A Transição na Mudança

A Transição na Mudança

A mudança está sempre presente na nossa vida. O que nem sempre nos damos conta é da transição que a acompanha.

Segundo William Bridges, mudanças são eventos e situações, externos. Já as transições dizem respeito ao processo interno com o qual lidamos com as mudanças. Esse aspecto psicológico está relacionado às emoções e podemos nos deparar com o medo, a dúvida, a angústia, a incerteza. O que nos assusta não é a mudança em si, mas o que ela representa quando acontece.

No momento da transição, a vulnerabilidade está presente, como quando estamos no centro da travessia de um túnel ou de uma passarela. Não temos mais a segurança de onde saímos e ainda não alcançamos a segurança do outro lado.

Podemos considerar a transição como a passagem por um portal e para isso, precisamos estar abertos a entrar em contato com nossos sentimentos e refletir sobre o que aquela mudança está nos trazendo como desafio ou como oportunidade. Deixar ir para deixar vir.

Marshall Rosenberg, idealizador da Comunicação não violenta, afirmava que existe uma conexão entre nossos sentimentos e as necessidades que possuímos.

Por isso, na transição, quando muitos sentimentos surgem, é importante estarmos atentos(as) às nossas necessidades para que possamos identificá-las e passar pelas mudanças de forma suave e plena.

E você, como tem vivido suas transições?

 

Imagem: gastoninaui para Pixabay

 

 

Jornada Biográfica: autoconhecimento

Jornada Biográfica: autoconhecimento

“A biografia é uma sinfonia que cada indivíduo compõe.”

                                                                 (Bernard Lievegoed)

Vários caminhos podem nos levar ao autoconhecimento e um deles é o aprofundamento em nossa biografia, conhecendo seus ciclos, seus ritmos e suas curvas de desenvolvimento. A partir deles, olhar para si e identificar os fatos e sentimentos que aconteceram nas várias fases da sua vida.

Esse conhecimento estruturado das leis biográficas e suas correlações foi sistematizado e desenhado por Rudolf Steiner, filósofo e pensador austríaco, que viveu de 1861 a 1925. A visão da vida em ciclos de sete anos (setênios) trazida por Steiner em suas palestras já estava presente na Grécia Antiga quando Sólon, legislador, estadista e poeta grego, em aproximadamente 550 a.C., escreveu o seguinte poema:

“Quando, no sétimo ano de vida, o menino se desfaz do primeiro ciclo dentário, ele é ainda bem imaturo, mal tem o domínio da fala.

Se, no entanto, Deus o aperfeiçoar por mais sete anos, já aparecerão sinais de que agora a juventude está amadurecendo.

Brota-lhe a barba no terceiro setênio, e a pele a desabrochar acentua seu matiz; seu corpo estica-se cheio de força.

Porém a força do homem desenvolve-se ao máximo somente agora, no quarto setênio. O homem realiza façanhas.

No quinto setênio o homem procura casar-se, para que no futuro cresça uma geração próspera.

Depois, no sexto, a atitude moral do homem amadurece e se fortalece; futuramente, ele não quererá mais ocupar-se com obra fútil.

Por catorze anos, no sétimo e no oitavo setênios, prosperam sua fala e seu espírito com abundância e força.

No nono também ainda floresce alguma coisa, mas da altura da coragem varonil emana dele a sabedoria e a palavra.

Se Deus, porém, completar o fim do décimo setênio, a morte lhe ocorrerá num tempo bem propício.”

Bernard Lievegoed (1905 – 1992), médico e psiquiatra, holandês, estudou várias abordagens que tratavam de entender a vida humana, classificando-a por fases ou ciclos. Com base na visão antroposófica (Antroposofia, sabedoria do homem), Lievegoed sistematizou e organizou as fases da vida em setênios. Essa visão começa no nascimento e vai até os 63 anos, o que não quer dizer que a vida acabe nessa idade. Considera-se que aos 63 temos a liberdade de fazer uma doação para o mundo por estarmos livres do aprendizado previsto para a fase de 0 a 63 anos.

Podemos visualizar 3 grandes ciclos: 0 a 21 anos; 21 a 42 anos e 42 a 63 anos. Como já dizia a sabedoria chinesa: trinta anos para aprender; trinta anos para lutar e trinta anos para tornar-se sábio. Outra imagem que podemos usar para entender esses ciclos é a das estações do ano: primavera (0 a 21 anos); verão (21 a 42 anos); outono (42 a 63 anos) e inverno (63 anos em diante). Cada fase tem sua tônica específica. No ciclo de 0 a 21 anos, estamos na fase da educação receptiva em que aprendemos na escola, na família e na sociedade. Somos como esponjas. Na fase seguinte, 21 a 42 anos, somos responsáveis por buscar nossas fontes de educação para que possamos trabalhar nosso autodesenvolvimento na fase seguinte dos 42 aos 63 anos, em busca de nos tornarmos sábios.

E você, como viveu essas fases na sua vida?

 

Referências:

Fases da Vida – Crises e Desenvolvimento da Individualidade. Bernard Lievegoed. Ed. Antroposófica.

Livres na Terceira Idade! – Leis Biográficas Após os 63 Anos. Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.

Harmonia e Saúde – A Biografia Humana. Gudrun Burkhard. Ed. Antroposófica.

Imagem: Jonny Lindner / Pixabay

Autodesenvolvimento: por onde começar

Autodesenvolvimento: por onde começar

Marshall Goldsmith, coach executivo e autor de diversos livros, propõe 8 ações que, na sua experiência, são indicadas para o desenvolvimento das lideranças. Considero que elas podem perfeitamente ser consideradas orientações ou recomendações para vivermos uma vida melhor e trabalharmos nossos comportamentos.

As ações são as seguintes: perguntar, ouvir, pensar, agradecer, responder, envolver, mudar e acompanhar (fazer follow up).

Começamos a jornada de desenvolvimento perguntando a outras pessoas como podemos melhorar. Escolha pessoas que se importem com você e queiram seu bem, como um@ amig@, parceir@, colega de trabalho. Nessa etapa, afirmamos nossa disposição de mudar, ao mesmo tempo em que assumimos, com humildade, que precisamos dessa interação com o outro.

Ouvir as respostas com abertura é o próximo passo, para que o outro possa nos trazer insumos sobre nosso comportamento.

No momento seguinte, precisamos processar o que foi dito, pensando e fazendo conexões sobre como incorporar os comentários em nosso processo de mudança. Lembrando de agradecer a quem nos ofereceu seu tempo e disposição para contribuir conosco; e de responder, reagindo positivamente sobre os comentários que estão sendo recebidos.

Nas mudanças de comportamento, é importante envolver as pessoas ao nosso redor para nos ajudar a manter o rumo e persistir no processo. Quando falamos sobre as mudanças pretendidas criamos um compromisso maior do que quando as mantemos somente no nosso pensamento. E, para mudar, precisamos nos exercitar diariamente, repetindo os comportamentos até que eles estejam incorporados à nossa forma de agir.

Para completar o conjunto das ações, está o acompanhamento com as partes interessadas, o que poderá nos oferecer insights sobre o que está sendo observado em nosso comportamento. E poderemos fazer os ajustes necessários, para seguirmos na jornada da mudança.

E você, o que já aplicou ou está aplicando desses passos para o autodesenvolvimento?

 

Referências:

http://www.marshallgoldsmith.com/

https://www.inc.com/marshall-goldsmith/contact-sport-overview.html

 

Imagem: silviarita / Pixabay

 

 

Decidir, não decidir ou quando decidir: eis a questão

Decidir, não decidir ou quando decidir: eis a questão

“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” – Cora Coralina

Preparando o material para um workshop sobre tomada de decisão, fiquei pensando nas decisões que tomamos ou não, ao longo de um dia ou ao longo da nossa vida. O verbo decidir vem do latim, decidere, que quer dizer determinar, definir; formado por DE-, “fora” + CAEDERE, “cortar”. A decisão implica em “cortar fora” algumas possibilidades.

A decisão define o que virá em seguida. Podemos dizer que é como um portal. Mesmo quando não decidimos, uma decisão será tomada e talvez alguém decida por nós. Certamente já ouvimos esse argumento em tempos de eleição.

Quanto à mudança de hábitos, já li que é melhor tomar as decisões antes para evitar que, em um momento não tão propício, sejamos levadas a tomar a decisão errada.

Gretchen Rubin, autora do livro “Melhor do que antes”, que trata da formação de hábitos, descreve uma estratégia chamada Abstenção. É mais adequado que você decida, por antecipado, que vai deixar de comer doces ou deixar de beber vinho etc. antes de estar frente a frente com o fato. Na hora do almoço, durante a semana, será muito mais fácil dizer ao garçom “só como sobremesa no final de semana” do que ter que pensar, na hora, se aceita ou não a oferta, e estar sujeita a ouvir argumentos dos colegas, ponderando que “é só um docinho”… e ficar tentada a interromper a dieta.

Quanto mais decisões tomarmos antes, mais conseguiremos reforçar nossos hábitos.

Ouvi Tony Robbins dizer que é mais fácil fazer jejum do que dieta. Faz sentido. Nos dias ou períodos de jejum, só é permitido beber água ou líquidos sem açúcar. Já na dieta… Se for a de pontos, temos que decidir as combinações; se for uma dieta com restrições, precisamos lembrar tudo o que podemos ou não comer… E essa energia usada para cada tomada de decisão, consome nossa força de vontade. Ao final da tarde ou da noite, acabamos cedendo…

Da mesma forma, uma mudança em qualquer aspecto da nossa vida, começa com esse pequeno passo que envolve uma decisão… Enquanto não decidirmos, nada de novo acontecerá.

Minha última “grande” decisão foi iniciar uma pós-graduação em Filosofia e Autoconhecimento, inspirada pela frase “daqui a um ano, você vai desejar ter começado hoje”, atribuída a Karen Lumb.

E você, como anda seu poder de decisão?

 

Referência:

Melhor do que antes: o que aprendi sobre criar e abandonar hábitos. Gretchen Rubin. Ed. Fontanar, 2015.

Se quiser ler um post sobre o livro citado:

http://eduvir.com.br/novo/novos-habitos-ou-velhos-habitos/

 

Imagem: Arek Socha / Pixabay

Um Mar de Emoções

Um Mar de Emoções

Você já reparou quantas emoções vivemos no nosso dia a dia? Você sai de casa e encontra seu vizinho. Se você se dá bem com ele, pode ficar alegre com o encontro. Se você discutiu com esse vizinho na última reunião do Condomínio, pode ficar incomodada ou irritada com a presença dele no elevador. Ouve uma música e fica alegre. Ouve uma notícia e fica raivoso.

A caminho do trabalho, no trânsito, sua passagem é obstruída ou, na condução (ônibus, metrô, BRT…), alguém te empurra na hora de entrar no transporte… E as emoções vão surgindo…

Marshall Rosemberg nos lembra que precisamos assumir a responsabilidade por nossos sentimentos, percebendo que o que os outros dizem ou fazem pode ser um estímulo (um gatilho) mas nunca a causa dos nossos sentimentos. Basta reparar que, frente a um mesmo evento, podemos observar pessoas diferentes manifestarem diferentes reações.

Assumir a responsabilidade pelos nossos sentimentos pode nos tranquilizar ao trazer de volta o poder da escolha: eu me sinto assim porque eu… Ao mesmo tempo, exime os outros de nossas reclamações e cobranças. Porque precisamos nos ocupar conosco e não com eles.

Foi uma descoberta conhecer o Atlas das Emoções, desenvolvido por Paul Ekman (consultor para o filme Divertidamente, que recomendo) a pedido do Dalai Lama.

www.atlasofemotions.com

Apesar de ainda não estar traduzido para o português, as versões existentes (espanhol, inglês, italiano e alemão) podem nos trazem uma perspectiva do desenrolar das nossas emoções em diferentes situações, aumentando o nosso entendimento. Explorando o Atlas, podemos ainda, ampliar o repertório de palavras que usamos para dar nome ao que sentimos.

Bons mergulhos nesse mar!

 

Comunicação Não violenta. Marshall Rosemberg. Ed. Ágora

Imagem: Dimitris Vetsikas por Pixabay

 

Considerações sobre o Ouvir

Considerações sobre o Ouvir

O ato de ouvir pode ser revolucionário. Ampliar o que ouvimos de outras pessoas aumenta nossos conhecimentos, pode nos proporcionar pensamentos inovadores, além de melhorar nossos relacionamentos. Ouvir é a base do diálogo.

Segundo Nancy Kline, existem 2 mundos do pensar. No primeiro, o Mundo da Troca, ouvimos para responder. O outro começa a falar e imediatamente nós estamos pensando na resposta, para quando chegar a nossa vez. Nesse caso, ouvimos parcialmente o que o outro está dizendo e ainda atrapalhamos seu pensamento por não dar a ele a atenção necessária. No outro mundo, o Mundo do Pensador Independente, ouvimos o outro para “acender” ou “impulsionar” seu pensamento. Completamente concentrados no que está sendo dito, e com a confiança de que, quando chegar a nossa vez, teremos a atenção necessária para elaborar nossos próprios pensamentos.

Como não estamos acostumados a esse outro Mundo, faz-se necessário exercitar. Suspender o julgamento (que é automático). Acompanhar o outro em seus pensamentos. Evitar interrupções para deixar fluir as ideias do outro. E aguardar a nossa vez para que o outro também possa exercitar o ouvir dele.

Experimente e perceba os resultados. Depois me conte!

Nancy Kline – www.timetothink.com

Imagem: Imagem de Andrew Martin por Pixabay