by admin | out 24, 2019 | Beth, Beth Accurso, Gestão |
Quando Bill Schaninger entrou na McKinsey, em 2000, ele acabara de concluir um PhD em análise de mudança organizacional. Na consultoria, foi designado para tocar um projeto e entender por que certas empresas conseguem bons resultados no longo prazo, enquanto outras fracassam.
Os estudos de Schaninger e de sua equipe levaram à criação do Índice de Saúde Organizacional – uma metodologia em nove dimensões e 37 práticas de gestão para avaliar como as empresas estão sendo lideradas e o nível de satisfação dos funcionários. “As pessoas respondem se estão felizes no trabalho e com seu chefe, mas será que estão mesmo? Queríamos trazer rigor científico para medir o que faz os funcionários satisfeitos e como os líderes conseguem motivá-los para o plano de execução estratégico do momento”, afirmou Schaninger, em entrevista ao Valor, durante passagem pelo Brasil.
Sócio-sênior de prática organizacional da consultoria, ele esteve no país para divulgar a segunda edição do índice com empresas brasileiras. De forma geral, organizações saudáveis, segundo o índice, são aquelas que têm clareza na estratégia, definindo para onde as pessoas devem ir, prezando não apenas pelo desempenho financeiro, mas também pela agilidade e cultura.
Ao levar o índice para 100 países e realizar 5 milhões de pesquisas com líderes e funcionários desde 2002, a McKinsey conseguiu montar um banco com mais de um bilhão de “data points”. Cruzando as informações a partir de análise avançada de dados, é possível capturar certas tendências, insights e novos aspectos envolvendo cultura organizacional. “O que vemos é que as organizações estão ficando ligeiramente mais saudáveis ao longo desses anos”, afirma Schaninger.
Uma nuance que os dados mostram é um novo tipo de comportamento nas organizações. “Há uma postura cada vez maior dos funcionários dizendo: ‘não me diga o que tenho que fazer, me envolva e vamos descobrir juntos como fazer’. É basicamente eles afirmando: não me diga como vamos ganhar dinheiro, me diga como vamos gerar impacto”.
Segundo Schaninger, as respostas de funcionários mostram que as pessoas se comprometem mais quando são lideradas por alguém que compartilha dos mesmos valores, inspiração e motivações. E com gestores que também permitam a elas trabalharem em um ambiente com menos regras (novas ou antigas).
“Mesmo quando falamos dos sistemas ágeis e da metodologia lean, nós precisamos entender como motivar os funcionários na linha de frente, porque se colocarmos ainda mais regras e processos para eles trabalharem, no fim das contas, o funcionário vai ficar esperando o que deve ser feito. É um desperdício contratar alguém para fazer algo rápido e ele simplesmente não conseguir”.
Schaninger garante que não há fórmula para criar uma empresa considerada saudável, principalmente porque os aspectos que fazem uma boa liderança mudam com o tempo, com as gerações, com as novas demandas da sociedade. “Os bons líderes dos anos 50 e 60 provavelmente não são muito diferentes dos de hoje. A diferença é que aquilo que celebramos como boa liderança mudou”. Os dados do índice mostram que trata-se de uma liderança mais colaborativa, com maior capacidade de coordenação e de escuta. “Com as mídias sociais e sites de avaliação, as pessoas ganharam um megafone para dizer tudo que pensam, inclusive do trabalho. Um líder hoje se torna tóxico do dia para noite, dependendo do que as pessoas falam dele”, diz ele.
“Penso que as demandas atuais coincidem com aquilo que as pessoas nos anos 50 pediam – a diferença é que agora os gestores não podem mais fingir ou se esconder para pedidos como: ajude-me a trabalhar em algo que importa, não me trate como um robô, envolva-me nas decisões, me dê mais responsabilidades, mas também me treine para eu ter chances de sucesso”.
Neste último aspecto, ele defende que o líder que o mundo exige atualmente é aquele capaz de “decompor” o trabalho das pessoas, como se fatiasse as habilidades. “Eu nem digo isso em termos técnicos, mas no sentido de analisar: o que podemos fazer diferente? Quais habilidades devemos reajustar? Como trazemos mais tecnologia para esse trabalho?”. Essa função não deve ser exclusiva da área de recursos humanos, segundo ele. Em sua visão, todo gestor precisa pensar como se fosse seu próprio chefe de talentos e entender quais são as habilidades ausentes e necessárias. “Começaremos a falar em inteligência competitiva não apenas sobre quais produtos os concorrentes estão vendendo, mas quais tipos de talentos eles não têm”.
As empresas que têm conseguido se sobressair, segundo Schaninger, são aquelas que entenderam que o “capital humano” é mais escasso do que o “capital financeiro” e pautam sua estratégia em descobrir, reter e satisfazer talentos. “É menos aço e mais cérebro hoje”. No índice deste ano, o Brasil foi um país onde o capital financeiro possui mais importância do que o humano para a maioria dos líderes entrevistados. “O curioso é ainda ver que eles pensam que esta é uma escolha: investir em desempenho ou em cultura e talento. Esse trade-off não existe mais”.
by admin | out 18, 2019 | Gilda, Gilda Palhares, Recursos Humanos |
Um dos tópicos mais abordados pela Psicologia Positiva é a Resiliência. Trata-se de uma característica maravilhosa de se ter, e está relacionada a uma infinidade de resultados positivos e, talvez o mais importante, pode ser melhorada. Ao abordarmos o tema estresse com um olhar na resiliência, podemos dizer que ela é uma resposta positiva ao estresse, conhecida como “defesa madura”, segundo George Vaillant, psiquiatra americano e professor da “Harvard Medical School”. Ele acompanhou um grupo de graduados por 30 anos e notou que, o que distinguia aqueles que tinham vidas bem-sucedidas e felizes era a capacidade de empregar estratégias de enfrentamento transformacionais versus respostas defensivas ao estresse.
Quando transformamos eventos negativos e positivos, preservamos a nossa integridade. A resiliência é uma característica adaptativa positiva que pode ser aprendida.
O psicólogo Ph.D. Rick Hanson, membro sênior do “Greater Good Science Center da UC Berkeley”, em seu livro mais recente “Resilient: How to Grow an Unshakable Core of Calm, Strength, and Happiness” diz que a maior parte do estresse que experimentamos resulta das necessidades não atendidas.
A receita de Hanson para a resiliência baseia-se no pressuposto de que podemos atender às nossas próprias necessidades, não reagindo de forma negativa, pois possuímos os recursos internos necessários para fazer de forma positiva sem depender de outras pessoas.
Para ele três fatores definem nossa capacidade de lidar com o estresse:
- gerenciar desafios
- proteger nossa vulnerabilidade
- aumentar nossos recursos
Assim, a resiliência é um músculo que se desenvolve associado às experiências positivas.
Cultivar recursos postivos é:
- reconhecer nossas habilidades através da prática da compaixão (em relação a nós mesmos e aos outros),”mindfulness” e apredizado constante
- promover a coragem, gratidão e confiança
- regular nossos pensamentos, sentimentos e ações;
- relacionar-se positivamente com os outros e com o mundo através de da inspiração e generosidade
Ao projetar experiências positivas construímos nosso capital psicológico, aprendemos a ser flexiveis e estabelecemos as bases para nos tornar resilientes.
Fonte: tradução e adaptação do texto
“Como superar o estresse, o trauma e a adversidade através da resiliência”
do site PositivePsychology.com.
by admin | out 18, 2019 | Beth, Beth Accurso, Tecnologia |
O termo “tendência tecnológica” pode ser definido como “algo que tenha um potencial disruptivo substancial, e que está crescendo rapidamente, com capacidade para atingir pontos cruciais de mudança nos próximos anos”.
Para a consultoria Gartner, as tendências tecnológicas para os próximos 3 anos já estão bem definidas e podem ser exploradas desde agora por empresas e indivíduos, gerando oportunidades quase infinitas de crescimento em negócios. No mundo da tecnologia, quanto mais cedo um avanço em potencial é detectado, melhor ele pode ser explorado e desenvolvido.
Ao observar quais as principais tecnologias apontadas como tendências, é fácil perceber uma linha de objetivos em comum: a velocidade, praticidade e personalização. Em um mundo cada vez mais rápido, imediato e conectado, os consumidores estão cada vez mais ansiosos e exigentes, e o mercado tecnológico evolui conforme essas necessidades, buscando suprir a demanda dos consumidores.
Internet das coisas
A “internet das coisas”, ou IOT, na sigla em inglês, é definida como a habilidade de objetos comuns do dia a dia de se conectarem à internet, aumentando suas funções e usos e, até mesmo, possibilitando a realização de tarefas automatizadas à distância. Atualmente, esse conceito já está presente em uma enorme variedade de objetos e, em muitas vertentes, já se tornou comum – a tendência nesse caso está na expansão e na melhoria da capacidade desses objetos, além da possibilidade de integração entre diferentes objetos entre si e com dispositivos usados para o controle, como computadores e celulares.
Inteligência artificial
Utilizada principalmente no setor de relacionamento com cliente, a inteligência artificial é outra tecnologia que já está em uso, mas que promete um crescimento ainda maior nos próximos anos. Com a melhoria desse sistema, os atendimentos ficam cada vez melhores, mais efetivos, mais rápidos e mais humanizados, aumentando a satisfação do cliente. Além disso, ao usar a inteligência artificial para solucionar problemas de menor complexidade, é possível liberar as mentes humanas para os problemas mais complexos, diminuindo a quantidade de trabalho maçante.
Privacidade
Com sistemas e objetos cada vez mais conectados e integrados, surge uma questão ainda mais importante que a praticidade: a privacidade. A quantidade de dados sobre indivíduos que é gerada por esses sistemas é astronômica e nem todos os usuários têm conhecimento de que essas informações estão sendo recolhidas, armazenadas e utilizadas em análises e estratégias. Por um lado, esses dados são fundamentais na personalização de atendimentos e serviços, mas por outro, levanta questões e medos sobre o nível de monitoramento de todas as nossas ações, tanto online quanto offline. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) está prevista para entrar em vigor em 2020 e define os direitos e deveres em relação aos dados pessoais coletados – demonstrando a importância da regulamentação desses processos.
Fontes: 8 tendências tecnológicas para 2020
As 10 principais tendências tecnológicas para 2020 –
Leia mais em https://inova.klabin.com.br/blog/tecnologia-o-que-vem-por-ai/
by admin | out 18, 2019 | Beth, Beth Accurso, Tecnologia |
A consultoria Gartner listou as 10 principais tendências no setor tecnológico para que gestores as considerem em suas tomadas de decisão. Confira a lista! De acordo com a consultoria Gartner, empresa líder de pesquisa em tecnologia de informação (TI), uma tendência tecnológica pode ser definida como um potencial disruptivo substancial que está começando a sair de um estado emergente para um amplo impacto e uso; ou que está crescendo rapidamente com um alto grau de instabilidade, com capacidade para atingir pontos cruciais nos próximos cinco anos. No Gartner Symposium/ITxpo, a Gartner destacou as principais tendências de tecnologia que serão estratégicas em 2018 para a maioria das empresas, e que irão gerar oportunidades de negócios digitais até 2020 para quem atua em áreas como a de TI. Confira quais são elas:
1 – Inteligência Artificial (IA) A criação de sistemas que possam aprender, adaptar e potencialmente atuar de forma autônoma será um campo de batalha importante para fornecedores de tecnologia, pelo menos até 2020. As técnicas de Inteligência Artificial estão evoluindo rapidamente e as organizações precisarão investir significativamente em habilidades, processos e ferramentas para explorar com êxito essas técnicas e criar sistemas aprimorados da tecnologia. As áreas de investimento podem incluir a preparação de dados, integração, algoritmo e seleção de metodologia de treinamento e criação de modelos. Para isso, vários profissionais, incluindo cientistas de dados, desenvolvedores e donos de processos de negócios, precisam trabalhar juntos.
2 – Aplicativos Inteligentes e Analytics Ao longo dos próximos anos, praticamente todos os aplicativos e serviços terão algum nível de Inteligência Artificial. Por meio da analytics aumentada (augmented analytics), uma área de crescimento particularmente estratégica que utiliza o aprendizado de máquina para automatizar a preparação de dados, a descoberta de insights e a troca de informações para uma ampla gama de usuários empresariais, trabalhadores operacionais e cientistas de dados tende a se intensificar. A Inteligência Artificial tornou-se o próximo grande campo de batalha em uma ampla gama de mercados de software e serviços, incluindo aspectos do planejamento de software de gestão empresarial (ERP). O software e os provedores de serviços integrados devem delinear como eles usarão a IA para adicionar valor comercial em novas versões sob a forma de analytics avançadas, processos inteligentes e experiências avançadas de usuários.
3 – Coisas Inteligentes As coisas inteligentes são coisas físicas que vão além da execução de modelos de programação rígidos para explorar a IA como forma de oferecer comportamentos avançados e interagir mais naturalmente com seus arredores e com as pessoas. A inovação está gerando avanços para novas coisas inteligentes como veículos autônomos, robôs e drones, e oferecendo capacidade aprimorada para muitas coisas existentes como a Internet de Coisas (IoT), conectada ao consumidor e a sistemas industriais.
4 – Gêmeos Digitais (Digital Twins) referem-se à representação digital de uma entidade ou sistema do mundo real. Essa tecnologia no contexto de projetos de IoT é particularmente promissora nos próximos três a cinco anos e está liderando o interesse atualmente. Gêmeos Digitais bem projetados de ativos têm o potencial de melhorar significativamente a tomada de decisões empresariais. A inovação está ligada a suas contrapartes do mundo real e é usada para entender o estado do produto ou sistema, responder a mudanças, melhorar as operações e agregar valor. As organizações implementarão a tecnologia de maneira simplificada no início, depois as desenvolverão ao longo do tempo, melhorando sua capacidade de coletar e visualizar os dados certos, aplicar analytics e regras corretas e responder efetivamente aos objetivos comerciais.
5 – Arquitetura de segurança adaptativa No final de 2018, 20% dos edifícios inteligentes terão sofrido algum “vandalismo” digital. A complexidade do mundo digital e o surgimento da economia algorítmica, combinados com a indústria do cyber crime, aumentam significativamente as ameaças. Isso exigirá das empresas uma forte estratégia de segurança com medidas para prevenir, detectar e responder aos ataques. Aplicações de autoproteção, bem como analytics para o comportamento de usuários e entidades, irão ajudar a cumprir a arquitetura de segurança adaptativa.
6 – Plataformas conversacionais As plataformas conversacionais impulsionarão a próxima grande mudança de paradigma na forma como os seres humanos interagem com o mundo digital. O dever de traduzir a intenção muda do usuário para o computador. A plataforma pega uma pergunta ou comando do usuário e depois responde executando algumas funções, apresentando alguns conteúdos ou solicitando uma entrada adicional. Nos próximos anos, as interfaces conversacionais se tornarão um objetivo principal de design para a interação do usuário e serão entregues em hardware dedicado, recursos de sistema operacional, plataformas e aplicativos.
7 – Experiência Imersiva Enquanto as interfaces conversacionais estão mudando a forma como as pessoas controlam o mundo digital, as realidades virtuais, aumentadas e mistas estão mudando a maneira como as pessoas percebem e interagem com o mundo digital. O mercado da realidade virtual (VR) e da realidade aumentada (AR) é atualmente jovem e fragmentado. O interesse é alto, resultando em muitas aplicações de novidades em VR que oferecem pouco valor comercial real fora do entretenimento avançado, como videogames e vídeos de 360 graus. Para gerar benefícios empresariais reais e tangíveis, as empresas devem examinar cenários específicos da vida real nos quais VR e AR possam ser aplicados para tornar os funcionários mais produtivos e aprimorar os processos de design, treinamento e visualização.
8 – Blockchain O blockchain está evoluindo de uma infraestrutura de moeda digital para uma plataforma de transformação digital. As tecnologias de Blockchain oferecem uma saída radical dos atuais mecanismos centralizados de transação e manutenção de registros e podem servir como base de negócios digitais disruptivos, tanto para empresas estabelecidas quanto para startups. Embora as propagandas exageradas sobre blockchain tenham originado no setor de serviços financeiros, o blockchain têm vários potenciais de aplicações, incluindo governo, saúde, fabricação, distribuição de mídia, verificação de identidade, registro de títulos e cadeia de suprimentos. Embora seja uma promessa de longo prazo e que, sem dúvida, criará uma disrupção, a inovação está mais à frente do que a realidade atual de blockchain e muitas das tecnologias associadas estarão ainda imaturas nos próximos dois ou três anos. 9 – Event Driven O negócio central para o digital é a ideia de que o negócio está sempre monitorado e pronto para explorar novos momentos comerciais digitais. Os eventos de negócios podem ser qualquer coisa que seja percebida digitalmente, refletindo a descoberta de condições importantes ou mudanças de condições, por exemplo, a conclusão de uma ordem de compra ou desembarque de uma aeronave. Com o uso de agentes de eventos, IoT (Internet das Coisas), Cloud Computing (computação na nuvem), blockchain, gerenciamento de dados na memória e IA (Inteligência Artificial), eventos comerciais podem ser detectados mais rapidamente e analisados com maiores detalhes. Mas a tecnologia sem mudanças culturais e da liderança não fornece o valor total do modelo conduzido por evento. O negócio digital impulsiona a necessidade de líderes de TI, planejadores e arquitetos de abraçarem o pensamento por evento.
10 – Arquitetura avançada de sistema A rede digital e as máquinas inteligentes exigem uma arquitetura de computação que as tornem viáveis para as empresas. A solução são as chamadas arquiteturas neuromórficas ultra-eficientes. Estas são alimentadas por field-programmable gate arrays (FPGAs), possibilitando maior velocidade e eficiência energética. Sistemas construídos em FPGAs funcionarão como cérebros humanos permitindo que as capacidades avançadas de aprendizado de máquina se espalhem por todos os endpoints da Internet das Coisas, tais como casas, carros, relógios de pulso e até mesmo seres humanos.
Fonte: www.manusis4.com
by admin | out 11, 2019 | Beth, Beth Accurso, Gestão |
Quando Patty McCord saiu da chefia da área de recursos humanos da Netflix em 2012, ela foi visitar outras empresas de tecnologia do Vale do Silício para saber o que as companhias do berço da inovação dos EUA estavam fazendo de diferente na área de gestão de pessoas. “Eu comecei a me encontrar com startups e profissionais de RH, e ninguém estava fazendo nada. Estávamos no meio de um segundo ‘boom’ de empresas de tecnologia, e a única diferença é que as pessoas agora tinham cerveja no escritório”, diz.
O exemplo, para a consultora e palestrante, demonstra que a obsessão por tornar funcionários felizes entrou para as “melhores práticas” do RH – e Patty é uma forte oponente da ideia de “melhores práticas”. “Na minha experiência, isso sempre significa fazer o que todo mundo está fazendo”, afirma.
Com mais de três décadas de experiência na área de gestão de pessoas, 14 deles na Netflix, Patty lançou este ano o livro “Powerful: Building a Culture of Freedom and Responsability” (“Poderoso: Construindo uma cultura de liberdade e responsabilidade”), sem tradução no Brasil. “Por exemplo, estamos há anos usando sistemas de compensação que resultaram em diferenças salariais entre homens e mulheres, geração após geração. Talvez isso não seja exatamente uma melhor prática”, diz. Ela vem a São Paulo em novembro para uma palestra no HSM Expo.
Foi na Netflix que Patty desenvolveu, junto com o CEO Reed Hastings, um documento que explica a cultura da companhia em detalhes e defende a “transparência radical” como fundamento da gestão. Inicialmente criado para fazer parte do processo de integração de novos funcionários, a apresentação com mais de 100 slides foi compartilhada na internet na íntegra pelo próprio Hastings e lista os comportamentos que a empresa diz valorizar, promover e recompensar.
Há coisas como “ser rápido para admitir erros”, “não ser político ao discordar dos outros e ser reconhecido por ser direto”, “saber separar o que precisa ser feito agora do que pode ser melhorado depois” e “babacas brilhantes são tolerados em algumas empresas, mas aqui não, o custo para a equipe é grande demais”. Um slide explica que qualquer comportamento diferente vai resultar em pouco tempo na empresa e que o desempenho apenas “adequado” resulta em um “pacote generoso de desligamento”. A companhia “é um time, não uma família”, informa o documento.
O que ela fez de diferente, explica Patty, foi colocar no papel o que deveria ser a cultura da empresa. “Fizemos questão de não fazer uma declaração floreada do que queríamos ser”, diz. A seção sobre os comportamentos ideais foi reescrita seis vezes enquanto ela estava lá. “As empresas devem revisitar suas culturas pelo menos duas vezes por ano, e questionar: como nós dissemos que íamos operar, e conseguimos isso?”, diz. Ela alerta que é impossível manter a mesma cultura para sempre – crescer exige mudanças, e a comunicação e o compartilhamento de informações são os elementos mais impactados.
“A cultura de uma empresa são as histórias que você conta, o jeito que você se comporta, se você lidera pelos princípios que defende. Mesmo as empresas que nunca falam do assunto têm cultura, e você sabe como elas são por causa da sua reputação”, explica. Na sua opinião, são os dirigentes da empresa que precisam definir a cultura da companhia, em especial, ao dar o exemplo. Com as redes sociais e a facilidade para se obter informação sobre como é trabalhar em um lugar, isso se torna ainda mais importante.
Para Patty, uma organização só vai ser transparente se os funcionários puderem ver a transparência no dia a dia. Ela dá um exemplo do que defendia quando trabalhava na empresa de streaming: se um funcionário esperto toma uma decisão burra, o gestor precisa identificar quais informações não foram compartilhadas com ele e o que o levou àquela decisão ruim, para evitar que isso se repita no futuro. “Há empresas em que as pessoas ganham poder por esconder informações dos outros. No geral, são companhias muito lentas”, diz.
Esse é um dos principais dilemas de executivos, que ela ouve em seu trabalho como consultora – como fazer uma companhia enorme trabalhar mais rapidamente? “Eu digo que eles precisam dar uma boa e longa olhada em quantos níveis de permissão são necessários para uma ótima ideia acontecer na empresa”, conta. Ela já ouviu executivos responderem até 30. “Quão produtivas são as pessoas da sua empresa cujo trabalho é dizer não? Porque é isso que significa ‘aprovação’”, diz. Foi Patty que definiu na Netflix a política de dias ilimitados de férias e que tirou a necessidade de aprovação em certas despesas. “Se eu contrato os melhores matemáticos do mercado, preciso mesmo exigir que eles peçam autorização para gastar US$ 10 mil?”
Para a consultora, estruturas de remuneração por bônus não levam as pessoas a tomarem as melhores decisões em um contexto de transformações rápidas. Ela defende que os profissionais sejam contratado com salários mais competitivos. “Quando falamos de bônus por desempenho, estamos definindo anteriormente o que é desempenho.” Isso pode mudar em um ano, afirma ela.
Quando recebe altos executivos preocupados com um futuro transformado por mudanças rápidas, Patty costuma lembrá-los que esse já é o presente, e que a cultura organizacional será fundamental para promover essas mudanças. Algumas das empresas que mais precisam atrair pessoas que sabem trabalhar dentro dessa nova realidade também são as que têm uma cultura “hierárquica, patriarcal, cheia de regras e de exigências de permissões”. “As pessoas de quem essas companhias mais precisam não querem trabalhar nelas, e as mais resistentes a mudanças já estão lá.”
Fonte: Valor Econômico, por Letícia Arcoverde, 16.10.2018