Que tendências enxergamos para 2021?

Que tendências enxergamos para 2021?

Este novo ano chega com muitas incertezas quanto a como nós, humanos, fomos alterados pelo impacto da pandemia.

Este tem sido um tema recorrente nas pesquisas de mercado, desde o início da pandemia. Centenas de pesquisas gratuitas têm sido divulgadas, informando como os consumidores estão se comportando. Mas será que este comportamento veio para ficar ou será apenas um intervalo de adaptação à crise, que, afinal, deverá passar?

O termo “novo normal”, criado e repetido à exaustão durante 2020, tem a premissa de que tal normalidade seria “nova”, ou seja, diferente do que estávamos acostumados a viver, mas seria aceita daqui por diante como a forma de viver e passaria a orientar as decisões das empresas e governos.

Mas o que vai tornar diferente ou “normal” a vida em 2021? Ainda não sabemos. Só temos algumas pistas.

Já sabemos que os hábitos de vida e de consumo, valores e crenças tiveram expressivas modificações. Mas não sabemos se se tornarão o parâmetro daqui para a frente ou, se uma vez vencida a batalha do vírus, tudo voltará a ser como antes, ao “velho normal”. É muito difícil mudar radicalmente hábitos e crenças numa só geração, isto nos ensinam as Ciências Sociais.

Antes da pandemia, o mundo já vivia uma aceleração digital, que se potencializou e permitiu a uma grande parcela da população exercer distanciamento social sem perder tanto. Antes, esta digitalização facilitava quase todas as atividades sociais e comerciais, mas podíamos escolher usar ou não canais digitais. Agora, esta não é mais uma escolha.

Esta aceleração digital resultou, durante a pandemia, em muitos investimentos em inovação e tecnologia para empresas que antes não consideravam fazê-lo e que o fizeram para sobreviver. Graças a esta reação pudemos continuar a comprar alimentos, medicamentos, refeições, e a ter atividades remotas de lazer, gerando receita e sustentando negócios e empregos que estariam ameaçados. Mas quando a pandemia passar, qual parcela destes consumidores ficará nos novos canais ou voltará aos antigos hábitos?

Algumas tendências devem se acentuar em 2021:

? Muitos negócios manterão o home office, total ou parcialmente. Deve crescer o desejo de melhorar o ambiente doméstico, torná-lo mais aconchegante e mais adaptado a trabalho in home. A Microsoft, por exemplo, vem aperfeiçoando seu Teams para gerar melhor experiência e bem-estar: os usuários já podem customizar sua tela para terem no fundo uma paisagem.

? O conceito de beleza mudou:  há o desejo de aparecer bela na tela do Zoom, mas agora basta apenas um batom!  Entretanto, a beleza se estende ao ambiente doméstico, que deve ser aconchegante, gerando bem-estar.

? Mais pessoas passaram a cozinhar, dispensaram empregadas domésticas para evitar o contágio, e muitas descobriram que podem prescindir desta ajuda no futuro. Isto vai influenciar a forma de usar utensílios, de escolher ingredientes, de buscar receitas em canais digitais, assim como a participação em blogs e comunidades que compartilham o mesmo interesse por culinária.

? Aumento de oferta de produtos para higienização das mãos e serviços para facilitar a proteção ao vírus nos ambientes domésticos e empresariais. Desinfetantes, luvas, máscaras passaram a ser artigos de primeira necessidade. O quanto assim o serão depois ainda precisamos descobrir.

? Aumento e diversificação de atividades de lazer indoors, com a família, diminuindo distâncias entre as gerações e reforçando laços já existentes.

? Consumo de mais roupas para ficar em casa, menos para o dresscode do ambiente empresarial ou social.

? Aumento do interesse por trabalhos manuais, como artesanato, crochê, costura, e tendência a torná-los fontes de receita, substituindo empregos formais perdidos.

? Substituição acelerada das formas de comunicação e de mídias tradicionais pelos canais “na palma da mão”, como o WhatsApp e aplicativos.

? Forte consumo de cursos online, principalmente gratuitos, mas com continuações pagas.

? Os serviços de logística chegaram a um novo patamar de relevância em todo o mundo.

? Aumenta a necessidade de se ter comércio e serviços a curta distância, numa caminhada, para evitar exposição a contágio e sem precisar usar transportes. É o que chamamos de “micromobilidade”. E-bikes serão cada vez mais relevantes para ajudar as pessoas a se locomoverem ao ar livre, sem consumir combustível ou sem gastar tarifas de transporte.

? O lazer virtual deve expandir-se com concertos ao vivo, usando Realidade Virtual para gerar experiências mais imersivas. Netflix, Amazon Prime e várias plataformas de streaming tiveram crescimento exponencial. Quando os cinemas voltarem com capacidade total, saberemos a fatia que vai permanecer!

Em suma, há dezenas de aspectos do consumo que em 2021 teremos que revisitar e reaprender para que as empresas conquistem e mantenham seus consumidores ? esta é a missão das Pesquisas de Mercado.

Vida 3.0: como continuar humano na era da inteligência artificial?

Vida 3.0: como continuar humano na era da inteligência artificial?

 

Esta pergunta é cada vez mais relevante, mas não a inventei: ela é o título do livro de Max Tegmark, editado em 2017 e um dos vários publicados mais recentemente sobre a temática da Inteligência Artificial e seu impacto na sociedade humana.

Max me fez lembrar do que senti quando li, nos anos 80, pela primeira de muitas vezes, “Eu, robô”, de Isaac Asimov, publicado em 1950. Como antropóloga, me fascinou a imaginação de Asimov ao projetar, antes da existência das atuais tecnologias digitais, uma sociedade em que robôs poderiam se tornar inteligentes a ponto de controlar os humanos.

Com o desenvolvimento da Inteligência Artificial, muitas das fantasias de Asimov já estão materializadas. E Max aprimora esta ficção ao descrever robôs ultrainteligentes que se reprogramam e se superam, e criam versões cada vez mais incríveis de si mesmos em curtos espaços de tempo. E descreve as consequências para uma sociedade que vai perdendo para estes seres poderosos e ultra-ágeis a sua velocidade de se reinventar.

São dois autores geniais, separados por muitas décadas de revolução tecnológica, mas trazendo uma mesma inquietação: o que nos tornamos? O que nos tornaremos? E como nos preparar para isto, na velocidade em que já está acontecendo?

Estamos cercados de IA por todos os lados: ao buscarmos informação no Google, ao interagirmos nas redes sociais, comprarmos livros e outros itens na Amazon ou no supermercado virtual, ao conversarmos divertidamente com a Alexa ou com a Bia do Bradesco. A Inteligência Artificial está ali, e num estágio em que aprende sobre nós cada vez que com ela interagimos. E até mesmo nos ajuda em necessidades corriqueiras.

Precisamos, então, aprender sobre ela! Não é mesmo?

Ela nos afeta positiva e negativamente. Fez surgir novas profissões, e outras continuarão a surgir, diretamente ligadas à Inteligência Artificial.

E não vai afetar tanto as profissões que dependem das habilidades que “sobrarão” para nós, humanos: as que requerem sensibilidade social ou emocional, ou as que requerem tarefas humanas de alta complexidade e não repetitivas, como, por exemplo, algumas especialidades da medicina, da psicologia, da antropologia e… alta gastronomia. Pois, usando robôs, já é possível fazer sanduíches iguaizinhos uns aos outros.

Muitas atividades e negócios já estão se beneficiando de um dos lados fascinantes do uso da Inteligência Artificial: velocidade e precisão ao lidar com volumes imensos de informação, analisar dados e tendências, realizar estágios iniciais de recrutamento e seleção, e até mesmo com programas de treinamento que podem ser autoadministrados. Neste sentido, a IA é facilitadora. O outro lado é eliminar diversas profissões que são superadas em rapidez e qualidade por algoritmos e robôs bem programados.

E como preservar a nossa “humanidade”, nossa característica única de improvisação, adaptação a situações inesperadas, inovar?

A resposta está em construção. Começa por educar as novas gerações a aprender a pensar e a sentir, a criar e a se comunicar usando as novas tecnologias a seu favor. Continua pela reinvenção das gerações mais maduras, ao acompanhar o ritmo de mudança das tecnologias, para usá-las com seu aditivo único: experiência de vida, anos na estrada, visão mais ampla. Deixar a máquina fazer o trabalho pesado e assumir o trabalho criativo.

As organizações, cada vez mais, estão revendo as relações de trabalho, para um modelo mais colaborativo, de inspiração, de motivação, que premie a flexibilidade, a criatividade, a capacidade de cooperação e reduza cada vez mais a competição entre as equipes. Dando propósito aos colaboradores, estes crescem em suas atividades. Robôs não precisam disto, mas não são, ainda, bons em gerar empatia para as organizações.

E você? O que tem vivenciado no seu ambiente de trabalho com relação  a essa temática? Compartilhe sua opinião.