Devido ao meu interesse no tema longevidade, escrevi um post em 2016 sobre o livro “The 100-Year Life – Living and Working in an Age of Longevity”, recém-lançado na época pelos Professores Lynda Gratton e Andrew Scott, da London Business School.
Os dados demográficos indicam que estamos frente a um panorama que torna bem concreta a questão da longevidade.
Um estudo do BNDES aponta que a parcela da população acima de 60 anos está crescendo em um ritmo mais acelerado do que qualquer outro grupo etário. Além disso, projeta-se que, em 2050, o percentual da população mundial acima de 60 anos ultrapasse o de jovens de até 14 anos. No Brasil, esta transição deve ocorrer ainda mais cedo, em 2030. Espera-se ainda que, entre 2015 e 2030, o grupo de idosos acima de 85 anos aumentará em um ritmo maior do que a população entre 0 e 60 anos.
E como vamos lidar com essas questões?
Em seu novo livro sobre o tema, “The New Long Life: A Framework for Flourishing in a Changing World”, lançado em maio de 2020, os autores afirmam que a combinação entre tecnologia e longevidade leva a muitas questões sobre a carreira, não fazendo mais sentido pensarmos a vida dividida em três fases: estudar, trabalhar e se aposentar.
Precisamos de novos pressupostos e os autores nos sugerem três ações fundamentais (“pedras-de-toque”, em inglês, touchstones):
- Narrar (Contar): navegar minha trajetória de vida. Criar uma narrativa, uma história, que confira significado à nossa vida e ajude na navegação pelas escolhas que fazemos, considerando que a longevidade aumenta a duração da vida e as rupturas tecnológicas criam transições mais frequentes. Na minha experiência, olhar para sua biografia com uma visão panorâmica (passado, presente e futuro) apropriando-se dela, “tomando a vida nas próprias mãos”, pode contribuir para o desenho dessa narrativa. A partir de uma questão no presente, podemos encontrar no passado sementes, insights, para novas possibilidades de carreiras futuras. Sugiro procurá-las no período de 14 a 21 anos, quando a tônica é “o mundo é verdadeiro” e o jovem entra em contato com seus ideais e tem um vislumbre do seu propósito (por volta dos 18 anos e meio).
- Explorar: aprendizado e transformação. Os seres humanos são propensos à exploração. Neurocientistas encontraram uma parte do cérebro que “acende” quando estamos envolvidos com novas informações ou tarefas desafiadoras. Descobriram ainda que essa estimulação cerebral é altamente motivante. Para lidar com as transições que serão cada vez mais, parte de nossa vida, precisaremos de curiosidade e coragem para aprender novas habilidades e experimentar novos comportamentos.
- Relacionar-se: conexão profunda. O estudo de Harvard que acompanhou a vida de 250 homens durante 70 anos, mostrou que o fator mais importante para a longevidade e envelhecimento saudável era o nível de satisfação com os relacionamentos. Os autores afirmam que nossos relacionamentos criam um senso de pertencimento e de apreciação. Quando somos amados e amamos outros, nos sentimos apreciados, felizes, cuidados e compreendidos.
E você? Como tem se preparado para a longevidade? Qual será sua próxima carreira?
Referências:
http://eduvir.com.br/novo/longevidade-um-conceito-uma-realidade-muitas-decisoes/
http://www.100yearlife.com/resources/
What makes a good life? – Lessons from the longest study on happiness | Robert Waldinger: https://youtu.be/8KkKuTCFvzI
From emotionally crippled to a loving personality | George Vaillant | TEDxAmsterdam: https://youtu.be/-V316QHxoe4
The New Long Life. Andrew Scott and Lynda Gratton. Ed. Bloomsbury Publishing. 2020.
Imagem: Gerd Altmann por Pixabay