by admin | jul 4, 2020 | Betania, Betania Tanure, Home office, Liderança |
A colunista Betania Tanure afirma que os verdadeiros dirigentes na pandemia olham para o equilíbrio emocional, a produtividade dinâmica e a cultura do bem comum
O cenário atual traz em si, claramente, três desafios principais. O primeiro é o equilíbrio emocional. Em períodos de crise, os predicados emocionais tendem a se exacerbar, sejam positivos, como a solidariedade e o afeto, sejam negativos, como o egoísmo, a ansiedade e a angústia.
Hoje a maioria das pessoas está no seu limite emocional. São sintomas as reações de raiva desproporcionais aos fatos, as crises de choro, o grande sofrimento com as incertezas, a baixa qualidade do sono, o constante cansaço, os excessos na alimentação ou no uso de bebidas alcoólicas. Se nesse período de crise você conseguir se manter emocionalmente estável, seu caminho é promissor. Caso se sinta angustiado(a), irritadiço(a) ou vulnerável na maior parte do tempo, não se iniba, procure ajuda antes que a doença tome conta de você.
O segundo desafio, a produtividade, está intimamente relacionado ao primeiro. Nos últimos três meses da pandemia, apesar do choque inicial e do alto grau de estresse, a produtividade aumentou em grande parte das empresas, mesmo consideremos as diferenças setoriais. Aumentou porque as pessoas passaram a trabalhar sem trégua, a fazer com mais rapidez, parte delas à distância, o que faziam antes. Essa é a “produtividade estática”: fazer a mesma coisa mais rápido.
Tal aumento tem também outras fontes, mais nobres – e tomara que sustentáveis, como o ganho de autonomia, a redução de burocracias que por conveniência alguns apelidaram de “governança” e a ampliação do espaço para inovação, esta por absoluta necessidade. Trata-se da “produtividade dinâmica”, ou seja, da mudança da forma de fazer ou do que se faz.
Por fim, o aumento da produtividade também pode ser explicado biologicamente: na fase aguda do estresse, há um estímulo da área primitiva do cérebro que tem impacto sobre o cortisol e a adrenalina, o que gera uma reação de “luta” ou “fuga”. Considerando-se o perfil típico dos executivos, no primeiro momento a fuga não é uma reação esperada, mas a luta sim. E todos foram à luta, o que também aumentou a produtividade.
Só não se deve ignorar que, ao se tornar crônico, o estresse pode levar à exacerbação das emoções – e a consequências como a perda de produtividade. Se você nada fizer, vai acontecer. Afinal, trabalhar diante de um computador muitas horas, durante meses, tem impacto físico e emocional. Grande parte das pessoas em home office já não aguenta mais. Para os mais ricos, é difícil imaginar como é a limitação de espaço, a falta de um ambiente adequado, de uma rede que funcione na velocidade demandada, de uma cadeira ergonômica. E não raro há crianças dividindo esse espaço.
Nesse contexto, voltamos ao primeiro desafio: alguns têm maior dificuldade de viver com a família, o que é impublicável. Ademais, o convívio intenso pode fazer aflorar desequilíbrios que estavam, de alguma maneira, adormecidos.
O terceiro desafio deste momento é ser estadista, conceito que venho discutindo desde 2013, quando publicamos na Harvard Business Review uma pesquisa revelando a baixíssima presença dessa atitude nas empresas brasileiras. Não basta doar recursos. Deve-se incluir na dinâmica do modelo de negócio, da organização, no processo decisório, a cultura do bem comum. Dificílimo, vai muito além da doação de recursos.
Nesse cenário, os executivos que podem ser considerados verdadeiros dirigentes, estadistas, serão reconhecidos não mais pela competência de gerar resultados, que é pré-requisito; mas pela habilidade de se manter serenos em momentos de tensão, pelas suas atitudes estadistas e sua competência de incorporar esse traço à cultura de suas empresas. Muitos verão a sua cadeira e a sua importância diminuírem.
Enquanto isso, outros irão crescer.
Não se engane. Não deixe a arrogância típica de quem está no poder obnubilar a consciência sobre as suas emoções. Vá à luta para conhecer os seus pontos cegos. É hora de o ser humano, com suas emoções e propósito, se verdadeiro for, buscar o bem comum. E então, você vai diminuir ou aumentar de tamanho? Está nas suas mãos.
Fonte: Valor Econômico
by admin | jun 30, 2020 | Beth, Beth Accurso, Novo Normal, Pós-Pandemia |
Adoto o pensamento sistêmico como base para a reflexão sobre as organizações de hoje e do futuro. Como consultora, geralmente, opto por uma linguagem subjacente para contemplar os elementos que este tipo de pensamento traz a abordagens mais objetivas e ferramentais exigidas pela minha atuação em empresas tradicionais que precisam aprender a inovar.
Com a crise do coronavirus, a visão sistêmica tornou-se ainda mais relevante. De repente, sistemas antes eficientes baseados em tecnologias dominadas tornaram-se obsoletos em poucos dias. Em movimentos desesperados, alguns clientes que resistiam às soluções digitais passaram a adotá-las rapidamente, ainda que de forma pouco coordenada. Com um novo padrão de consumo, novas agendas de sobrevivência surgiram. Mesmo em um momento de urgência que exige ação rápida, a maioria das medidas empresariais parecem ou erradas ou inúteis. Perdidos, executivos começam a questionar o futuro, mas para isso, precisam buscar outros tipos de conhecimentos para pensarem em medidas mais duradouras, além das contingências.
Neste contexto, a mudança que pensadores e profissionais como eu já propagávamos (e que pareciam ainda especulativas por falta de exemplos mais próximos a cada setor da economia), passa a fazer sentido e se materializa para diversos empresários.
E como as empresas podem se preparar para este mundo novo que podemos vivenciar por uma janela aberta pela COVID-19? Este artigo tem o objetivo de responder esta pergunta conceitualmente a partir do pensamento sistêmico, em especial o elegante (e, portanto, simples) modelo delineado por Peter Senge.
Em seu modelo de iceberg, o autor explica que eventos acontecem em um sistema a partir de padrões de comportamentos que existem a partir de estruturas do próprio sistema e que são formadas por modelos mentais que formam a cultura. O modelo de Senge vai do macro ao micro, do sistema maior (econômico ou organizacional) até o indivíduo.
Com a COVID-19, as estruturas que sustentavam o nosso sistema econômico foram abaladas (pense nas milhares de pessoas que assistiram a live de quarentena da Sandy e Junior sem precisar da Rede Globo). Algumas, eliminadas (pense na quantidade de pessoas que não precisa mais de uma sala de aula para aprender).
Ao mesmo tempo — tanto como causa, quanto como consequência das próprias estruturas — os modelos mentais estão se alterando: indivíduos estão aprendendo novos valores e novas formas de relacionamento e mudando sua percepção de valor. Vozes que soavam baixo ganham coro, agora, por discutirem novos tipos de soluções e abordagens (pense nos grupos colaborativos que se formam durante a crise para solucionarem problemas sociais). Novas conexões se estabelecem trazendo novos aprendizados que terão continuidade no futuro: esta é a base do novo normal.
Mas este novo normal substituirá totalmente o nosso modelo de vida e de negócios anteriores? Acredito que ao responder a esta pergunta, muitas empresas irão errar. Tenho visto cenários de futuro elaborados pelas empresas ainda baseados em paradigmas do passado.
Em primeiro lugar, precisamos assumir que a crise não ‘vai passar’ simplesmente. Medicamentos e vacinas não são criados do dia para a noite, portanto, teremos estágios de evolução que irão da crise mais aguda atual, passando pela retomada parcial da ‘vida com o coronavirus ainda à espreita’ até chegarmos a um ponto no qual o vírus não será mais um risco importante. Isso pode levar de 1 a 2 anos, ou seja, tempo suficiente para mudar a percepção de várias pessoas sobre o nosso modelo de vida e sociedade.
A partir do início do período de transição algumas pessoas voltarão a consumir e a viver em moldes parecidos com os anteriores, mesmo com algumas novas práticas de uso de máscaras e álcool gel para ir ao trabalho ou ao shopping. Isso gerará a falsa impressão de que estaremos no caminho do mesmo padrão de consumo no qual estávamos antes da crise. Isso nos fará falhar em nossas análises.
Sugiro uma pista quando quiser saber se está no caminho correto: se, conforme a crise evoluir, você e sua empresa voltarem a operar com os mesmos processos e propostas de valor que propunham antes da COVID-19, provavelmente, estarão caminhando para o fracasso.
Como citei anteriormente, diversos modelos mentais vão mudar. Em todo o mundo, milhares de pessoas demitidas já despejam conhecimento e capacidades no mercado e, em breve, se tornarão concorrentes de seus antigos empregadores. Comunidades já se organizam de forma virtual e cooperativa para criarem soluções reais. Os conhecimentos de alto nível (científico, social e filosófico) antes pouco valorizados por Wall Streeters e Faria Limers já correm soltos e formam grupos que os propagam e que exigirão novas formas de relacionamento entre empresas e indivíduos.
O ano de 2020 deve ser o ano de maior aprendizado que algumas sociedades tiveram até hoje. Este conhecimento estará nas ruas, em cada funcionário e em cada cliente. É um conhecimento que aproxima as pessoas independentemente das classes sociais, ao mesmo tempo em que separa aquelas que não conseguirem aprender a pensar de forma responsável perante a sociedade e perante cada indivíduo.
Este modelo mental crescerá, desenvolverá novas culturas, novas tribos e potencializará novas estruturas. Algumas delas, inclusive, já existiam antes, mas com menor força, tais como grupos de colaboração para o trabalho (como já acontecia nas comunidades de aprendizado), para a inovação (como nos ecossistemas de startups) e até para a convivência no dia a dia (como comunidades de coexistência).
A partir desses movimentos, a inovação deverá ter mais frentes de origem e se acelerará, aumentando, portanto, a concorrência por profissionais e por mercados. Ao mesmo tempo, a transformação digital que se acelera com a crise ameaçará fortemente alguns modelos de negócios e postos de trabalho tradicionais e criará novas demandas profissionais. Cadeias produtivas serão totalmente revistas e as empresas terão que abraçar as mudanças ou morrer.
O fidigital (união de soluções em meios físico e digital) já é o novo normal. Uma nova “economia da saúde” surgirá trazendo oportunidades e ameaças a diversos setores. Caso não impacte o seu diretamente, você correrá o risco de ficar como o ‘sapo na panela’, sem perceber que o seu ambiente de negócios também já foi alterado. Acredite, chegará a sua vez.
Quando exatamente o seu setor será impactado? Não sei dizer. Na verdade, a previsão desta data não é importante. O que importa é saber que já há, hoje, empresas realizando esta virada. Use a lógica que as finanças corporativas nos ensinam: o valor de um negócio é dado pela expectativa futura de seu fluxo de caixa. E, quando se consegue quantificar a redução nas expectativas, pode ser tarde demais.
Certamente, você já ouviu tudo isso antes. Este discurso existe na Administração há vários anos, mas era de difícil materialização até agora. Profissionais e estudiosos de diversas áreas já explicaram partes — ou até a totalidade — desses movimentos de formas diversas. Será que você e sua empresa entenderão desta vez?
Escrito por
Renata Barcelos
Professora e pesquisadora nas áreas de estratégia e pensamento sistêmico. Professor and researcher: strategy & systems thinking. PhD in Business Administration.
by admin | jun 30, 2020 | Beth, Beth Accurso, Cocriação, Inovação |
Empresas podem investir em cocriação ao fechar parceria com diversos players no mercado para manter a competitividade durante a transformação digital.
A Indústria 4.0 exige alguns desafios: da mudança de cultura à adoção de tecnologias que vão gerar novos processos, produtos e serviços. No entanto, essa transformação digital demanda uma velocidade que muitas empresas não estão prontas. Por isso, a cocriação é essencial para a inovação.
O motivo é que muitas organizações da indústria não possuem uma área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para criar possíveis soluções e validá-las no ambiente corporativo. Ainda mais quando líderes esperam obter um retorno mais rápido dos investimentos feitos.
Somado a isso, dependendo do porte da empresa, gestores de TI e de negócios buscam desenvolver e fornecer soluções integradas de forma independente, econômica e eficaz. Porém, o cenário atual de pandemia indica que parcerias podem ir além dos modelos tradicionais de inovação.
Em outras palavras, ser uma empresa dentro da Indústria 4.0 demanda olhar para além dos processos internos. Essa inovação colaborativa, como destaca a consultoria Deloitte, é o que vai levar o negócio além das restrições orçamentárias, garantindo receitas e competitividade.
Por que a cocriação é importante na Indústria 4.0?
No mercado atual, cada vez menos organizações podem confiar exclusivamente em um processo interno de P&D para gerar inovação. Por isso, adotar e desenvolver um ecossistema de inovação cooperativa se torna crítico para gerar valor para todas as partes envolvidas.
Um exemplo é a Bosch. Para acelerar a inovação dentro da organização, além do setor de P&D, a multinacional alemã criou um ecossistema de startups, priorizando a criatividade dos colaboradores. Essa cocriação interna permitiu o desenvolvimento e adoção ágil de soluções nos processos.
Claro, este foi o modelo adotado pela Bosch para impulsionar a inovação. No entanto, isso não impede que a sua empresa procure parcerias com outras companhias ou startups de diversos mercados e para diferentes fins.
Quando você está aberto a fechar parcerias para inovar, algumas vantagens são bem perceptíveis. O primeiro deles é que os produtos e serviços vão ser centrados nos clientes (B2B ou B2C), gerando maior valor e menor risco de falhas.
Outros benefícios são:
- Cronograma: cocriação fornece ciclos mais rápidos de desenvolvimento de produtos, resultando em menor tempo de execução do conceito até o lançamento no mercado.
- Acessibilidade: a parceria vai te permitir acesso aos recursos da outra empresa para o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
- Reputação: inovação colaborativa vai permitir que o seu negócio entre em novos mercados que, sozinho, você encontraria dificuldades de penetração. Isso vai permitir atrair novos consumidores para a sua empresa.
Os desafios da inovação colaborativa
A transformação digital é uma jornada sem data prevista para acabar. No entanto, se você já deu esses primeiros passos, sabe bem que o tempo de ciclo das inovações tecnológicas tem diminuído cada vez mais.
Por isso, é essencial explorar novas maneiras de inovar, incluindo parcerias estratégicas, laboratórios de pesquisa e centros conjuntos de inovação. Até porque, atualmente, as empresas costumam ter várias alavancas que podem usar para apoiar o desenvolvimento de produtos.
É preciso pensar também que: em uma abordagem somente interna você terá maior controle do que é desenvolvido. Porém, isso vai exigir um maior esforço para manter uma vantagem competitiva, porque será necessário um time experiente e maior tempo para lançar a solução.
Quer saber mais sobre os outros desafios de cocriar para inovar?
- Velocidade: desenvolver uma solução por conta própria vai exigir pesquisa e desenvolvimento internos, aumentando o tempo de entrega do projeto.
- Talento: encontrar ou reter talentos qualificados para recursos emergentes pode aumentar ainda mais o gap de desenvolvimento de uma solução.
- Investimento: sua empresa precisa lidar com investimentos em outras áreas. Então, como evitar uma restrição orçamentária?
- Burocracia: processos tradicionais exigem aprovação em várias camadas. Isso dificulta uma toma de decisão mais ágil e na velocidade de entrega.
Com quem e como impulsionar a cocriação?
“O que meu parceiro deseja e como ele pode se beneficiar com a minha empresa?”. Talvez essa seja uma das perguntas que você deva fazer ao decidir investir na cocriação. O primeiro passo é identificar quais lacunas existem e que impedem a inovação no seu negócio.
Feito isso, é hora de identificar quem vai apoiar suas necessidades: clientes, fornecedores, concorrentes, instituições acadêmicas, agências governamentais, empresas privadas. Já viu como as opções para inovar são grandes?
Definido o parceiro, a colaboração para o desenvolvimento de uma solução pode ser resumida em três etapas:
- Descoberta: envolve a criação da estratégia de produto, pesquisa de inteligência de mercado, insights sobre consumidores e concorrência.
- Design: desenvolvimento e design do produto, da experiência do usuário, estudos sobre precificação e arquitetura e infraestrutura tecnológica da solução.
- Lançamento: definição da estratégia de lançamento, gerenciamento da solução, comercialização e marketing.
Embora a cocriação seja um multiplicador de forças para inovar em um ambiente da Indústria 4.0, a probabilidade de sucesso depende do ambiente certo.
Ou seja, questões como governança, monetização, cultura organizacional, infraestrutura devem estar alinhadas entre todos os players envolvidos na cocriação de produtos, soluções e serviços.
De fato, a pandemia do coronavírus acelerou a transformação digital em diversas empresas. Porém, inovar sozinho talvez não traga tantos benefícios assim. Por isso, apostar num ecossistema de parcerias pode manter o seu negócio competitivo no cenário atual.
Principais destaques desta matéria
- Cocriação pode acelerar transformação digital nas empresas.
- Inovação colaborativa permite o desenvolvimento e a adoção ágil de soluções.
- Parceria com outros players do mercado é essencial durante a pandemia do coronavírus.
Fonte:https://mundomaistech.com.br/ti/transformacao-digital/por-que-a-cocriacao-e-necessaria-para-a-inovacao/
by admin | jun 30, 2020 | A Sessão vai Começar, Gilda, Gilda Palhares |
Dia 5 de junho foi o dia Mundial do Meio Ambiente. Em novembro de 2017, trouxe o tema com o filme “Uma verdade mais inconveniente”, conduzido por Al Gore. Para conversarmos um pouco mais sobre o tema, resolvi então pesquisar nas plataformas Netflix, NOW e YouTube documentários que tratassem do assunto ou apresentassem alternativas já implementadas para minimizar os danos ambientais. Com uma vasta oferta de filmes, decidi por três, tendo todos a mesma perspectiva, mas em situações diferentes.
O primeiro é “Honeyland” de 2019 (NOW), filme que concorreu ao Oscar deste ano nas categorias de Melhor Documentário e Melhor Filme em Língua Estrangeira. Hatidze Muratova é uma apicultora que vive isolada da civilização com sua mãe idosa nas montanhas da Macedônia. A rotina é interrompida com a chegada de uma de uma família ao local. O patriarca observa o potencial financeiro das abelhas, mas sua ganância em produzir uma maior quantidade de mel em menos tempo acaba trazendo consequências desastrosas. Existe uma regra na apicultura: deve-se pegar só metade do mel e deixar o resto para as abelhas. Caso estas regras sejam quebradas, o equilíbrio do ecossistema desses animais é ameaçado. “Honeyland” fala muito sobre a relação do ser humano com a natureza. A importância de respeitarmos a ordem natural das coisas e entender os seus limites para que possamos cultivar a harmonia.
Já em “Oceano de plástico” de 2017 (Netflix) começa quando o jornalista Craig Leeson parte em busca da grande baleia azul, e acaba por acidentalmente descobrir resíduos plásticos no que deveria ser um oceano límpido e intocável. Neste filme, Craig alia-se à mergulhadora de estilo livre Tanya Streeter e a uma equipe internacional de cientistas e investigadores. Viajando ao redor do mundo ao longo de quatro anos, a produção revela o estado frágil dos oceanos e descobre fatos alarmantes sobre a poluição causada pelo plástico. O documentário nos alerta para a ideia que precisamos repensar nosso estilo de vida descartável. Não se trata simplesmente de banir o plástico, mas de procurar soluções para o desperdício.
Finalizo a sessão com o documentário chamado “Chasing Tomorrow” de 2017 (YouTube). Realizado por dois jovens, Max e Jeremy, que resolvem explorar o mundo começando pelo interior do Reino Unido numa minivan para conhecer pessoas que estão mudando a comunidade que vivem com pequenas atitudes sustentáveis. Nos leva a conhecer desde a utilização de energia solar, moedas locais, plantio de pomares, hortas, ervas medicinais nas praças e espaços livres da cidade para que todos da possam usufruir. Estas foram algumas das questões apresentados no primeiro episódio.
Com foco nas questões ambientais, podemos dizer que o cinema documentário é um cinema com objetivo de preservar o mundo: impactando e alertando as pessoas para a realidade que vivemos. Abrindo um espaço para encorajar o público a tirar conclusões e tentar dedicar-se a soluções mesmo que seja numa escala micro.
Segue mais uma dica com o vídeo “Competição e Cooperação o Jeito da Natureza fazer Negócios” com o Fred Gelli, CEO da Tátil Design.
Até a próxima sessão!
Fonte: https://www.instagram.com/tv/CBmGDGeJH8N/?igshid=1w029e3b5s8u0
by admin | jun 26, 2020 | Coronavirus, Gilberto, Gilberto Ururahy, Saúde |
Há seis meses o mundo acompanha os impactos da pandemia. De lá pra cá, o vírus se tornou uma constante em nossas vidas. Nos ensina a cada dia e também gera dúvidas.
Desde então, tenho estudado bastante sobre a pandemia, participado de lives, publicado artigos e interagido com colegas médicos, brasileiros e estrangeiros. Divido aqui algumas das minhas constatações e dúvidas.
A Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus- Sars-CoV-2 , é uma doença nova. Existem outros tipos de coronavírus que infectam o ser humano, sendo que alguns são antigos, sazonais e benignos. Estudos recentemente publicados demonstram que a maioria da população mundial é portadora de anticorpos contra esses coronavírus “benignos”. Assim, por ter imunidade à eles, não estaria desenvolvendo a imunidade cruzada e protegida contra a Covid-19? Os idosos possuem mínimas dosagens desses anticorpos, isso explicaria a maior vulnerabilidade dessa faixa etária?
Afinal, teremos a imunidade de rebanho ou imunidade cruzada para a Covid-19? Neste momento, algumas vacinas estão sendo desenvolvidas em todo o mundo, das quais poucas estão sendo testadas em seres humanos. Qual a estratégia de utilização dessa vacina em escala mundial? Serão utilizadas para os idosos, população mais vulnerável? Quais países terão prioridade no acesso à vacina? E os assintomáticos, que representam a maioria dos casos, continuarão presos em suas casas? Por quanto tempo? São transmissores do vírus? Precisarão usar máscaras?
Muitas famílias perderam entes queridos. Claro que toda morte nos entristece, gera sofrimento e traz medo. Os números apresentados abaixo são absolutos, o que nos permitem entender um pouco da pandemia atual.
A curva pandêmica atingiu seu pico em nossa cidade? Os hospitais privados e públicos estão se esvaziando. Os de campanha, pouquíssimos foram utilizados. Desde o início da pandemia, o Rio teve pouco mais de oito mil mortes. Dividindo por 120 dias de pandemia, chega-se a menos de 67 mortes por dia. Este número é inferior às mortes com causa violentas e os óbitos por doenças cardiovasculares e câncer. No mesmo período, mais de 6 mil pessoas morreram em casa, por medo de se deslocarem para hospitais, clínicas e consultórios. Pelo menos 50 mil brasileiros deixaram de ter o diagnóstico precoce do câncer e 10 mil cirurgias eletivas não foram realizadas no Rio, durante a pandemia. E não ouvimos menções no cotidiano às doenças infectocontagiosas. Milhares de mortes geradas no Brasil por tuberculose, malária, dengue, AIDS e tantas outras doenças foram esquecidas.
O que dizer sobre o tempo e a energia dispendidas em discussões políticas sobre uso ou não de hidroxicloroquina ou outra droga no tratamento da Covid-19? Esta decisão cabe ao médico e ao paciente, relação sagrada na Medicina. Se ambos, em comum acordo, optam por um tratamento, não há o que questionar. Toda discussão paralela se torna estéril.
Hoje sabemos que os parâmetros que fazem diferença nessa pandemia são a idade e as comorbidades (doenças crônicas). O país com mais casos de mortes é justamente os Estados Unidos, populoso em idosos e em pacientes obesos, diabéticos, cardíacos e portadores de doenças respiratórias. Em contraposição, o Japão, também rico em idosos porém com baixo índice de comorbidades, teve poucas mortes. Se olharmos a África, o continente mais pobre, o índice de morte por Covid-19 é muito pequeno. Será porque lá a expectativa de vida da população é baixa?
Quando tudo isso passar, não terá a OMS que explicar a razão de ter gerado tanto pânico, medo e incertezas? Atendendo ao seu posicionamento alarmista, o que se viu foi uma reação em cadeia: escolas e empresas fechadas, a população mantida em casa por três meses ou mais (a maioria absoluta de assintomáticos), milhares de infartos do miocárdio, AVCs e outras doenças graves sem atendimento por relutância dos pacientes em procurarem os hospitais, além do comprometimento da saúde mental de milhares de pessoas. Parece até que a Covid-19 se tornou a única doença do planeta.
Nos resta aguardar o balanço final da pandemia para entendermos o verdadeiro papel exercido pela OMS durante esses meses. Não seria mais prudente se a OMS tivesse se concentrado em usar toda a informação de que dispõe para proteger os grupos de risco? Não teria prestado melhor serviço à população de idosos, respeitando-os, sem transformá-los em potenciais cadáveres?
As pessoas estão esgotadas, sufocadas, tensas e não suportam mais tanta informação desencontrada, dúbia, em relação à todos os aspectos dessa pandemia.
As manifestações gigantescas contra o racismo em solo americano, tacitamente, colocaram em cheque todo o isolamento preconizado pela OMS. Na Europa, em várias cidades, de muitos países, as manifestações contra o isolamento se multiplicam. A França acelera em todos os sentidos o término da quarentena e busca a volta à normalidade.
Hoje, recebemos um vídeo de amigos, feito na hora do almoço, em Paris. Tempo bom, os parisienses flanam em sua cidade, os restaurantes estão cheios, as pessoas alegres, sorridentes e sem máscaras.
A humanização retoma, a socialização se fortalece, a alegria tal qual a primavera, floresce e a vida se impõe!
É chegado o momento de se colocar vida na saúde das pessoas.
Fontes: Hoje sabemos que os parâmetros que fazem diferença nessa pandemia são a idade e as doenças crônicas. Pixabay/Reprodução
https://vejario.abril.com.br/blog/gilberto-ururahy/e-hora-de-colocar-vida-na-saude-das-pessoas/