe.
A ciência tem feito a sua parte. Quais serão os limites de nossas idades? Com o avanço das novas tecnologias, já conseguimos reduzir o tempo de cura e cicatrização de cirurgias. O aumento do conhecimento da biologia molecular nos possibilita criar órgãos artificiais a partir de células-tronco. Sem falar na nanotecnologia: motores e receptores implantados nas células de pacientes, conectados a modernos computadores. Além de intensificar dessa forma o monitoramento da saúde do paciente, a tecnologia pode fazer com que o corpo responda muito melhor aos tratamentos que são cada vez mais pontuais e customizados.
Os exames preventivos realizados periodicamente, representam ferramenta fundamental para a conquista da longevidade com autonomia. Com a prática, podemos evitar o aparecimento de novas doenças e também melhorar a qualidade de vida dos indivíduos. Conhecer, a partir desses exames os fatores de risco para saúde e combatê-los, a partir de programas de promoção à saúde, é o primeiro passo.
Estudos da Universidade de Stanford demonstram que 17% das mortes no mundo estão ligadas à genética. Na verdade, cerca de 80% estão associadas ao estilo de vida de cada um, turbinado pelo estresse crônico do cotidiano. Condição que os idosos parecem levar larga vantagem. A questão sobre a qual devemos nos debruçar atualmente talvez seja: como estará a saúde dos executivos hoje na faixa dos 30 – 40 anos quando chegarem aos 80? A resposta pode estar justamente na “jovem” japonesa de 117 anos que faleceu esta semana. Ela costumava dizer a quem perguntasse, três de seus segredos para ter uma existência tão longa: comer pouco, andar muito e dormir bem.