by admin | out 9, 2019 | Angela, Angela Vega, Autoconhecimento |
“A biografia é uma sinfonia que cada indivíduo compõe.”
(Bernard Lievegoed)
Vários caminhos podem nos levar ao autoconhecimento e um deles é o aprofundamento em nossa biografia, conhecendo seus ciclos, seus ritmos e suas curvas de desenvolvimento. A partir deles, olhar para si e identificar os fatos e sentimentos que aconteceram nas várias fases da sua vida.
Esse conhecimento estruturado das leis biográficas e suas correlações foi sistematizado e desenhado por Rudolf Steiner, filósofo e pensador austríaco, que viveu de 1861 a 1925. A visão da vida em ciclos de sete anos (setênios) trazida por Steiner em suas palestras já estava presente na Grécia Antiga quando Sólon, legislador, estadista e poeta grego, em aproximadamente 550 a.C., escreveu o seguinte poema:
“Quando, no sétimo ano de vida, o menino se desfaz do primeiro ciclo dentário, ele é ainda bem imaturo, mal tem o domínio da fala.
Se, no entanto, Deus o aperfeiçoar por mais sete anos, já aparecerão sinais de que agora a juventude está amadurecendo.
Brota-lhe a barba no terceiro setênio, e a pele a desabrochar acentua seu matiz; seu corpo estica-se cheio de força.
Porém a força do homem desenvolve-se ao máximo somente agora, no quarto setênio. O homem realiza façanhas.
No quinto setênio o homem procura casar-se, para que no futuro cresça uma geração próspera.
Depois, no sexto, a atitude moral do homem amadurece e se fortalece; futuramente, ele não quererá mais ocupar-se com obra fútil.
Por catorze anos, no sétimo e no oitavo setênios, prosperam sua fala e seu espírito com abundância e força.
No nono também ainda floresce alguma coisa, mas da altura da coragem varonil emana dele a sabedoria e a palavra.
Se Deus, porém, completar o fim do décimo setênio, a morte lhe ocorrerá num tempo bem propício.”
Bernard Lievegoed (1905 – 1992), médico e psiquiatra, holandês, estudou várias abordagens que tratavam de entender a vida humana, classificando-a por fases ou ciclos. Com base na visão antroposófica (Antroposofia, sabedoria do homem), Lievegoed sistematizou e organizou as fases da vida em setênios. Essa visão começa no nascimento e vai até os 63 anos, o que não quer dizer que a vida acabe nessa idade. Considera-se que aos 63 temos a liberdade de fazer uma doação para o mundo por estarmos livres do aprendizado previsto para a fase de 0 a 63 anos.
Podemos visualizar 3 grandes ciclos: 0 a 21 anos; 21 a 42 anos e 42 a 63 anos. Como já dizia a sabedoria chinesa: trinta anos para aprender; trinta anos para lutar e trinta anos para tornar-se sábio. Outra imagem que podemos usar para entender esses ciclos é a das estações do ano: primavera (0 a 21 anos); verão (21 a 42 anos); outono (42 a 63 anos) e inverno (63 anos em diante). Cada fase tem sua tônica específica. No ciclo de 0 a 21 anos, estamos na fase da educação receptiva em que aprendemos na escola, na família e na sociedade. Somos como esponjas. Na fase seguinte, 21 a 42 anos, somos responsáveis por buscar nossas fontes de educação para que possamos trabalhar nosso autodesenvolvimento na fase seguinte dos 42 aos 63 anos, em busca de nos tornarmos sábios.
E você, como viveu essas fases na sua vida?
Referências:
Fases da Vida – Crises e Desenvolvimento da Individualidade. Bernard Lievegoed. Ed. Antroposófica.
Livres na Terceira Idade! – Leis Biográficas Após os 63 Anos. Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.
Harmonia e Saúde – A Biografia Humana. Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.
Imagem: Jonny Lindner / Pixabay
by admin | set 25, 2019 | Angela, Angela Vega, Desenvolvimento de Talentos, Gestão |
Marshall Goldsmith, coach executivo e autor de diversos livros, propõe 8 ações que, na sua experiência, são indicadas para o desenvolvimento das lideranças. Considero que elas podem perfeitamente ser consideradas orientações ou recomendações para vivermos uma vida melhor e trabalharmos nossos comportamentos.
As ações são as seguintes: perguntar, ouvir, pensar, agradecer, responder, envolver, mudar e acompanhar (fazer follow up).
Começamos a jornada de desenvolvimento perguntando a outras pessoas como podemos melhorar. Escolha pessoas que se importem com você e queiram seu bem, como um@ amig@, parceir@, colega de trabalho. Nessa etapa, afirmamos nossa disposição de mudar, ao mesmo tempo em que assumimos, com humildade, que precisamos dessa interação com o outro.
Ouvir as respostas com abertura é o próximo passo, para que o outro possa nos trazer insumos sobre nosso comportamento.
No momento seguinte, precisamos processar o que foi dito, pensando e fazendo conexões sobre como incorporar os comentários em nosso processo de mudança. Lembrando de agradecer a quem nos ofereceu seu tempo e disposição para contribuir conosco; e de responder, reagindo positivamente sobre os comentários que estão sendo recebidos.
Nas mudanças de comportamento, é importante envolver as pessoas ao nosso redor para nos ajudar a manter o rumo e persistir no processo. Quando falamos sobre as mudanças pretendidas criamos um compromisso maior do que quando as mantemos somente no nosso pensamento. E, para mudar, precisamos nos exercitar diariamente, repetindo os comportamentos até que eles estejam incorporados à nossa forma de agir.
Para completar o conjunto das ações, está o acompanhamento com as partes interessadas, o que poderá nos oferecer insights sobre o que está sendo observado em nosso comportamento. E poderemos fazer os ajustes necessários, para seguirmos na jornada da mudança.
E você, o que já aplicou ou está aplicando desses passos para o autodesenvolvimento?
Referências:
http://www.marshallgoldsmith.com/
https://www.inc.com/marshall-goldsmith/contact-sport-overview.html
Imagem: silviarita / Pixabay
by admin | set 24, 2019 | Gilda, Gilda Palhares, Positividade |
O último texto da coluna Positividade teve como últimas palavras Alegria e Esperança. Acabei de ler um livro mágico chamado “Mandela uma Estratégia do Bem”, cujo autor, Aziz Djendii, é francês e psicoterapeuta que trabalha em centros de saúde na França.
No prólogo do livro ele diz que a obra não é uma biografia de Nelson Mandela nem uma análise sobre sua vida, mas a intenção de oferecer uma reflexão e um método sobre a capacidade de uma mudança positiva na vida cotidiana, a partir do legado de Mandela. Para Djendii, a admiração por Mandela se deve ao fato de que, em nossa alma e em nosso espírito, está sempre presente o reconhecimento de nossa capacidade de ser.
Cada página me deixava ainda mais encantada com os temas e as explicações. Quando numa determinada parte aparece o título: “Depressão ou Falta de Alegria” e em seguida a citação de Mandela: “Onde quer que você esteja, assuma a responsabilidade de espalhar alegria e esperança ao seu redor”. Essa frase, vinda de alguém quem passou 27 anos na prisão, me deixou extremamente impactada. Com ela, o autor mostra que a alegria e esperança estão entre as atitudes mais libertadoras para o corpo e para a alma. Logo, ser alegre é uma questão séria e requer disciplina.
Para Mandela, a experiência humana mostra que a busca da alegria é muito mais enriquecedora quando incluímos pessoas. Ela promove efeitos positivos como a diminuição significativa do ressentimento e também da ansiedade, além da vontade de servir aos outros.
E a esperança? De acordo com a PhD Barbara Fredrickson, estudiosa no tema Positividade: “a esperança aparece quando passamos por situações complexas”. Sua essência reside em acreditar que os fatos podem mudar para melhor. As possibilidades existem e nos motivam a rever nossas capacidades de encontrar alternativas para mudar o rumo. Ficamos energizados a melhorar nossa vida e a dos outros, nos inspirando a elaborar um planejamento para colher os frutos no futuro.
Que tal seguirmos o conselho do Mandela em assumir a responsabilidade de espalhar alegria e esperança ao nosso redor?
Fonte: “Mandela uma Estratégia do Bem” Aziz Djendii e “Positivity” Barbara L. Fredrickson.
by admin | set 16, 2019 | Angela, Angela Vega, Tomada de Decisão |
“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” – Cora Coralina
Preparando o material para um workshop sobre tomada de decisão, fiquei pensando nas decisões que tomamos ou não, ao longo de um dia ou ao longo da nossa vida. O verbo decidir vem do latim, decidere, que quer dizer determinar, definir; formado por DE-, “fora” + CAEDERE, “cortar”. A decisão implica em “cortar fora” algumas possibilidades.
A decisão define o que virá em seguida. Podemos dizer que é como um portal. Mesmo quando não decidimos, uma decisão será tomada e talvez alguém decida por nós. Certamente já ouvimos esse argumento em tempos de eleição.
Quanto à mudança de hábitos, já li que é melhor tomar as decisões antes para evitar que, em um momento não tão propício, sejamos levadas a tomar a decisão errada.
Gretchen Rubin, autora do livro “Melhor do que antes”, que trata da formação de hábitos, descreve uma estratégia chamada Abstenção. É mais adequado que você decida, por antecipado, que vai deixar de comer doces ou deixar de beber vinho etc. antes de estar frente a frente com o fato. Na hora do almoço, durante a semana, será muito mais fácil dizer ao garçom “só como sobremesa no final de semana” do que ter que pensar, na hora, se aceita ou não a oferta, e estar sujeita a ouvir argumentos dos colegas, ponderando que “é só um docinho”… e ficar tentada a interromper a dieta.
Quanto mais decisões tomarmos antes, mais conseguiremos reforçar nossos hábitos.
Ouvi Tony Robbins dizer que é mais fácil fazer jejum do que dieta. Faz sentido. Nos dias ou períodos de jejum, só é permitido beber água ou líquidos sem açúcar. Já na dieta… Se for a de pontos, temos que decidir as combinações; se for uma dieta com restrições, precisamos lembrar tudo o que podemos ou não comer… E essa energia usada para cada tomada de decisão, consome nossa força de vontade. Ao final da tarde ou da noite, acabamos cedendo…
Da mesma forma, uma mudança em qualquer aspecto da nossa vida, começa com esse pequeno passo que envolve uma decisão… Enquanto não decidirmos, nada de novo acontecerá.
Minha última “grande” decisão foi iniciar uma pós-graduação em Filosofia e Autoconhecimento, inspirada pela frase “daqui a um ano, você vai desejar ter começado hoje”, atribuída a Karen Lumb.
E você, como anda seu poder de decisão?
Referência:
Melhor do que antes: o que aprendi sobre criar e abandonar hábitos. Gretchen Rubin. Ed. Fontanar, 2015.
Se quiser ler um post sobre o livro citado:
http://eduvir.com.br/novo/novos-habitos-ou-velhos-habitos/
Imagem: Arek Socha / Pixabay
by admin | set 9, 2019 | Angela, Angela Vega, Comunicação não violenta |
Você já reparou quantas emoções vivemos no nosso dia a dia? Você sai de casa e encontra seu vizinho. Se você se dá bem com ele, pode ficar alegre com o encontro. Se você discutiu com esse vizinho na última reunião do Condomínio, pode ficar incomodada ou irritada com a presença dele no elevador. Ouve uma música e fica alegre. Ouve uma notícia e fica raivoso.
A caminho do trabalho, no trânsito, sua passagem é obstruída ou, na condução (ônibus, metrô, BRT…), alguém te empurra na hora de entrar no transporte… E as emoções vão surgindo…
Marshall Rosemberg nos lembra que precisamos assumir a responsabilidade por nossos sentimentos, percebendo que o que os outros dizem ou fazem pode ser um estímulo (um gatilho) mas nunca a causa dos nossos sentimentos. Basta reparar que, frente a um mesmo evento, podemos observar pessoas diferentes manifestarem diferentes reações.
Assumir a responsabilidade pelos nossos sentimentos pode nos tranquilizar ao trazer de volta o poder da escolha: eu me sinto assim porque eu… Ao mesmo tempo, exime os outros de nossas reclamações e cobranças. Porque precisamos nos ocupar conosco e não com eles.
Foi uma descoberta conhecer o Atlas das Emoções, desenvolvido por Paul Ekman (consultor para o filme Divertidamente, que recomendo) a pedido do Dalai Lama.
www.atlasofemotions.com
Apesar de ainda não estar traduzido para o português, as versões existentes (espanhol, inglês, italiano e alemão) podem nos trazem uma perspectiva do desenrolar das nossas emoções em diferentes situações, aumentando o nosso entendimento. Explorando o Atlas, podemos ainda, ampliar o repertório de palavras que usamos para dar nome ao que sentimos.
Bons mergulhos nesse mar!
Comunicação Não violenta. Marshall Rosemberg. Ed. Ágora
Imagem: Dimitris Vetsikas por Pixabay