Tendências para o Futuro do Trabalho no Pós COVID-19

Tendências para o Futuro do Trabalho no Pós COVID-19

A Consultoria Gartner, em seu relatório destinado aos profissionais de RH, destaca 9 tendências de longo prazo para o futuro do trabalho, divididas em 3 blocos: tendências aceleradas, novos impactos e movimento pendular.

Foram pesquisados mais de 400 líderes de RH e mais de 300 líderes financeiros e realizadas conversas com mais de 4.000 funcionários e executivos de RH para identificar o impacto a longo prazo do COVID-19 no futuro do trabalho e as implicações que os líderes de RH devem antecipar.

Mesmo considerando que nem todas as tendências se aplicam integralmente ao contexto que vivemos no Brasil, vale dar uma olhada, refletir e analisar cada uma delas. Estão descritas as tendências e algumas ações propostas para a função RH.

Dentre as Tendências Aceleradas, podemos observar as seguintes:

  1. Mais empregados trabalhando de forma remota: com projeção de aumento de 30 para 48% (quase metade dos trabalhadores passará a trabalhar remotamente, pelo menos parte do tempo).

Para essa tendência, estão sugeridas as ações de RH, conforme a seguir: identificar novas habilidades que permitam o trabalho remoto eficaz, incluindo maior destreza digital; adaptar os estilos de gerenciamento para atender às necessidades da equipe remota; criar novos “mapas de jornada do empregado” para o mundo remoto, fornecendo opções de trabalho flexíveis, repensando a experiência de uma força de trabalho remota / mista; perguntar-se se e como a avaliação e os objetivos dos empregados precisam mudar para configurações remotas; procurar novas habilidades, potencialmente em novos locais, atendendo às expectativas dos candidatos em relação às opções de trabalho remoto.

  1. Aumento no uso dos dados dos empregados: o trabalho remoto aumenta a coleta de dados passiva. Os protocolos de saúde e segurança podem exigir nova coleta explícita de dados. Em torno de 16% dos empregadores relatam coleta passiva de dados de funcionários, incluindo: registro virtual de entrada e saída; uso do computador / telefone; e-mail / comunicação interna / bate-papo; localização ou movimento.
  2. O empregador como rede de segurança social: o papel social dos empregadores cresceu, incluindo o salário mínimo acima do mercado, o aumento da licença parental e a pressão pela igualdade de gênero.
  3. Uso mais amplo de trabalhadores temporários: para reduzir custos e aumentar a equipe. 32% dos empregadores estão substituindo ETIs (Empregados em Tempo Integral, em inglês, Full Time Employees ou FTEs) por trabalhadores temporários como um esforço de economia de custos; 18% dos empregadores estão contratando trabalhadores temporários para preencher a escassez de mão de obra devido à doença.

As seguintes ações de RH são propostas: criar planos de desenvolvimento de trabalhadores temporários para “embarcar” (onboarding) e para elevar o nível das competências dos trabalhadores temporários; formalizar os processos e o gerenciamento de RH para modelos de emprego não tradicionais; projetar sistemas de gerenciamento de desempenho para avaliar os trabalhadores temporários e incluí-los nos processos de equipe; determinar se os trabalhadores temporários serão elegíveis para os mesmos benefícios (recompensas) que os colegas de período integral; estar atentos a uma possível cultura de “quem tem” e “quem não tem”.

Dentro do bloco Novos Impactos estão as seguintes tendências: as habilidades críticas não são mais sinônimos de papéis; alguns funcionários acham o trabalho mais humanizador na crise, outros acham “desumanizador” (entre a empatia e a produtividade, levanta-se a questão: o que é pedir demais aos funcionários?); a resposta à crise fará a distinção entre as melhores empresas para se trabalhar (organizações que demonstrem mais compromisso com seus empregados agora, durante a pandemia, serão vistas como melhores empregadores).

No último bloco Movimentos Pendulares, duas tendências foram identificadas, conforme a seguir: as organizações passam a priorizam a resiliência tanto quanto a eficiência; e a crise aumenta a complexidade organizacional, exigindo (forçando) design, cultura e proposição de valor.

Diante dessas tendências, os/as profissionais de RH podem analisar seu contexto e, atuando como parceiros estratégicos, contribuir para a sobrevivência de suas empresas.

 

(Tradução e compilação de Angela Vega, a partir de material do Gartner)

 

Referência:

https://www.gartner.com/en/human-resources/trends/future-of-work-trends-post-covid-19

 

Imagem de Free-Photos por Pixabay

 

Reflexões sobre a Longevidade

Reflexões sobre a Longevidade

Devido ao meu interesse no tema longevidade, escrevi um post em 2016 sobre o livro “The 100-Year Life – Living and Working in an Age of Longevity”, recém-lançado na época pelos Professores Lynda Gratton e Andrew Scott, da London Business School.

Os dados demográficos indicam que estamos frente a um panorama que torna bem concreta a questão da longevidade.

Um estudo do BNDES aponta que a parcela da população acima de 60 anos está crescendo em um ritmo mais acelerado do que qualquer outro grupo etário. Além disso, projeta-se que, em 2050, o percentual da população mundial acima de 60 anos ultrapasse o de jovens de até 14 anos. No Brasil, esta transição deve ocorrer ainda mais cedo, em 2030. Espera-se ainda que, entre 2015 e 2030, o grupo de idosos acima de 85 anos aumentará em um ritmo maior do que a população entre 0 e 60 anos.

E como vamos lidar com essas questões?

Em seu novo livro sobre o tema, “The New Long Life: A Framework for Flourishing in a Changing World”, lançado em maio de 2020, os autores afirmam que a combinação entre tecnologia e longevidade leva a muitas questões sobre a carreira, não fazendo mais sentido pensarmos a vida dividida em três fases: estudar, trabalhar e se aposentar.

Precisamos de novos pressupostos e os autores nos sugerem três ações fundamentais (“pedras-de-toque”, em inglês, touchstones):

  1. Narrar (Contar): navegar minha trajetória de vida. Criar uma narrativa, uma história, que confira significado à nossa vida e ajude na navegação pelas escolhas que fazemos, considerando que a longevidade aumenta a duração da vida e as rupturas tecnológicas criam transições mais frequentes. Na minha experiência, olhar para sua biografia com uma visão panorâmica (passado, presente e futuro) apropriando-se dela, “tomando a vida nas próprias mãos”, pode contribuir para o desenho dessa narrativa. A partir de uma questão no presente, podemos encontrar no passado sementes, insights, para novas possibilidades de carreiras futuras. Sugiro procurá-las no período de 14 a 21 anos, quando a tônica é “o mundo é verdadeiro” e o jovem entra em contato com seus ideais e tem um vislumbre do seu propósito (por volta dos 18 anos e meio).
  2. Explorar: aprendizado e transformação. Os seres humanos são propensos à exploração. Neurocientistas encontraram uma parte do cérebro que “acende” quando estamos envolvidos com novas informações ou tarefas desafiadoras. Descobriram ainda que essa estimulação cerebral é altamente motivante. Para lidar com as transições que serão cada vez mais, parte de nossa vida, precisaremos de curiosidade e coragem para aprender novas habilidades e experimentar novos comportamentos.
  3. Relacionar-se: conexão profunda. O estudo de Harvard que acompanhou a vida de 250 homens durante 70 anos, mostrou que o fator mais importante para a longevidade e envelhecimento saudável era o nível de satisfação com os relacionamentos. Os autores afirmam que nossos relacionamentos criam um senso de pertencimento e de apreciação. Quando somos amados e amamos outros, nos sentimos apreciados, felizes, cuidados e compreendidos.

E você? Como tem se preparado para a longevidade? Qual será sua próxima carreira?

 

Referências:

http://eduvir.com.br/novo/longevidade-um-conceito-uma-realidade-muitas-decisoes/

http://www.100yearlife.com/resources/

https://thenewlonglife.com/

https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/envelhecimento-transicao-demografica

What makes a good life? – Lessons from the longest study on happiness | Robert Waldinger: https://youtu.be/8KkKuTCFvzI

From emotionally crippled to a loving personality | George Vaillant | TEDxAmsterdam: https://youtu.be/-V316QHxoe4

The New Long Life. Andrew Scott and Lynda Gratton. Ed. Bloomsbury Publishing. 2020.

 

Imagem: Gerd Altmann por Pixabay

Necessidades e Comportamentos

Necessidades e Comportamentos

O isolamento social nos coloca à prova. Tanto vivenciamos como ouvimos falar dos conflitos que acontecem dentro das casas, entre membros da família ou não.

Casos de desavenças surgem entre vizinhos em condomínios, quanto às regras de convivência. A maioria de nós passou a deixar os sapatos do lado de fora da porta do apartamento para evitar contaminação. E passamos a ocupar espaços que são sociais… não tivemos chance nem tempo de negociar as “novas” regras e alguns se ressentem com isso.

Quero trazer algumas possibilidades de entendermos essa questão dos conflitos à luz da comunicação não-violenta (CNV).

“A CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de permanecermos humanos, mesmo em condições adversas.” (Marshall Rosenberg)

Essa abordagem, desenvolvida por Marshall Rosenberg, está baseada em quatro componentes: observação, sentimento, necessidades e pedido. Nesse post, vamos tratar principalmente dos 2 componentes centrais: sentimento e necessidades.

O convite que a CNV nos traz é para que assumamos a responsabilidade por nossos sentimentos, percebendo que, o que os outros dizem e fazem pode ser o gatilho, nunca a causa de nossos sentimentos. Segundo Marshall, nossos sentimentos estão diretamente relacionados às nossas necessidades.

Se nossas necessidades estão atendidas, nos sentimos alegres, exultantes, esperançosos, entusiasmados, curiosos, confiantes, gratificados, motivados…

No caso de nossas necessidades não estarem sendo atendidas, ficamos desconfortáveis, infelizes, irritados, chateados, aterrorizados, nervosos, rancorosos, tristes…

A partir de sua experiência, Marshall apresenta um conjunto de necessidades humanas básicas, ressaltando que estas são compartilhadas por todos os seres humanos, quais sejam:

Autonomia: escolher seus próprios sonhos, objetivos, valores e planos; escolher seu próprio plano para realizar esses sonhos, objetivos e valores

Celebração: celebrar a vida, elaborar as perdas (luto)

Integridade: autenticidade, autovalorização, criatividade, significado

Interdependência: aceitação, amor, apoio, apreciação, calor humano, compreensão, comunhão, confiança, encorajamento, consideração, honestidade, respeito, segurança emocional, empatia, proximidade

Lazer: diversão, riso

Comunhão espiritual: beleza, harmonia, inspiração, ordem, paz

Necessidades físicas: abrigo, água, alimento, ar, descanso, expressão sexual, movimento, exercício, proteção contra formas de vida ameaçadoras (vírus, bactérias, insetos, predadores), toque.

Analisando as necessidades físicas categorizadas por Marshall, pude observar que algumas delas talvez não estejam sendo satisfeitas de forma total, principalmente quando falamos de exercícios físicos; movimento (limitado pelo espaço que temos em nossas casas); descanso (com o home office, aparentemente, estamos trabalhando mais); toque (os abraços que não podemos dar) e a falta de proteção contra o vírus que nos ameaça.

Ao tomarmos consciência de que todos temos essas necessidades e de que elas não poderão ser satisfeitas da mesma forma como antes, podemos buscar outras estratégias para satisfazê-las. Podemos ainda reconhecer que nossos familiares e nossos vizinhos estão passando pela mesma situação.

Assim, poderemos ver surgir outros sentimentos que nos levarão a estar mais aliviados, compreensivos, criativos e esperançosos…

E você, quais necessidades passou a enxergar na sua vida?

 

Referência:

Livro Comunicação Não-violenta, Marshall B. Rosenberg, Ed. Ágora.

 

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

 

A Pandemia e o Paradigma

A Pandemia e o Paradigma

Depois de algumas longas semanas de isolamento social incluindo realização de home office (em português, teletrabalho), compartilho as reflexões que me surgiram.

No início do processo, sentia certa estranheza quando ouvia algumas pessoas usando a expressão “quando voltarmos ao normal”… e eu me perguntava o que era o normal e para qual normal estaríamos voltando. Agora, já se fala no “novo normal”. Talvez porque as mudanças pelas quais estamos passando já deixam marcas que impedem que seja possível retornar ao “velho normal”.

Lembro que, na década de 90, no boom da Gestão pela Qualidade Total, conheci a palavra “paradigma”. De origem grega, foi tomada emprestada de um livro do físico Thomas Khun, para representar um conjunto de referências que formam uma visão de mundo.

Na época, apresentava-se como exemplo de quebra de paradigmas o que havia acontecido na indústria de relógios. A Suíça dominava a tecnologia e era “dona” de uma grande fatia do mercado (market share). Os relógios suíços eram conhecidos como os melhores do mundo pela precisão, por meio de seus sofisticados mecanismos que exigiam grande qualificação para serem produzidos. Então, os japoneses desenvolveram o relógio digital, que apresentava a mesma precisão e mudaram a cara da indústria. Os relógios suíços continuaram sendo reconhecidos por sua qualidade, mas o market share mudou completamente. A produção em série de relógios digitais tornou o produto mais acessível, por conta da mudança tecnológica.

Ouvi, algumas vezes, a explicação de que, quando há uma mudança de paradigma, tudo começa do zero. Isto é, todas as referências, padrões etc. são como que “resetados”. ALT-CTRL-DEL!

Na minha percepção é o que a pandemia do COVID-19 vem causando: uma ruptura de paradigmas. Algumas indústrias que já possuíam inovações latentes e que eram rejeitadas pelo status quo (conservadorismo? medo?), tiveram que implantá-las para preservar sua sobrevivência. E o home office, questionado pelos adeptos do padrão “comando e controle” (ainda existente) e da crença de que a presença física é que traz a produtividade, está forçando os gestores a reverem seus modelos mentais.

Quantas sementes estavam sendo germinadas e estão florescendo… a Natureza, da qual o homem faz parte (precisamos lembrar disso!), está se regenerando…

Alguns serviços em que a presença física era exigida, precisaram se reinventar. Estou fazendo yoga de casa, conectada com a instrutora por um aplicativo. Mesmo a educação à distância das crianças (home schooling), com a presença justificada pela socialização, está vivendo um momento de adaptação. Que tipo de socialização será necessária nos novos tempos? É possível empatia à distância?

Minha mãe com seus 84 anos precisou aprender a fazer e receber chamadas por vídeo pelo celular. Foi o meio que encontramos para nos aproximarmos nessa fase. A voz cumpre seu papel, mas já dizem os chineses que uma imagem vale mais do que mil palavras.

E o que esses tempos pedem de nós? Tomar consciência de nossos valores, das nossas crenças, principalmente daquelas que nos bloqueiam de sermos nossa melhor versão e de estarmos abertos e conectados ao momento presente.

E o normal? Ou melhor, o novo normal? O mundo como o conhecemos, antes de fevereiro de 2020, não existe mais…

Acredito que, a partir do que temos dentro de cada um, juntos vamos descobrir como dar conta dos desafios que estão colocados e dos que surgirão, atentos aos sinais que vêm de todos os lados. O futuro está em nossas mãos, nossos sentimentos e nossos pensamentos.

Aproveitemos o tempo do isolamento social para aprender sobre nós, sobre as relações e sobre o mundo, tornando-nos cada vez mais, observadores de nós mesmos… como o poeta Milton Nascimento já dizia, “eu, caçador de mim”…

E você, o que tem descoberto nesses tempos de isolamento social?

 

Referência:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma

 

Imagem:

Mystic Art Design para Pixabay

GAIA: uma possibilidade para encarar esses tempos

GAIA: uma possibilidade para encarar esses tempos

Estamos todos buscando nos adaptar ao novo estado de coisas: saúde física (limpeza das mãos, dos objetos etc), saúde mental (meditação, contato virtual com a família e amigos), produtividade (aprendendo a lidar com o home office). Tudo ao mesmo tempo. Haja controle de estresse para lidar com tantas mudanças.

No meio disso tudo, surge o convite-chamado para a Jornada GAIA (Global Activation of Intention and Action, em português, Ativação Global de Intenção e Ação). Na mitologia grega, Gaia era a personificação da Terra, uma das divindades primordiais.

Essa iniciativa surgiu no Presencing Institute, liderada por Otto Scharmer, mais conhecido pelo desenvolvimento da Teoria U em sua tese de pós-doutorado. E, as bases que levaram Otto Scharmer e seus colegas a proporem a Jornada podem ser encontradas no artigo (link a seguir), com tradução disponível em português:

https://medium.com/presencing-institute-blog/eight-emerging-lessons-from-coronavirus-to-climate-action-683c39c10e8b

Segundo os autores é chegada a hora de fazer uma pausa, perceber, conectar e, portanto, agir em conjunto. Podemos escolher entre 2 posicionamentos: a curva do Ausenciamento (estar ausente + preso ao passado) ou a curva do Presencing (estar presente + conectado ao que deseja emergir).

Na curva do Presencing, representada pela letra U em formato aberto para cima, atuamos com 3 perspectivas: mente aberta (suspendendo o julgamento), coração aberto (renunciando ao cinismo) e vontade aberta (libertando-nos do medo). As três qualidades que nos levam nessa direção de abertura são as seguintes: curiosidade (na mente), compaixão (no coração) e a coragem (na vontade).

Se estivermos no modo Ausenciamento (em inglês, Absencing), a letra U em formato invertido, atuaremos no sentido do fechamento: mente fechada (ignorância), coração fechado (ódio) e vontade fechada (medo).

Podemos sempre escolher em que modo queremos viver. E para acompanhar essa escolha, Otto nos propõe 3 perguntas para um journaling (processo de reflexão usando caneta/lápis para escrever as respostas em papel):

  1. O que eu estou sendo chamado(a) a deixar ir (let go)?
  2. O que estou percebendo sobre meu estado interior?
  3. O que está começando a emergir agora?

Desafios complexos nos pedem outras formas de ação, em conjunto.

Para quem se interessar em embarcar na Jornada Gaia, ainda acontecerão alguns encontros online (gratuitos) ao longo das próximas semanas e os tickets podem ser reservados no link a seguir:

https://www.eventbrite.com/e/gaia-global-activation-of-intention-and-action-tickets-100263747568

 

Fontes:

https://www.presencing.org/gaia

https://medium.com/presencing-institute-blog/eight-emerging-lessons-from-coronavirus-to-climate-action-683c39c10e8b

http://book.ottoscharmer.com/

Liderar a partir do futuro que emerge. Otto Scharmer e Katrin Kaufer. Ed. Campus.

 

Por que usar um roteiro?

Por que usar um roteiro?

Na semana passada, tive a oportunidade de participar de um curso de Oratória, visando melhorar a qualidade das palestras que ministro. Um dos pontos enfatizados foi o uso do roteiro como orientação no processo de preparação de uma palestra.

A tarefa proposta incluía apresentar uma palestra com 1 minuto de duração, quase um elevator pitch ou elevator speech (ou, em português, discurso de elevador), já que esses costumam ter em torno de 30 segundos. E o que é um “discurso de elevador”? O tempo entre uma parada e outra do elevador, em que a pessoa tem a possibilidade de se apresentar ou de apresentar uma ideia a alguém que pode ajudar a concretizá-la. O objetivo é envolver a pessoa que ouve para que seja conseguida uma segunda conversa. As startups também usam essa prática.

Na minha experiência, ao preparar a palestra de 1 minuto, foi marcante a diferença entre ter e não ter o roteiro. Eu estava acostumada a fazer palestras sem necessariamente ter um roteiro. Preparava os slides e usava principalmente a inspiração e a improvisação ao apresentá-los. Observei que, na ausência do roteiro, o controle do tempo fica difícil e não necessariamente conseguimos passar toda a mensagem desejada. Quanto menor o tempo disponível, maior a necessidade do roteiro para esquematizar os assuntos e as falas. Alguém pode perguntar se não ficamos “engessados” com essa prática. Lembro da frase do poeta Renato Russo que afirma que disciplina é liberdade. Se formos disciplinados, usando o roteiro; estaremos livres para desenvolver o conteúdo e conseguir o resultado esperado.

A existência de um roteiro por escrito permite que as adaptações sejam feitas de forma mais fluida, por tornar possível uma visão do conjunto do discurso/palestra. Além disso, é possível avaliar se a mensagem está adequada ao seu receptor e se pode ser racionalizada, demonstrando respeito ao tempo do ouvinte.

Podemos extrapolar essa vivência em relação ao roteiro, para reforçar a importância do planejamento. Quanto mais curto é o tempo para realizar algo, mais necessária será a definição e a programação das atividades para que possamos ser bem-sucedidos.

 

E você? Já usou ou costuma usar roteiros ao preparar suas apresentações?

 

Imagem de Holger Schué por Pixabay